Houve um tempo em que o Universo Cinematográfico Marvel parecia uma máquina imbatível. De Homem de Ferro a Vingadores: Ultimato, cada lançamento era um sucesso, com um tom e estrutura que pareciam frescos e coesos. Mas depois do auge da Saga do Infinito, algo mudou.
De repente, a Marvel estava em todo lugar. Novas séries surgiam no Disney+ quase a cada mês. Algumas, como WandaVision e Loki, conquistaram o público. Outras, como Invasão Secreta e She-Hulk: Defensora de Heróis, foram recebidas com críticas mornoas. Até produções bem-feitas, como Ms. Marvel, se perderam no meio do cansaço do público.
O que aconteceu? Por que Kevin Feige, o cérebro por trás do MCU, aprovou tantos projetos que pareciam desnecessários ou mal executados?
Segundo um recente relatório do Wall Street Journal, a resposta está em três palavras do CEO da Disney, Bob Iger: “Expansão, expansão, expansão”.
Esse foi o mandato pós-Ultimato, impulsionado pela corrida da Disney pelo domínio do streaming. Feige, que há 15 anos lidera o MCU, não resistiu à pressão corporativa. Pelo contrário: alinhou-se à estratégia, querendo ser, nas palavras do relatório, um “bom soldado da empresa”.
Mas essa lealdade teve um preço. O próprio Feige admitiu que assistir a tantos filmes e séries da Marvel começou a parecer “dever de casa” em vez de entretenimento.
O resultado foi um excesso de conteúdo que sobrecarregou o público e complicou demais o universo compartilhado. Invasão Secreta foi massacrada pela crítica. She-Hulk teve seus fãs, mas muitos acharam a produção apressada e irregular. E mesmo quando a qualidade estava lá, como em Ms. Marvel, a audiência não acompanhou – simplesmente porque já havia “Marvel demais” na época.
Isso levou a um problema ainda maior: a fragmentação. Personagens introduzidos nas séries do Disney+ (como Kamala Khan, de Ms. Marvel) apareceram depois nos cinemas, em As Marvels, mas boa parte do público não conhecia suas histórias. Os filmes tiveram que parar para explicar contextos, prejudicando o ritmo e gerando confusão. Não à toa, As Marvels foi um fracasso de bilheteria – muitos espectadores simplesmente não sabiam quem era a protagonista.
Claro, é fácil culpar a Disney pela queda de qualidade. Mas o problema vai além.
A fórmula que funcionou tão bem na Saga do Infinito – com seu humor característico, estrutura previsível e equilíbrio entre ação e emoção – começou a parecer repetitiva. Todos os filmes e séries soam iguais. Todos os personagens fazem piadas do mesmo jeito. Há uma uniformidade cansativa, independente do tamanho da história.
A boa notícia? A Marvel parece estar recuando. O estúdio reduziu seu calendário de lançamentos. Em 2025, poucos filmes estão previstos – incluindo Thunderbolts, que, aliás, surpreendeu positivamente. A produção arriscou mais, investiu em desenvolvimento de personagens e fugiu um pouco da fórmula tradicional. E foi exatamente por isso que funcionou.
Se a Marvel quer reconquistar seu público, não basta fazer menos. Precisa fazer melhor. O recomeço está a caminho. Resta torcer para que a evolução venha junto.
Veja mais sobre séries e TV!