Prepare-se para uma verdade incômoda, pois a Brasil Game Show 2025 não é mais o evento para quem busca novidades no mundo dos games. E não, isso não é exagero de quem esperava demais, mas sim uma constatação dolorosa de alguém que acompanha a BGS há anos e testemunhou sua transformação de feira de lançamentos em parque temático de influenciadores.

Vamos direto ao ponto. A BGS 2025, realizada entre 9 e 12 de outubro no Distrito Anhembi, consolidou uma mudança que vinha se desenhando nas últimas edições. O evento que um dia foi sinônimo de demos exclusivas, anúncios bombásticos e a chance de colocar as mãos nos jogos mais aguardados do ano virou, essencialmente, um simulador profissional de filas onde você paga caro para consumir produtos superfaturados cercado por estandes de merchandising.
A ausência da PlayStation e da Xbox foi muito sentida, assim como a Microsoft que sequer marcou presença com estande próprio, a Sony se limitou a um espacinho tímido para fotos de Ghost of Yōtei. Para quem lembra das edições anteriores, quando esses gigantes dominavam pavilhões inteiros com dezenas de estações jogáveis e lançamentos em primeira mão, a BGS 2025 pareceu um evento amputado, menor em ambição e relevância.

A Nintendo foi praticamente a única grande fabricante de consoles presente, trazendo o Switch 2 com títulos como Mario Kart World e Donkey Kong Bananza, mas sequer foi suficiente para disfarçar o vazio deixado pela ausência das outras gigantes. A SEGA montou um estande bonito para Sonic Racing: CrossWorlds, enquanto a Arc System Works trouxe alguns títulos, e a Devolver Digital apresentou sua feirinha com jogos indie, esses três como destaques isolados em um mar de estandes focados em mobile, marcas e produtos.
O problema estrutural da BGS 2025 expôs algo que os frequentadores mais antigos já sabiam, com filas de horas para jogar demos de 10 ou 15 minutos, desorganização generalizada nos estandes, funcionários despreparados que não sabiam informar o básico, e uma sensação constante de superlotação em um espaço visivelmente menor que o Expo Center Norte. Isso sem contar a lambança na abertura para o dia reservado à imprensa, liberando o acesso para segurar todos obrigatoriamente num espaço próximo ao palco principal.

Como se não bastasse, a polêmica do Meet & Greet com Hideo Kojima ilustra perfeitamente essa desorganização. Pulseiras distribuídas antecipadamente para quem estava em filas externas, enquanto o público que entrou oficialmente ficou sem acesso. Relatos de venda e até falsificação de pulseiras pipocaram nas redes sociais, e a organização simplesmente não soube lidar com a situação.
E não para por aí. O PlayStation Concert começou com atraso considerável, cadeiras desorganizadas, público disputando lugares e saindo insatisfeito. A internet do local não funcionava adequadamente em diversos momentos. Até a área indie, tradicionalmente um dos espaços mais interessantes para conhecer desenvolvedores brasileiros e conversar sobre projetos independentes, foi visivelmente reduzida e perdeu destaque no mapa oficial.

A sensação é de que a BGS deixou de ser um evento para quem vive e respira games e se tornou uma experiência voltada para o público mais jovem e casual, interessado em tirar fotos com influenciadores, comprar produtos temáticos e participar de ativações de marca. Não há nada de errado com isso, exceto quando se vende o evento como “a maior feira de games da América Latina” e ele não entrega para quem realmente quer conhecer o que há de novo na indústria.
Enquanto a BGS encolhe em relevância, a Gamescom Latam vem crescendo silenciosamente com uma proposta completamente diferente: ser uma feira focada em desenvolvimento, negócios e experiências reais com jogos. Com painéis relevantes, convidados de peso e um público mais segmentado mas apaixonado por games, a Gamescom posiciona-se como o evento que a BGS já foi um dia.

A comparação é inevitável e dolorosa, porém a BGS ainda é maior em volume de público. No entanto, a relevância de mercado, inovação e visão de futuro estão claramente do outro lado. Para quem busca conteúdo, lançamentos e vivência real da indústria, a BGS 2025 simplesmente não entrega mais. Então será que a BGS ainda merece o título de maior feira de games da América Latina? Em tamanho físico e número de visitantes, talvez sim. Mas em essência, propósito e compromisso com quem realmente joga, a resposta é “não”.
A “nova fase” prometida pela organização se revelou exatamente o que temíamos, trazendo um evento menor, menos interessante e distante do que fez a BGS ser relevante. Para 2026, fica a esperança de que a organização repense sua estratégia e volte a priorizar o que realmente importa, com foco em games, novidades e a experiência de quem paga ingresso esperando encontrar o futuro da indústria. Caso contrário, a BGS seguirá sendo apenas um nome grande sustentado por glórias do passado, enquanto outros eventos assumem o protagonismo que ela um dia mereceu.
EU não entendo bem algumas críticas. AS vezes penso que alguns jornalista escrevem matérias por encomenda com interesses duvidosos…
O Anhembi é um pavilhão mais moderno, com estrutura retilínea, menos colunas e melhor fluxo de pessoas. A citada área indie, por exemplo, saiu de um corredor com teto rebaixado para uma área ampla e maior. Além disso, a BGS é o único evento de games que utiliza os 5 pavilhões do Anhembi. Outros eventos, inclusive elogiados pelos mesmos críticos, usam apenas dois ou três.
A BGS fez um esforço grande para trazer o Kojima. Pecou na hora das pulseiras, mas pelo que eu saiba, a Kojima Productions é extremamente seletiva e restrita. A vinda do Kojima, por si só, já é um grande feito da BGS. O mesmo para o Playstation the concert. Eles são super seletivos aonde vão tocar. Deveriamos valorizar uma empresa que se esforça tanto trazer atraçoes de renome e manter o Brasil como referencia para o setor de Games.
Sobre filas e superlotação, essa é uma parte chata. Mas considerando que a BGS é um grande parque temático, com varias áreas e atraçoes, as filas não sao muito diferentes da do BEto Carreiro, por exemplo. Gosto de comparar a BGS com um parque temático e não com outros eventos pequenos, pois é a única que se preocupa em fazer um negócio internacional/global e não algo para atender um grupo seleto de jornalistas. As filas são horrívels, mas diferente do BEto Carreiro que abre o ano inteiro, a BGS é só 1 sábado do ano.
Sobre a crítica do “O foco não são mais os jogos, e sim a venda de produtos”, vejo mais como uma mudança de mercado. Queria que as publishers e grandes marcas focassem no Brasil e priorizassem lançamentos aqui. Contudo, enquanto a propria imprensa nacional massacras os eventos locais, aí é que as grandes publishers nao vem mesmo. Além disso, Eu amei a experiencia que a Pokemon trouxe, por exemplo. Mesmo nao sendo focada em games, as empresas continuam se esforçando para trazer experiencias. E hoje, as pessoas buscam experiencias e nao jogar por jogar. A BGS segue tentando proporcionar isso. Eu gostei.
Em resumo, sou contra as críticas que tentam acabar com a BGS para promover outros eventos. Penso que todos os eventos gamers deveriam ser valorizados para que o Brasil ganhe cada vez mais destaque internacional.
Enfim, parabéns a BGS que segue tentando promover um evento grandioso, com boas atraçoes, mesmo contra tudo e contra todos. Espero que consigam manter essa chama acesa.