Não há quem não tenha pelo menos ouvido falar em Vinte Mil Léguas Submarinas, Viagem ao Centro da Terra ou A Volta ao Mundo em 80 dias. Os livros de Júlio de Verne ainda permeiam séculos depois, graças ao didatismo com fantasia e aventura que ao mesmo tempo educam e alimentam a imaginação.
“Meu objetivo tem sido representar a Terra, e não apenas a Terra, mas o Universo. E eu tentei ao mesmo tempo realizar um ideal muito alto de beleza de estilo”, em suas próprias palavras.
Todos os livros e contos que escreveu ao longo da vida foram reunidos na série Voyages Extraordinaires, uma sequência de 54 romances publicados de 1863 até 1905, ano de sua morte.
A proposta da coleção era “delinear todo o conhecimento geográfico, geológico, físico e astronômico acumulado pela ciência moderna e recontar, em um formato divertido e pitoresco… a história do Universo”, segundo o editor de Verne, Pierre-Jules Hetzel.
Verne e seu editor encomendaram ao todo 4.000 ilustrações de 8 artistas para a série, que inclui nomes como Edouard Riou, Alphonse de Nouville, Emile-Antoine Bayard e Léon Bennet – artistas populares na França no final do século XIX.
Todas as artes foram disponibilizadas em um site com galeria que as separam de acordo com cada obra. Lá, você também pode aprender mais sobre a biografia de Verne e sobre as ilustrações.
Até hoje, “as reimpressões francesas mais modernas das Voyages Extraordinaires continuam apresentando suas ilustrações originais – recapturando a ‘sensação’ do ambiente sócio-histórico de Verne e evocando aquela sensação de exotismo distante e admiração futurista que os leitores originais uma vez experimentaram com esses textos. E, no entanto, até hoje, a maior parte das críticas vernianas praticamente ignorou o papel crucial desempenhado por essas ilustrações na obra de Verne”, diz o professor de Línguas Modernas Arthur B. Evans, idealizador da galeria.
O professor identifica 4 tipos distintos de ilustrações em Voyages Extraordinaires:
1 “representações dos protagonistas das histórias, por exemplo, retratos como o de Impery Barbicane em Da Terra à Lua”.
2 ‘”vistas panorâmicas e em forma de cartão postal dos locais exóticos, paisagens incomuns e flora e fauna que os heróis encontram durante sua jornada, como a de Vinte Mil Léguas Submarinas, representado mergulhadores andando no fundo do oceano”.
3 “ilustrações documentais, como o mapa das regiões polares (desenhado à mão pelo próprio Verne) para seu romance de 1864, O Capitão Hatteras”.
4 “portais de um momento específico de ação da narrativa – por exemplo, aquele da Viagem ao Centro da Terra onde o professor Lindebrock, Axel e Hans são subitamente pegos por uma tempestade de raios em um oceano subterrâneo”.
Confira as ilustrações narrativamente e cientificamente fiéis aos romances e contos neste link. Basta selecionar o título e conferir as artes, sendo que há, em média, 60 delas por livro e uma para cada 6 ou 8 páginas de textos.
Embora o século 21 tenha trazido conhecimentos científicos muito mais abrangentes do que na época de Verne, qual outro autor conseguiu unir ciência, aventura e ficção em uma linguagem atemporal que ainda ensina e diverte tantos jovens e adultos até hoje?
Veja alguns exemplos do que você encontra lá no site.
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