O mês não está sendo nada gentil com o Bitcoin. Depois de alcançar mais de 126 mil dólares há pouco mais de seis semanas, a criptomoeda mais famosa do mundo entrou em queda livre e já bateu abaixo dos 92 mil dólares, apagando centenas de bilhões do valor total de mercado em um intervalo curtíssimo.
Mesmo com anos de volatilidade nas costas, a velocidade dessa virada pegou até analistas experientes de surpresa.
Nem mesmo os veículos especializados arriscaram uma explicação concreta. A Bloomberg resumiu bem ao dizer que o Bitcoin “caiu rápido, forte e sem um gatilho claro”. A falta de consenso abriu espaço para teorias, e algumas delas estão ganhando força.
Entre as mais mencionadas está a crescente dúvida sobre a possibilidade de o Federal Reserve cortar juros no mês que vem.
Quando a taxa cai, sobra mais liquidez e o apetite por ativos de risco geralmente aumenta. Quando isso não acontece, o mercado tende a se retrair. E, segundo Matthew Hougan, diretor de investimentos da Bitwise, a cripto foi a primeira a demonstrar esse medo.
A verdade é que o cenário atual é resultado de vários fatores batendo ao mesmo tempo. Pesquisadores apontam que a queda reflete realização de lucros por investidores antigos, saída de instituições financeiras, incertezas macroeconômicas e uma cascata de operações alavancadas sendo liquidadas. É o tipo de combinação que faz o mercado escolher uma direção e, no momento, ela é para baixo.
A derrocada também reacendeu uma discussão incômoda: afinal, o Bitcoin realmente funciona como proteção contra inflação? Se era para se comportar como um porto seguro, o desempenho recente não ajudou.
A criptomoeda caiu junto com o setor de inteligência artificial na bolsa, em vez de se descolar da turbulência.
Para piorar as coisas, o recente fechamento temporário do governo dos Estados Unidos atrasou dados cruciais da economia, como números de emprego e inflação, deixando analistas praticamente no escuro.
E esse clima de tensão abriu espaço para previsões nada otimistas. Há quem acredite que a queda pode continuar e até testar novamente a faixa dos 70 mil dólares.
Essa queda brusca também vem na contramão do entusiasmo do governo de Donald Trump, que vinha abraçando o setor cripto com força total, defendendo menos regulamentação, criando bases legais para stablecoins e até sugerindo uma reserva estratégica de Bitcoin.
Mas, no fim, nada disso parece ser suficiente para segurar o impacto de uma economia instável, justamente a instabilidade que parte de suas próprias políticas ajudou a alimentar.
No momento, o que antes parecia apenas uma correção virou um alerta sonoro para todo o mercado cripto. Bitcoin já enfrentou tempestades antes, mas essa, em especial, está balançando a confiança até dos mais veteranos.
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