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Black Sabbath encerra a carreira com show épico, histórico e emocionante

Na noite do último sábado (5), o Black Sabbath subiu ao palco pela última vez e fez história em sua cidade natal, Birmingham, com o espetáculo Back to the Beginning. O evento aconteceu no Villa Park, estádio do Aston Villa, e reuniu mais de 40 mil fãs presentes no local e mais de 5,8 milhões acompanhando via transmissão online ao redor do mundo.

Foi uma despedida épica que reuniu lendas do rock e do metal para celebrar a banda que ajudou a fundar o gênero.

O clima era de festa e reverência. A cidade inteira mergulhou na homenagem aos seus filhos pródigos: exposições temáticas, renomeação de pontes, apresentações de balé inspiradas na banda e até um “tifo” gigante de Ozzy Osbourne exibido na arquibancada do estádio.

Poucas vezes uma cidade abraçou tão fortemente sua herança musical.

O palco giratório, similar ao usado no Live Aid, foi concebido para dar fluidez às trocas de bandas e contou com direção musical de ninguém menos que Tom Morello (Rage Against the Machine), que também participou ativamente da noite.

Muitas e muitas participações especiais e artistas icônicos

Antes do Sabbath subir ao palco, uma verdadeira maratona de tributos deu o tom da noite. Várias bandas subiram ao palco para prestar homenagem, cada uma com sua interpretação única de clássicos da banda:

  • Mastodon, acompanhados por uma tríade de bateristas de peso – Danny Carey (Tool), Eloy Casagrande (ex-Sepultura) e Mario Duplantier (Gojira) – detonaram com Supernaut.
  • Anthrax trouxe um peso brutal em Into the Void.
  • Halestorm, com Lzzy Hale nos vocais, emocionou com uma performance potente de Perry Mason.
  • Lamb of God fez tremer o estádio com Children of the Grave.
  • Alice in Chains executou Fairies Wear Boots, apesar de enfrentar alguns problemas técnicos de microfone.
  • Gojira, com participação da soprano Marina Viotti, trouxe uma versão intensa e sombria de Under the Sun.
  • Rival Sons apresentaram uma releitura energética de Electric Funeral.
  • Pantera se destacou ao tocar Planet Caravan e Electric Funeral, fundindo peso e lisergia.
  • Tool entregou uma interpretação meticulosa e sombria de Hand of Doom.
  • Slayer, já conhecidos por sua intensidade, surpreenderam com uma versão barulhenta e vigorosa de Wicked World.
  • Gun’s N Roses: A apresentação começou com It’s Alright, faixa do álbum Technical Ecstasy (1976). Em seguida, a banda emendou Never Say Die, também Junior’s Eyes. Fechando a sequência de homenagens, o Guns entregou Sabbath Bloody Sabbath, clássico absoluto de 1973.

Além dos covers, supergrupos organizados por Tom Morello trouxeram momentos únicos. Um dos grupos contou com nomes como Jake E. Lee, Nuno Bettencourt, Scott Ian, Mike Bordin, David Draiman, Lzzy Hale, Whitfield Crane e YUNGBLUD, interpretando clássicos como The Ultimate Sin e Sweet Leaf.

Vale lembrar que David Draiman (Disturbed) foi vaiado quando entrou no palco, devido ao seu declarado apoio à Israel e o genocídio que o país realiza contra Gaza.

Outro supergrupo reuniu Tom Morello, Rudy Sarzo, Chad Smith, Travis Barker, Billy Corgan, K.K. Downing, Adam Jones, Sammy Hagar, Steven Tyler, Vernon Reid, Papa V Perpetua e Ronnie Wood, apresentando um set que incluiu Symptom of the Universe, Breaking the Law, Bark at the Moon e até um mashup inesperado de Walk This Way (Aerosmith) com Whole Lotta Love (Led Zeppelin).

Fãs e famosos mandam mensagens e fazem tributos

Vários artistas enviaram mensagens e vídeos celebrando o legado do Sabbath. Entre eles estavam AC/DC, Def Leppard, Marilyn Manson, Elton John, Billy Idol, Cyndi Lauper, Jonathan Davis (Korn), Dolly Parton e Judas Priest. Um momento curioso foi o vídeo enviado por Fred Durst, do Limp Bizkit, interpretando sua versão de Changes, arrancando risos e aplausos do público. Teve também Jack Black cantando Mr. Crowley como se estivesse na escola do Rock.

Havia rumores de que Elton John, Robert Plant e Paul McCartney poderiam aparecer como surpresas, o que acabou não acontecendo — algo que frustrou uma parte dos fãs mais esperançosos.

Antes do final: Metallica

O Metallica foi uma das atrações mais aguardadas do espetáculo “Back to the Beginning”, o último e épico show do Black Sabbath, realizado no último sábado (5) em Birmingham, na Inglaterra. E a banda não decepcionou: além de trazer um set curto, mas poderoso, James Hetfield e companhia prestaram uma homenagem sincera e emocionante aos pioneiros do heavy metal.

