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A ópera rock do Surfista Prateado que quase rolou nos anos 80 com Olivia Newton-John e trilha de Paul McCartney

Durante os anos 80 e início dos 90, o Surfista Prateado quase ganhou um filme completamente fora da curva: uma ópera rock do Surfista Prateado, psicodélica espacial, com visual grandioso, uma vibe existencial e trilha sonora composta por ninguém menos que Paul McCartney. A ideia era transformar o herói cósmico da Marvel em protagonista de uma jornada visualmente épica e sonoramente insana, misturando ficção científica estilo 2001: Uma Odisseia no Espaço com guitarras elétricas em massa.

A mente por trás do projeto era o produtor executivo Lee Kramer, que descreveu o filme como uma superprodução com escala de 2001, mas embalada por um som contemporâneo de rock ‘n’ roll. Em uma de suas declarações mais ousadas, ele chegou a dizer que o Surfista poderia ter um tema composto por nada menos do que mil guitarras elétricas tocando em uníssono. E a trilha, segundo relatos, seria escrita por Paul McCartney, que chegou a ser procurado e demonstrou interesse no projeto.

Como a Marvel havia perdido os direitos do Quarteto Fantástico na época, o plano era focar inteiramente no Surfista Prateado. Para isso, Kramer procurou Stan Lee, que se uniu a Jack Kirby para desenvolver uma história nova, reinventando a chegada do personagem à Terra e sua luta contra a vontade de Galactus, sem a necessidade do grupo original de heróis.

A trama traria ainda uma personagem inédita chamada Ardina, uma versão feminina do Surfista criada por Galactus para atrair seu arauto de volta. E o motivo dessa criação era bem específico: Kramer queria um papel para sua namorada da época, ninguém menos que Olivia Newton-John. Ela interpretaria essa deusa espacial brilhante e rebelde, em contraste com o ator Frank Zane, fisiculturista que daria vida ao Surfista em sua versão cinematográfica.

A narrativa teria toques trágicos e românticos, Ardina se apaixonaria pelo Surfista e acabaria se sacrificando para salvar a Terra, forçando o herói a retornar ao serviço de Galactus. Seria quase um drama shakespeariano nas estrelas, com efeitos de luz, sintetizadores e muito brilho metálico.

Algumas artes conceituais do projeto ainda circulam por aí, mostrando o Surfista flutuando sozinho no espaço, encarando o vazio e refletindo sobre seu destino, com a prancha prateada espelhando sua imagem.

Mas como acontece com muitos projetos ousados e idealistas demais, o filme acabou não saindo do papel. O financiamento não se sustentou e, com isso, essa ópera rock espacial foi engavetada de vez.

Mesmo assim, para quem curte o Surfista Prateado ou simplesmente adora essas histórias malucas de bastidores de Hollywood, é difícil não imaginar como teria sido ver um filme estrelado por Olivia Newton-John, com trilha de McCartney e mil guitarras elétricas ecoando pelo universo. Convenhamos: ainda parece melhor que muitas das adaptações do Quarteto Fantástico que já vimos por aí.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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