Uma simples bola de golfe talvez não pareça grande coisa quando se pensa em alta tecnologia. Mas foi justamente esse objeto pequeno e cheio de reentrâncias que inspirou engenheiros da Universidade de Michigan a criar um robô subaquático promissor.
O protótipo, do tamanho de uma bola de futebol, é esférico e possui uma superfície capaz de mudar rapidamente entre lisa e enrugada, como uma bola de golfe. Essa característica permite que ele se mova pela água com agilidade impressionante, abrindo caminho para novas formas de explorar oceanos, e até os céus.

As bolinhas de golfe viajam longe por causa de seus famosos “dimples”, os furinhos que reduzem o atrito com o ar ao criar uma camada de ar em turbilhão ao redor da bola.
A professora Anchal Sareen, especialista em engenharia naval e marinha, teve a sacada de aplicar o mesmo princípio à água. O resultado é um robô com uma “pele inteligente” que muda de textura em tempo real, garantindo controle preciso e eficiência durante o movimento. Em vez de parecer um submarino rígido, ele se comporta mais como um peixe.
“Me surpreendi que algo tão simples pudesse gerar resultados comparáveis ao efeito Magnus, que exige rotação contínua,” contou Putu Brahmanda Sudarsana, aluno de pós-graduação que participou do projeto.

Para testar o conceito, a equipe usou um túnel de vento simulando o fluxo da água e observou um modelo impresso em 3D em ação.
Os resultados, publicados nas revistas Flow e Physics of Fluids, mostraram que o robô consegue driblar a resistência da água e se mover com suavidade ao gerar forças de sustentação assimétricas, um efeito semelhante ao de uma bola de beisebol que faz curva.
A versatilidade do design é um dos maiores trunfos. Embaixo d’água, o robô pode se enfiar em espaços estreitos como naufrágios ou recifes de corais, onde equipamentos maiores teriam dificuldade.

E fora d’água, pode até inspirar drones com movimentos mais ágeis e precisos. “Essa tecnologia de pele dinâmica pode revolucionar veículos aéreos e subaquáticos não tripulados, oferecendo uma alternativa leve, eficiente e altamente responsiva aos controles convencionais com dobradiças,” explica Sareen.
Sem partes móveis expostas, o robô também está menos sujeito a enroscar ou quebrar.
Além de tudo, ele é eficiente no consumo de energia. Como corta a resistência da água com facilidade, precisa de menos energia para se mover, o que significa que pode percorrer distâncias maiores ou trabalhar por mais tempo, algo útil em missões de mapeamento do fundo do mar ou inspeção de tubulações subaquáticas.
Embora ainda não tenha sido testado em ambientes reais, e apesar dos desafios em desenvolver uma “pele” que seja ao mesmo tempo resistente e responsiva, o robô-bola de golfe já promete bastante.
Se tudo der certo, não deve demorar para ele estar deslizando com precisão por mares, ou voando com agilidade pelo céu.
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