Dungeons & Dragons finalmente ganhou a sua representação suprema. E ela está em forma de game, mais especificamente como Baldur’s Gate 3.
O jogo, desenvolvido pela Larian Studios, é mais do que um jogo de RPG; é uma verdadeira obra-prima que traduz a experiência do RPG de mesa para o universo dos games.
Longe de ser apenas uma adaptação direta, o jogo oferece uma imersão única, com narrativa profunda, sistemas robustos e uma mecânica que faz jus à rica tradição do mundo de Forgotten Realms.
Aqui vamos falar para você o que vimos de legal e o que pode melhorar neste game, que foi o vencedor de Melhor Jogo do Ano de 2023.
Fidelidade ao pai do RPG de mesa, o Dungeons & Dragons
Uma das maiores conquistas de Baldur’s Gate 3 é a sua fidelidade à quinta edição de Dungeons & Dragons.
Desde o sistema de rolagem de dados até a criação de personagens, cada aspecto reflete as regras e a dinâmica do RPG de mesa. A inclusão do dado de 20 faces inclusive é essencial para a resolução de conflitos e eventos.
Para quem não conhece RPGs de mesa, trata-se de uma contação de histórias com o uso de dados para encontros e eventos. Baseando-se em um conjunto de regras, os jogadores acompanham uma história e têm ampla liberdade de escolhas e ações.
Baldur’s Gate 3 traduz isso da melhor forma possível ao mundo dos games. Os jogadores podem criar personagens com diferentes raças, classes e habilidades, explorando combinações que tornam cada campanha única.
Elementos como testes de percepção, persuasão e resistência são integrados organicamente à jogabilidade, capturando a essência das campanhas de D&D.
Além disso, a liberdade de escolha — marca registrada do RPG de mesa — é central para a experiência, permitindo que o jogador determine o destino do seu grupo e da história.
Aqui, acompanhamos uma narrativa com diversos personagens não jogáveis, cada um com sua história, e todas essas vivências traçam um embate enquanto você é o dono das principais decisões no game.
A narrativa é envolvente e muito rica em detalhes
O enredo de Baldur’s Gate 3 é uma mistura de drama, intriga e fantasia. A história central gira em torno de parasitas conhecidos como tadpoles inseridos no cérebro dos personagens principais.
Enquanto busca uma “cura” para a condição do personagem, bem como aventureiros que o acompanham, o jogador passa por diversas dúvidas morais, dilemas e muitas possibilidades de customização e escolhas.
E cada uma das ações e escolha têm impacto significativo na história.
Cada personagem do grupo é bem desenvolvido, com histórias pessoais complexas que se entrelaçam com a narrativa principal.
As interações entre os membros do grupo, que variam de alianças profundas a conflitos emocionantes, dão um peso narrativo único ao jogo.
A escolha de diálogos e a resolução de questões por diferentes meios — combate, diplomacia ou astúcia — tornam cada sessão de jogo única.
Isso pode ser jogado em campanha para um jogador, ou até mesmo com amigos online.
Ambientação digna de palmas
A Larian Studios conseguiu criar um mundo visualmente impressionante em Baldur’s Gate 3. Os cenários são ricos em detalhes, desde florestas exuberantes e cidades movimentadas até cavernas sombrias e ruínas antigas.
Cada localidade parece viva, com ambientação que reflete a narrativa e mergulha o jogador no universo de Forgotten Realms.
Os personagens também são detalhados, com expressões faciais que transmitem emoções, gerando carisma entre os personagens e quem joga.
As cutscenes, alinhadas com o sistema de diálogo interativo, garantem que o jogador se sinta parte do mundo, em vez de um simples espectador.
Sistemas de combate detalhado, tático, profundos e desafiadores
O combate em Baldur’s Gate 3 é baseado em turnos, seguindo as regras do D&D. Mais ou menos como um RPG tático tunado (como um Final Fantasy Tactics ou Vandal Hearts).
Essa escolha permite uma experiência mais tática, onde cada movimento, habilidade e item usado pode ser a diferença entre a vitória e a derrota.
O sistema incentiva a experimentação, permitindo aos jogadores abordar os combates de forma criativa, seja através de magia, ataques físicos ou utilização do ambiente. É possível empurrar inimigos de penhascos por exemplo, ou simplesmente arremessar neles um machado que você encontrou em um cadáver no caminho.
A curva de aprendizado é bem balanceada, oferecendo desafios para veteranos de RPGs enquanto permanece acessível para iniciantes. Mesmo porque há a possibilidade de selecionar o nível de dificuldade e ajustar o game de acordo com seu gosto.
Há também a integração de elementos como coberturas, alturas e interações com o cenário adiciona camadas de complexidade que tornam cada batalha interessante, onde é possível aprimorar as estratégias a cada embate.
