Ainda que, em termos de narrativa, A Casa do Dragão continue trazendo uma história muito bem amarrada e construída – com pontos relevantes e que deem impulso aos personagens – há algum tempo tenho reparado em um padrão que a produção esteve tomando: menos ação, mais diálogos e contexto.

Vamos ser honestos aqui, isso é muito importante e tem seu próprio peso dentro do arco geral. No entanto, confesso que o ritmo tem se tornado um tanto cansativo – vendo apenas paredes velhas de castelos, ambientes escuros e desgraça psicológica. Anda faltando tempero nesta temporada, que só teve seu ápice com o combate que nos tirou a princesa Rhaenys da série.

Sem ação em A Casa do Dragão

Não vou levantar aqui que o conteúdo é ruim, porque estaria mentindo. A Casa do Dragão trouxe mais um episódio interessante e repleto de camadas – tão bacanas que seria até um pecado reclamar sobre. Citando alguns, a revolta popular foi um aspecto que foi extremamente bem construído e mereceu o grande destaque que teve durante o capítulo. A chegada dos possíveis candidatos a “montadores de dragão” também me chamou a atenção – principalmente as reações.

Meu ponto nesta questão toda é que temos muito tempo de políticas e discussões do que da própria guerra que está sendo travada. Quer um exemplo? Nesta segunda temporada você viu mais a sala do conselho dos “verdes” do que qualquer dragão. Não que necessite de conflitos a todo momento, mas a primeira também teve a ausência de embates mais diretos e “ação” propriamente falando.

Chame de “estilo” ou diga que A Casa do Dragão segue os mesmos moldes de Game of Thrones. Independentemente disso, temos aqui uma história de guerra, que está construindo isso lentamente através de duas temporadas. Na primeira focou na família Targaryen crescendo e se separando. A segunda, mostra o temor de dar o “primeiro passo”. E enquanto isso, o público fica ali…sem ter um ritmo em mãos.

Rhaenyra mal sai de Pedra do Dragão e é notável que está mais descontente do que eu da falta de “fogo e sangue”. Jacaerys deu ideias interessantes e está se movimentando, mas pouco diga-se de passagem. Daemon está fazendo hora extra em Harrenhal. Alicent saiu completamente da jogada, assim como Aegon. Aemond é o único que parece se dirigir para o objetivo principal – porém, não de forma inteligente. E ficamos nisso por basicamente seis episódios, só neste arco.

Nem tudo se perde

Como disse acima, A Casa do Dragão ganha demais por mostrar a revolta popular, o jogo político de se livrar de Alicent no Conselho e até mesmo pela movimentação de encontrar outros montadores de dragão – qual o teaser do próximo episódio já revela que terá um grande desenvolvimento. No entanto, parece que temos um período de preparações longo demais, para cenas de ação de menos.

A intriga e todas as questões são importantes, não vou desmerecer isto. Inclusive, alguns pontos ali são bem altos em tensão – mostrando uma maestria como poucas têm em seu roteiro. Ainda assim, sinto que estamos nos prolongando tempo demais em questões menos decisivas. Foi muito tempo para chegarmos ao episódio 4 – onde vimos o primeiro confronto (3h e pouco, mais do que um filme) e parece que veremos ação novamente apenas no 8º (mais 4h de distância).

E sabe o que acontecerá? A Casa do Dragão vai encerrar em um combate que deve erguer a hype do público (comigo incluso, tenho certeza que será maravilhoso) e ver ela ser clamada como a melhor produção de todas. Em certos termos, ela é sim. No entanto, assim como várias que acompanhamos aqui (seja da Marvel, Star Wars etc.) tem sofrido com seu ritmo e é inegável que isto cansa o público.

Devo eu perguntar a você se uma felicidade maior não surgiu quando Fumaresia surgiu em tela? Ou quando Rhaenyra ouviu uma notícia não muito agradável e partiu com Syrax em direção aos céus? É isto que nós desejamos assistir, do fundo da boa vontade. É uma guerra entre montadores de dragões, que deixa ausente tanto os conflitos quanto os répteis alados. E haja paciência para ter um deslumbre disto a cada 3/4 episódios de 1 hora de duração cada.

A segunda temporada de A Casa do Dragão está sendo exibido pela Max todo domingo, a partir das 22h (horário de Brasília). Veja mais em Críticas de Séries!

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