O governo mexicano entrou com uma ação judicial contra o Google depois que a plataforma alterou o nome do “Golfo do México” para “Golfo da América” para usuários nos Estados Unidos. A mudança veio após uma ordem executiva assinada pelo ex-presidente Donald Trump em janeiro de 2025, determinando que agências federais adotassem a nova nomenclatura.
A decisão gerou protestos diplomáticos. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, criticou a alteração, afirmando que ela distorce um território marítimo compartilhado e desrespeita convenções geográficas internacionais. O governo mexicano argumenta que, se a medida fosse aplicada apenas às águas territoriais dos EUA, não haveria problema – mas rebatizar todo o golfo, que também pertence a México e Cuba, é um ato de desrespeito à soberania nacional.
Dados da Sovereign Limits mostram que o México controla 49% do golfo, os EUA 46% e Cuba 5%. Sheinbaum alega que chamar toda a região de “Golfo da América” ignora essa divisão e impõe uma visão unilateral.
O Ministério das Relações Exteriores do México já havia pedido ao Google que mantivesse o nome tradicional, mas a empresa manteve sua política de seguir as designações oficiais de cada governo. Atualmente, o Google Maps exibe “Golfo da América” para usuários nos EUA, “Golfo do México” no México e uma versão híbrida (“Golfo do México [Golfo da América]”) para o resto do mundo.
A polêmica ganhou força quando a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou a Lei do Golfo da América, tornando a mudança oficial no país. Defensores dizem que o novo nome reforça a identidade nacional, enquanto críticos, como Sheinbaum, acusam a medida de reescrever a geografia por motivos políticos.
O caso também afetou a imprensa: a administração Trump teria barrado jornalistas da Associated Press de eventos na Casa Branca após a agência se recusar a adotar o novo nome. Um juiz federal, no entanto, ordenou o fim da restrição, considerando-a uma violação à liberdade de imprensa.
O processo do México contra o Google expõe um debate cada vez mais relevante: até que ponto empresas de tecnologia devem seguir determinações políticas, mesmo quando elas conflitam com padrões internacionais? Enquanto a Justiça não se pronunciar, o golfo segue com dois nomes, e uma briga geopolítica que vai muito além do mapa.
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