Games

A indústria do games realmente está em crise?

Como o sucesso de Clair Obscur: Expedition 33 mostra a falta de criatividade de grandes estúdios de games que visam apenas o lucro?

Nos últimos tempos, virou moda dizer que a indústria dos games está em crise. Toda semana surgem notícias de grandes estúdios demitindo funcionários e executivos justificando o aumento do preço dos jogos com o argumento de que “senão, a conta não fecha“. Mas quando olhamos mais de perto, percebemos que a indústria como um todo está muito viva. O que está quebrado é o modelo de negócios das gigantes AAA, que gastam fortunas em games pouco inovadores e depois culpam o mercado quando eles não dão o retorno esperado.

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Enquanto isso, pequenos estúdios independentes continuam a lançar jogos de altíssima qualidade, com preços muito mais acessíveis, conquistando milhões de jogadores no mundo inteiro. Um exemplo recente é Clair Obscur: Expedition 33, desenvolvido pela Sandfall Interactive. Mesmo sendo um estúdio pequeno, o jogo trouxe uma experiência visual incrível, narrativa envolvente e gameplay refinado. Lançado por cerca de US$ 50 e disponível no Game Pass, o game ultrapassou a marca de 500 mil cópias vendidas logo no primeiro dia. Isso, inclusive, superou até as expectativas dos próprios desenvolvedores.

Reprodução: Epic Games, 2025.

E não é um caso isolado. Títulos independentes como Hades, Celeste e Vampire Survivors também provaram que qualidade, criatividade e sucesso comercial não dependem de orçamentos gigantescos. A realidade é que a criatividade floresce muito mais em ambientes onde os desenvolvedores têm liberdade de criar. Não estão presos a fórmulas corporativas que visam apenas lucro fácil com microtransações ou “live services” mal planejados.

O problema da crise dos “games” é o ‘Player’?

Segundo análises recentes como a da Arkade e da Polygon, o grande problema das empresas AAA é a maneira como elas estão administrando seus projetos. Em vez de investir em novas ideias ou dar espaço para suas equipes criarem algo autêntico. Preferem-se gastar milhões em gráficos ultrarrealistas, marketing massivo e, muitas vezes, lançarem jogos inacabados ou sem alma. O objetivo não é mais entregar uma boa experiência ao jogador, mas maximizar o retorno financeiro a qualquer custo — nem que isso custe a demissão de centenas de trabalhadores, como vimos nos últimos anos.

O editorial da Arkade é direto: a crise é autoimposta. As empresas erram ao concentrar todos os recursos em apostas arriscadas e em tendências passageiras, e quando o plano falha, cortam custos às custas dos funcionários e dos próprios consumidores. A Polygon também destaca que a indústria ainda é extremamente lucrativa, com recordes de vendas sendo batidos ano após ano. O que está quebrado não é o mercado: é o modelo de negócios falido das gigantes que perderam o foco em fazer jogos realmente bons.

Reprodução: XBox, 2025.

Enquanto isso, os jogadores estão cada vez mais atentos e exigentes. Não adianta mais colocar gráficos lindíssimos e esquecer de entregar diversão de verdade. O sucesso dos indies mostra que o que move a indústria não é a máquina de marketing — é a paixão por criar boas histórias, mecânicas inovadoras e experiências que realmente conectam com as pessoas.

O futuro dos games está mais vivo do que nunca — só não vai ser liderado por quem acha que pode vender qualquer coisa por R$ 400 e ainda sair como vítima.

José de Sousa Magalhães é um artista e gosta de criar coisas incríveis! Tem Bacharelado em Sistemas de Informação pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) com especialização em Desenvolvimento de Games pelo SENAC. Em seu tempo livre gosta de programar, jogar vídeo game, consumir entretenimento geek/nerd, tocar violão e piano e andar de skate. Além de desenvolver jogos, escreve obras de ficção fantástica! Também atua como animador 2D, roteirista, diretor e dramaturgo.

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