Partindo para a reta final, Ahsoka volta a mostrar o grande erro da Disney+ e dos diretores das séries baseadas em Star Wars ao mudar o foco e a narrativa para além da protagonista. Um dos maiores problemas que vimos em O Livro de Boba Fett e na terceira temporada de The Mandalorian surge nesta produção também e mostra que nem sempre um acerto dura por muito tempo.
Eu mesmo comentei sobre isso nos primeiros episódios, quando afirmei que o ponto central da história não era na personagem que tem o nome do seriado, mas sim em Sabine Wren. Vamos ser honestos, ela é uma excelente heroína…mas quando você vê uma produção que usa o nome de alguém, é esta pessoa que espera ser o centro das atenções. Ou estou errado?
Apesar de ter um elenco extremamente divertido, nunca veria Chaves pensando em adotar o ponto de vista da Dona Florinda por grande parte dos episódios – por exemplo. Ou Naruto, com a trama se focando totalmente em outro ninja. Ambas são serializações longas, que até permitem que vejamos algo do gênero ocasionalmente. Porém, sempre voltam ao núcleo principal. Já em Star Wars, cujas temporadas sempre envolvem de seis a dez episódios, não tem como dar este luxo.
Fugindo de Ahsoka, mais uma vez
Na narrativa, a própria Ahsoka segue viagem dentro das Purrgil enquanto segue atrás de Sabine e da ameaça de Baylan Skoll. O objetivo é simples, evitar o retorno de Thrawn e ver ainda mais tragédias em uma galáxia que há muito tempo foi ferida pelos ideais de Palpatine e Darth Vader. Porém, tirando os poucos minutos iniciais antes de aparecer o logo da produção, ela não aparece em mais momento algum. Eu marquei, demorou até próximo ao fim do episódio para alguém citá-la novamente ainda.
Enquanto mais uma vez vemos a produção apagar protagonistas, Sabine Wren assume este papel e a vemos nas mãos dos vilões. Apesar de toda a primeira metade do capítulo ela ter uma participação completamente descartável, na outra ela toma as rédeas e mostra todo o carinho e charme do que poderia ser chamado de “Star Wars Rebels 2”. Sozinha em um planeta desconhecido, com apenas uma pista sobre Ezra Bridger, ela parte em uma busca considerada “suicida”.
Apesar de minhas reclamações, serei bem sincero e afirmar que o episódio não passou nem perto de ser ruim. No entanto, isso se deve aos vilões de Ahsoka e o charme absurdo que carregam consigo. O arco de Baylan Skoll é quase mágico e mostra como o mercenário acabou chegando onde o vemos – o que traz uma certa aproximação de como as coisas funcionam na vida adulta. Ele sabe o que é o certo e o errado, ainda assim as situações o direcionaram a sobrevivência – borrando um pouco esta linha.
Shin Hati, vivida por Ivanna Sakhno, finalmente também para de grunhir e ser um verdadeiro poço de ódio para desempenhar o papel de aprendiz – que lida com as situações ouvindo o que Skoll tem a dizer e até mesmo nutrindo respeito por sua história. Sinceramente, eu acreditei que ela pertencesse à uma classe de personagens mais insanos e vê-la na calma e em diálogos foi enriquecedor para a trama.
O brilho do episódio
Ainda que Baylan Skoll, Shin Hati e até as Bruxas de Dathomir fascinem, o episódio de Ahsoka tem apenas um ponto altíssimo e que ecoará por diversas produções: o Grão Almirante Thrawn. Sua primeira participação ativa no live-action é brilhante e mostra toda a imponência que o vilão carregará nesta e nas próximas séries/filmes que o veremos. Soa até como um absurdo, dentro da escala que temos hoje.
A nave colossal, sua chegada triunfante, seu código moral, o exército de Night Troopers liderados pelo curioso Enoch e diversos outros fatores fazem dele um ponto insuperável deste capítulo. Lars Mikkelsen chega já dominando a câmera e os holofotes, o que impacta a todos que interagem com a sua figura. Ele faz o espectador acreditar que realmente os heróis não têm como vencê-lo, tamanha é a sua atuação.
Está óbvio que ele será o grande oponente que enfrentarão no filme dirigido por Dave Filoni – afinal de contas, tudo está direcionando estes personagens para isso. No entanto, ainda assim é incrível ver todo o cenário sendo montado diante de si em Ahsoka. Parece muito com a Fase 1 da Marvel Studios, quando tínhamos uma ponta ou outra soltas e que iam se conectando ao longo dos filmes. O fim do episódio também traz um impacto positivo e que pode fazer grande diferença no fim deste seriado.
Para ser extremamente honesto, eu espero muito que os próximos episódios acertem este ritmo e tragam para a nossa heroína um destaque que não anda fazendo jus ao que veio. Rosario Dawson está seguindo muito bem com a personagem, assim como os momentos onde ela interagiu com Anakin e seu passado convencem bastante e fortalecem sua jornada. Faltando apenas dois episódios para chegar ao fim, é o mínimo que podem fazer por ela.
Ahsoka está sendo exibida pela Disney+ no formato semanal, todas as terças-feiras a partir das 22h. Veja mais em Críticas de Série!
Concordo. Chegou a hora da Ahsoka brilhar. Mas sinto que ainda vão dar um foco na Sabine, pelo menos no próximo episódio.