Em meio a uma programação recheada de participações ilustres, o Metallica foi um dos destaques absolutos da noite. Com apenas seis músicas, a apresentação da banda californiana conseguiu equilibrar peso, emoção e reverência ao Sabbath — influência direta em sua sonoridade desde o início da carreira.

O show começou com o cover de “Hole in the Sky”, faixa do disco Sabotage (1975), recebida com entusiasmo pela plateia. Em seguida, vieram os clássicos autorais “Creeping Death” e “For Whom the Bell Tolls”, que mantiveram a energia lá em cima. Mas o momento mais surpreendente da performance foi a execução de “Johnny Blade”, faixa do disco Never Say Die! (1978), uma escolha inesperada e raríssima que muitos fãs sequer imaginavam ouvir ao vivo — uma clara demonstração do respeito do Metallica ao legado do Sabbath.

Para encerrar, a banda despejou potência com “Battery” e “Master of Puppets”, deixando o palco sob aplausos e gritos da multidão, que entendeu a grandeza do momento.

Antes de tocar Creeping Death, o vocalista James Hetfield se dirigiu ao público com um discurso simples, mas impactante:

“Vamos celebrar a banda Black Sabbath. Porque sem o Sabbath, não haveria Metallica. Obrigado, caras, por nos darem um propósito na vida.”

O baixista Robert Trujillo também compartilhou o peso emocional do evento. Ex-integrante da banda solo de Ozzy Osbourne, ele descreveu o show como o “fechamento de um capítulo” em sua trajetória. Já Kirk Hammett, guitarrista, afirmou que sua vida teria sido completamente diferente se o Sabbath não tivesse existido — uma fala que resume o sentimento de toda uma geração de músicos.

A apresentação do Metallica foi mais que uma performance: foi um tributo direto e comovente, uma espécie de agradecimento público à banda que ajudou a moldar o som do heavy metal e que abriu caminhos para todos que vieram depois. Ao mesmo tempo, a escolha de faixas menos óbvias como Johnny Blade mostrou o cuidado e o carinho com que os músicos prepararam sua participação.

No fim das contas, o Metallica conseguiu condensar décadas de influência e admiração em poucos minutos de palco. E fez isso com a intensidade e honestidade que só eles poderiam entregar. Foi uma das muitas provas, naquela noite mágica em Birmingham, de que o legado do Black Sabbath viverá para sempre — não só nos discos, mas também no coração de quem carrega o metal adiante.

Ozzy, o Príncipe das Trevas

Na reta final da noite, Ozzy Osbourne subiu ao palco acompanhado por sua banda solo – Zakk Wylde, Mike Inez, Adam Wakeman e Tommy Clufetos – para um mini set que incluiu I Don’t Know, Mr. Crowley, Suicide Solution, Mama I’m Coming Home e Crazy Train. Mesmo com as limitações físicas, Ozzy entregou vocais firmes e estava visivelmente emocionado, frequentemente se dirigindo ao público com gratidão.

O que pudemos ver é o rei do Heavy Metal em puro e total agradecimento ao seu público e a sua carreira. Com olhos marejados, brilhantes, e com muita energia (apesar de ter sobrado pouca) durante o show.

O grande final: Black Sabbath na formação original, reunído

E então veio o clímax: Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward juntos no palco, provavelmente pela última vez. O público foi à loucura com a sequência final que incluiu War Pigs, N.I.B., Iron Man e, claro, Paranoid. Sob uma fina garoa e um mar de celulares no ar, o Black Sabbath encerrou uma jornada que começou ali mesmo, em Birmingham, mais de cinco décadas atrás.

Produção e experiência

A produção do show foi impecável. A estrutura giratória permitiu que as performances fossem contínuas, quase sem pausas. O som estava poderoso, e os visuais acompanhavam o tom épico do evento. Um dos poucos problemas foi na transmissão online, que sofreu atrasos e travamentos, o que gerou algumas reclamações entre os fãs que assistiam de casa. Mas nada que comprometesse de fato a incrível experiência.

Um adeus icônico e que ficou para a história

“Back to the Beginning” foi muito mais que um show — foi um ritual de passagem. Uma despedida respeitosa, emocionante e poderosa, à altura do legado do Black Sabbath. Todos os elementos estavam ali: o peso, a história, a reverência, a emoção e, claro, o som que moldou o heavy metal.

Com essa última apresentação, a banda encerra sua carreira de forma definitiva, mas deixando um legado que jamais será apagado. Para quem esteve presente, seja no estádio ou do outro lado da tela, ficará a lembrança de uma noite mágica, onde o passado e o presente do rock se encontraram uma última vez.

Black Sabbath começou no subúrbio de Birmingham e terminou com aplausos de todo o mundo. E o silêncio que se segue agora só reforça o quão alto foi o seu som. Vida longa ao Sabbath. Vida longa a Ozzy Osbourne. Deuses e pais do metal.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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