Tem também multiplayer cooperativo
A história também oferece a possibilidade de jogar em multiplayer cooperativo, tanto em tela dividida quanto em grupo com outros jogadores online.
Cada jogador pode criar seu próprio personagem ou escolher controlar um dos companheiros pré-determinados pelo jogo, como Shadowheart, Astarion ou Lae’zel.
Apesar de estarem no mesmo grupo, os jogadores não precisam ficar juntos o tempo todo. Um jogador pode explorar uma cidade enquanto outro resolve combates ou investiga uma caverna. Isso torna o jogo mais dinâmico, permitindo que cada pessoa jogue ao seu estilo.
As decisões tomadas por um jogador podem impactar o grupo como um todo.
É interessante compartilhar as escolhas e a história, mas em nossos gameplays, ao menos como experiência inicial do jogo, eu recomendaria jogar em campanha de um jogador.
Isso porque é possível ter seu próprio ritmo e tempo, bem como conhecer mais a história e ambientação do jogo.
Ter outros companheiros geralmente gera um senso de pressa, ou de que você não pode explorar tudo como gostaria, pois existem outras pessoas na aventura.
A coisa fica ainda pior quando um dos jogadores resolve ser caótico. Como atacar pessoas repentinamente ou avançar em locais proibidos, o que elimina as opções de diálogo em detrimento da violência.
No mais, para quem curte uma diversão mais despretensiosa, vale curtir o game também em companhia de amigos.
Trilha sonora magnífica
A trilha sonora composta por Boris Slavov é uma obra-prima que complementa perfeitamente com o jogo. Ela combina elementos de música orquestral com tons épicos, cativantes e, por vezes, melancólicos, refletindo a profundidade da narrativa e o tom sombrio do jogo.
Além disso, varia entre momentos de combate, tensão, exploração ou calmaria.
A música utiliza uma orquestra completa, além de instrumentos tradicionais e vocais que evocam a sensação de um mundo fantástico. Alguns temas incorporam influências da música medieval e celta.
Quais os pontos negativos, se é que tem algum?
Bem, os pontos negativos deste jogo não são tão significativos, levando em conta toda a experiência, que é absurdamente excelente.
Mas se vamos falar sobre coisas que podem melhorar, podemos citar alguns pontos, como:
- Problemas de desempenho: Embora Baldur’s Gate 3 seja visualmente deslumbrante, ele é exigente em termos de hardware. Jogadores com computadores de especificações mais baixas podem enfrentar problemas de performance, como quedas de framerate e longos tempos de carregamento. Apesar das atualizações e patches, algumas questões técnicas persistem, impactando a experiência geral para parte do público.
- Complexidade que pode assustar iniciantes: A riqueza de opções e mecânicas pode ser intimidadora para quem não está familiarizado com Dungeons & Dragons ou RPGs em geral. Embora o jogo ofereça tutoriais e explicativos, a profundidade das regras pode desmotivar jogadores menos experientes. Algumas escolhas também carecem de clareza, deixando iniciantes inseguros quanto às consequências de suas ações.
- Interface e gerenciamento de inventário: A organização de itens pode ser confusa e ineficiente, especialmente em sessões mais longas. Embora não seja um problema que arruíne o jogo, ele adiciona uma camada de frustração que poderia ser evitada com ajustes na interface.
A relação entre Baldur’s Gate 3 e a evolução dos jogos de RPG
Baldur’s Gate 3 não apenas adapta Dungeons & Dragons; ele redefine o que significa jogar RPG em um meio digital.
A liberdade de escolha, o foco na narrativa e a integração das regras de D&D criam uma experiência que se aproxima da interatividade e da criatividade das sessões de mesa.
Ao mesmo tempo, o jogo utiliza tecnologias modernas para elevar o gênero, mostrando como a tradição e a inovação podem coexistir.
Desde os primeiros jogos da série Baldur’s Gate, o objetivo sempre foi transportar o jogador para o universo de Forgotten Realms. Com Baldur’s Gate 3, a Larian Studios conseguiu honrar esse legado e, ao mesmo tempo, atrair uma nova geração de jogadores.
Isso é evidente no sucesso crítico e comercial do jogo, que reforça o apelo duradouro dos RPGs.
Conclusão
Baldur’s Gate 3 é um marco nos jogos de RPG, combinando a profundidade e a liberdade do Dungeons & Dragons com a imersão proporcionada pela tecnologia moderna.
Com uma narrativa cativante, sistemas de combate complexos e uma ambientação deslumbrante, ele se posiciona como um dos melhores jogos da atualidade.
Seja você um veterano de RPGs ou um novato curioso, Baldur’s Gate 3 oferece uma experiência inesquecível que merece ser explorada em todos os seus detalhes.
—
Nota: 5/5
—
Compre Baldur’s Gate 3 nos nossos parceiros da Nuuvem!
Veja mais sobre games!