O figurino de Pantera Negra é um dos elementos mais marcantes do filme. Sem dúvidas a protagonista é a cultura africana, a qual foi a grande fonte de inspiração.

Ruth E. Carter é a figurinista responsável por todo esse visual marcante que vestem os personagens no longa; que não só são uma homenagem à África, mas descrevem precisamente a personalidade e o papel de cada um deles.

As tribos africanas que se mantém intocadas pelos colonizadores tiveram seus adereços e culturas enaltecidas por Ruth, que trabalha como figurinista há 30 anos e tem seu nome em filmes como Malcom X e Selma.

Ela conta ao The New York Times que a equipe dedicou seis meses só para comprar adereços autênticos africanos. Alguns dos tecidos, inclusive, foram comprados em Gana.

Cada personagem teve uma paleta de cores definida: T’Challa, realeza de Wakanda (o Black Panther), usa preto; Okoye e seu grupo de guerreiras usam vermelho vibrante; Nakia, tons de verde.  

Tudo é muito calculado sob o perfeccionismo de Ruth, e trazem uma explicação: vermelho, preto e verde são as cores da bandeira Pan-Africana, que simboliza a união de todos os povos da África.

As roupas azuis de Erik Killmonger, o rival de Pantera Negra, representa a polícia e autoridade.

O figurino foi desenvolvido em paralelo ao roteiro visual da designer de produção Hannah Beachler, que criou todos os distritos e a cultura de Wakanda.

As tribos também foram inspiradas em grupos étnicos verdadeiros que vivem pelo continente africano.

Os comerciantes são inspirados nos Tuareg, berberes do Saara. A tribo de mineradores se assemelha aos Himba, da Namíbia, conhecidos pela pintura corporal de ocre vermelho.

Já para o distrito de Step Town, Hannah analisou o visual de pessoas que estavam um festival Afropunk em Atlanta, onde foram filmadas as cenas de Pantera Negra.

Ruth revela que foi a produção mais complexa com a qual já trabalhou desde Malcom X. Explorar o conceito afro-futurista foi muito significativo, ela diz.

O filme “se conecta com tudo que já trabalhei sobre escravidão e sobre como os africanos vieram a este país (EUA), também com o que aconteceu com sua cultura”, conta.

Conheça os significados por trás do visual dos personagens principais.

Pantera Negra

A cultura africana no figurino de Pantera Negra
Reprodução: The New York Times

O triângulo em relevo na armadura representa o que Ruth define como a “geometria sagrada da África”, que faz do personagem não apenas um super-herói, mas um legítimo rei africano.

Rainha Ramonda

A cultura africana no figurino de Pantera Negra
Na primeira foto, uma mulher Zulu com o chapéu tradicional; no centro o conceito de chapéu usado por Angela Bassett no filme, na última foto. Reprodução: The New York Times

Este adereço que a rainha veste foi inspirado nos chapéus que as mulheres casadas da tribo Zulu usam. Tanto o chapéu quanto o manto que vestem Ramonda foram impressos em 3D; só os dois levaram seis meses para serem produzidos.

W’Kabi

A cultura africana no figurino de Pantera Negra
Reprodução: The New York Times

Para ele foi criado um manto típico do povo de Lesoto, um pequeno país da África Austral. Estes mantos são usados para representar seu rei: a colheita.

Mulheres usando as roupas tradicionais em um casamento real, em Lesoto. Reprodução: The New York Times

As serigrafias em vibranium no manto, metal fictício do filme, remetem aos símbolos Adinkra, que representam conceitos e aforismos, e são muito usados em tecidos e cerâmica entre os Ashantis e os baoules, que migraram de Gana.

Nakia

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Reprodução: The New York Times

A tribo da espiã está localizada em uma região na verdadeira Etiópia, e seu visual foi desenvolvido especialmente para contemplar os adornos muito comuns entre o povo Surma: conchas, contas e folhas.

O vestido verde de gola alta e ombros abertos também foi criado em uma impressora 3D. O padrão geométrico do bordado foi inspirado no kente, um tecido produzido pelas etnias axânti e ewe, em Gana. Todo processo foi feito à mão.

Guerreiras de Dora Milaje

Reprodução: The New York Times

As roupas vermelhas e douradas das guerreiras de elite de Wakanda foram baseadas nas vestimentas da tribo Masai. Os padrões geométricos triangulares também remetem à geometria sagrada africana. Os cintos de couro foram produzidos por artesãos da África do Sul.

Ruth diz que o vermelho é imponente e foi escolhido para que as oito guerreiras representassem a força de 80.

Mulheres masai no Quênia. Reprodução: The New York Times

O trabalho meticuloso dedicado aos personagens ressalta como as linhas, texturas, panos e adereços têm o poder de narrar a história cultural de uma nação.

Não é à toa que Pantera Negra foi consagrado com o Oscar de Melhor Figurino, além de levar outros dois prêmios nas categorias de Melhor Design de Produção e Melhor Trilha Sonora.

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