Black Myth: Wukong, ou como ficou conhecido: “o jogo do macaco”, chegou de surpresa. Uma desenvolvedora chinesa anunciou despretensiosamente o game, que logo tomou proporções enormes.
Logo após três dias de lançamento, 10 milhões de cópias foram vendidas. E, de fato, o game chamou muito a atenção. Nós tivemos a oportunidade de testar o jogo na versão para PS5, e contamos aqui o que achamos.
Sobre o quê é o game Black Myth: Wukong?
Trata-se de um game de ação e RPG inspirado na mitologia clássica chinesa de Sun Wukong, o Rei Macaco. Esta mesma mitologia foi a inspiração para outro conhecido nosso da cultura pop, Dragon Ball, por exemplo.
Sun Wukong é conhecido na mitologia por ter uma personalidade brincalhona e travessa, e ao mesmo tempo ser extremamente poderoso e usar um bastão mágico.
O jogo, portanto, é baseado no romance da China chamado “Jornada ao Oeste”. Este romance conta a história de um monge budista e seus discípulos em uma peregrinação à Índia para buscar escrituras sagradas. E o macaco Sun Wukong é um dos discípulos mais famosos dessa jornada. A narrativa, portanto, reimagina essa antiga lenda com tons modernos, e insere diversas “entidades”, “deuses” e criaturas fantásticas para encontrarmos na jornada.
Uma jornada no estilo soulslike, só que mais light
Apesar de o game ser apresentado como um título de ação e RPG, ele se assemelha a outros games do gênero soulslike, como Dark Souls ou Elden Ring – apesar de ser um pouco menos sofrido como eles.
Mesmo assim, eu, como um jogador que não é acostumado a jogar os títulos mais casca grossa do gênero, apanhei muito para conseguir me desenvolver neste game. Mesmo assim, a persistência se manteve forte, e todo o esforço vale a pena, pois o game tem uma narrativa ótima e um visual magnífico.
Digamos que é um soulslike mais leve, e que há diversos recursos para usar no jogo que possibilida a vitória nas batalhas, o que torna ele um pouco mais abrangente para mais tipos de jogadores e públicos.
Estrutura Shadow of Colossus, combate de Devil May Cry, dificuldade quase de Elden Ring
Sun Wukong passeia durante a sua jornada por diversos ambientes que retratam muito bem a China. Florestas, desertos, rios, cachoeiras, todos representados com uma qualidade gráfica altíssima que esquenta qualquer console e PC da geração atual.
São ambientes fechados e lineares, não temos aqui um mundo aberto. Porém, é possível explorar esses locais e encontrar chefões que perambulam por aí. E eles são muitos. À medida que vencemos esses caras, conseguimos mais poderes, habilidades e o personagem fica mais forte.
O combate é extremamente fluido e bem feito. Há diversos tipos de posturas e habilidades para o jogador usar e abusar nas batalhas. E se uma coisa não deu certo, dá para tentar outra. Inclusive é gratuito e ilimitado o reset de pontos de habilidades durante o jogo.
Com a combinação de itens que dão bônus, arma, armadura, posturas, poderes especiais e habilidades, o jogador tem inúmeras combinações para adequar ao estilo de jogo que preferir.
Não espere, porém, algo fácil. O jogo é cheio de desafio, e inclusive um dos pontos negativos a serem citados aqui é a curva de aprendizagem. No começo, é bem difícil avançar. Espere morrer muitas vezes até conseguir pegar o jeito e se adequar a composição do seu personagem que te agrade. Ou que ao menos você consiga ficar em pé e fazer alguma coisa nas batalhas.
Isso, porém, pode afastar muitos jogadores que preferem jogos mais tranquilos e de ação – já que o game não oferece muita assistência no início da jornada. Apenas quem persiste vai conseguir desfrutar da narrativa completa.
Neste aspecto, penso que o jogo poderia ter uma seleção de nível, e ser mais aberto para aqueles que querem focar mais na história e conhecer este incrível mundo, ao invés de tudo ser um teste ferrenho de habilidade.
Caminhos confusos e paredes invisíveis
Apesar de ter muitos ambientes, esses locais dão apenas a sensação de serem maiores. E a gente frequentemente tenta pular em locais que “não existem”. Ou seja, é uma parede invisível. Então, o jogo acaba sendo menor do que aparenta, em quesito exploração e mapas.
Além disso, o design de níveis não é um dos pontos fortes do jogo. Frequentemente nos vemos em bifurcações e caminhos confusos que nos levam a mesma estrada e locais que já passamos. Ao invés de determinar de forma clara onde é o que ou para onde o jogador pode e deve seguir. Isso se resolveria, por exemplo, com um mapa, que é inexistente.
E já que estamos falando dos pontos fracos, a repetição também pode frustrar alguns jogadores. Apesar da narrativa ser interessante e prender do começo ao fim, o gameplay peca um pouco neste aspecto. Levando em conta a linearidade e cenários confusos, tem aquela saga: chega em um cenário novo, explora, se perde várias vezes, morre também várias vezes para os chefes, até conseguir vencer e repetir tudo novamente em outra área.
Para bater de frente com produções ocidentais
Black Myth: Wukong é um jogo que chega com tudo para bater de frente com produções ocidentais, e que mostra o potencial da indústria de games chinesa em fazer parte deste mercado.
É um baita jogo pra quem curte porrada e gráficos bonitos. O combate é frenético e o mundo é grande, apesar de “limitado”. Em alguns momentos a história parece ser um pouco bagunçada, mas é justamente porque existem muita complexidade e profundidade neste mundo.
Mas se você não curte jogos com uma dificuldade mais acentuada, não vai agradar. O game pega pesado sem dó para jogadores mais casuais e não há uma seleção de dificuldade.
Pelo contrário, se você gosta de destreza, habilidade, e um bom desafio, o jogo certamente vai agradar.
Nota final: 4/5
*Agradecemos a Nuuvem pela parceria e oportunidade de testar o jogo.
Black Myth: Wukong pode ser encontrado para comprar nas versões para PC e PS5.
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