Na esquina da rua Houston e Bowery, em Manhattan – na mesma parede que já recebeu intervenções artísticas de Keith Haring e Os Gêmeos – se estende um mural de 21 metros com barras de prisão e um rosto feminino por trás das grades; “Free Zehra Dogan” transmite a mensagem.
A arte é de Banksy em colaboração com o graffiteiro John Tsombikos (Borf).
Banksy, cuja identidade ainda se mantém em mistério, tenta sempre através da arte urbana trazer aos olhos do mundo questões políticas e sociais.
Dessa vez, ele denuncia a prisão da jornalista e pintora turca de etnia curda, Zehra Dogan, que retratava a sociedade tradicional curda com ativismo político em suas obras.
Em março de 2017, Zehra foi sentenciada a dois anos e nove meses de prisão por criar uma única pintura derivada de uma fotografia dos destroços da cidade curda de Nusaybin, após confrontos entre o exército turco e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Na arte, veículos militares ganharam patas e ferrões de escorpião e bandeiras turcas surgiam nas fachadas de edifícios destruídos.
A justiça considerou um crime as bandeiras representadas na pintura, mas que, contraditoriamente, também aparecem na fotografia real.
“A pintura ultrapassa o criticismo às operações desenvolvidas pelas forças de segurança no sentido de restaurar a ordem pública e é uma propaganda à política de barricadas e trincheiras do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão)”, diz a sentença.
Banksy manifesta sua indignação pela prisão de uma artista pelo simples ato de pintar, a qual teve sua liberdade de expressão ferida.