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Vídeos falsos do julgamento de Diddy criados por IA viralizam no YouTube, somando milhões de visualizações

Ao pesquisar por “julgamento de Diddy” no YouTube, é fácil se deparar com vídeos que parecem reais à primeira vista, mas que na verdade são completamente fabricados. Nos últimos meses, a plataforma virou terreno fértil para produções sensacionalistas feitas por inteligência artificial, que inventam conexões de celebridades com as polêmicas jurídicas envolvendo Sean “Diddy” Combs.

Esses conteúdos, que se passam por coberturas de tribunais, já acumularam quase 70 milhões de visualizações em cerca de 900 vídeos publicados, segundo uma investigação publicada pelo The Guardian. As produções geralmente aparecem em canais anônimos e misturam áudios criados por IA, falas falsas e miniaturas produzidas artificialmente para convencer o público de que celebridades como Justin Bieber, Brad Pitt e Will Smith teriam dado depoimentos bombásticos que nunca aconteceram.

Esse tipo de vídeo, apelidado de “Diddy slop”, aproveita as brechas do algoritmo do YouTube para viralizar. As estratégias são repetidas e enganosas: capas com famosos em tribunais e títulos chamativos como “Justin Bieber revela segredos de Will Smith e Diddy” atraem quem navega pela plataforma. O conteúdo interno costuma reunir roteiros e vozes gerados por IA, intercalados com trechos de notícias reais e imagens de tribunais, tudo para dar uma aparência de veracidade. Ferramentas como ChatGPT, Midjourney e ElevenLabs são frequentemente utilizadas para tornar os vídeos mais convincentes, mesmo sendo puro fruto da imaginação.

Alguns canais cresceram rapidamente ao adotar esse formato. Um exemplo é o “Peeper”, criado em 2010, que passou a focar em vídeos sobre Diddy e acumulou mais de 74 milhões de visualizações. Um dos vídeos chegou a 2,3 milhões de acessos ao alegar, falsamente, que Bieber teria feito acusações graves contra outras celebridades. Depois dessa repercussão, o YouTube desativou a monetização do canal. Outros canais semelhantes, como Pak Gov Update e Celeb Buzz, também foram suspensos ou perderam acesso aos lucros, normalmente após atingirem grande audiência.

Apesar de o YouTube ter regras contra falsificações e desinformação, a aplicação dessas políticas nem sempre é eficaz. Os mecanismos de moderação costumam ser mais lentos do que a publicação de novas fraudes por IA. Mesmo com milhares de vídeos com alegações duvidosas, apenas 16 canais foram removidos até agora. Assim, muitos conteúdos permanecem ativos e monetizados tempo suficiente para gerar grandes ganhos. Um criador entrevistado chegou a afirmar que criar um canal sobre Diddy seria a segunda maneira mais rápida de ganhar 50 mil dólares, perdendo apenas para o tráfico de drogas.

Com as ferramentas de IA produzindo polêmicas cada vez mais rápido do que as políticas conseguem responder, a discussão não é apenas se o público está sendo enganado, mas se as plataformas estão prontas para impedir que as pessoas assistam a esse tipo de conteúdo.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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