Com o começo de uma nova geração batendo à porta, Call of Duty tem muito a fazer para se manter relevante no mercado. Seria Call of Duty Ghosts o primeiro passo para o caminho certo? Talvez não.
Ghosts é o começo de uma nova linha do tempo na franquia. Em um Estados Unidos destruído por uma invasão sul-americana, o jogador entra na pele de um dos soldados restantes das forças norte-americanas para conter a total obliteração do país.
Como era esperado, a campanha é toda patriótica e a gente tem que salvar os Estados Unidos, e toda aquela coisa. Nenhuma novidade. Além do fiasco das cenas copiadas de Modern Warfare 2, todo o componente single-player passa uma sensação de dejavú gigante.
Os mesmos objetivos que fizemos nos últimos dez anos se mantém presentes: infiltrar em uma base, plantar explosivos, obter informações, capturar ou assassinar alvos de suma importância e por aí vai.
No meio disso, temos as mesmas explosões de sempre, as perseguições em veículos ou a pé, cenas que tentam exageradamente tocar o coração do espectador, e um final daqueles que abre espaço para continuações.
Só para fingir que não tem nada de novo, temos o tão promovido cachorro Riley, seu fiel companheiro do mundo animal. Com tanto marketing você pensa que ele aparece no jogo inteiro, certo? Errado. Na realidade, Riley aparece apenas em algumas missões e mal te ajuda. No final da história, você nem se lembra que ele existe.
Aliás, a campanha inteira você nem vai lembrar que ela existiu. Foi praticamente a mesma coisa que senti com Battlefield: aquilo tudo passou e não agregou nada à minha vida. Não que eu espere uma lição de moral de shooters, mas pelo menos guardar cenas memoráveis não seria pedir demais, né?
Eu sou o tipo de pessoa que se diverte com as campanhas do Call of Duty. Por mais ruins que sejam, é sempre bom como um passatempo. Isso não ocorreu em Ghosts. No final, eu torcia para que não tivesse mais fases, pois não aguentava mais.
Quando os créditos acabaram, eu dei o meu “alt+f4” e fui verificar quantas horas tinha jogado. Apenas quatro horas, que pareceram ser oito, nove, dez ou onze. A campanha se arrasta com fases que são mais chatas do que o normal. Ainda sobraram alguns colecionáveis que não peguei, mas não planejo voltar para pegá-los.
Call of Duty Ghosts – Multiplayer
Sabemos que o carro-chefe de Ghosts é o multiplayer e nisso ele não desaponta. Digo, em partes. Primeiro de tudo, os mapas são – possivelmente – alguns dos melhores desde Black Ops 1. Boa parte deles são áreas mais amplas, onde a ação não ocorre a cada cinco segundos, mas oferece mais espaço para snipers.
É uma troca um pouco injusta, já que o quickscoping voltou mais uma vez à série Call of Duty. Não incomoda como os outros, mas há uma vasta parte de fãs da franquia que abomina esse aspecto do multiplayer.
Posso até ouvir as pessoas reclamarem que é difícil de compreender os mapas do jogo e eu concordo com elas. Você pode morrer praticamente em qualquer lugar. De cima, de baixo, da esquerda, da direita. O design dos mapas é menos focado em chokepoints (desfiladeiros, vales, montanhas) com opções de flanco e mais em pegar o seu oponente de surpresa.
Em relação às Killstreaks fico feliz em informar que elas foram reduzidas consideravelmente. Acabou aquela festa no Modern Warfare 2 ou 3 de termos helicópteros a cada segundo no céu.
Quando o assunto é UAV, acho que foi a maior mudança no multiplayer do Ghosts. Ao invés de termos um robô no céu, agora o UAV é um pequeno satélite que se coloca no chão e pega apenas uma pequena área do mapa. Há quem diga que fica bem mais difícil de matar alguém, mas pelo menos não marcam a sua posição no mapa a cada cinco segundos.
Poderíamos falar dos diferentes modos de jogos, como o novo Search and Rescue, um modo similar ao Search and Destroy, mas com respawn. Na realidade, a versão PC está como o vazio do universo. Com apenas 19 mil jogadores na primeira semana, mais da metade se mata no Team Deathmatch enquanto a outra metade se mata no Ground War ou Domination.
Uma pena, pois modos como Blitz, que oferece um boost de movimento e dano toda vez que mata alguém, ou Infection, que você tem de matar pessoas com uma faca e infectá-las, acabam mortos.
Por fim, temos o sistema de criação de personagem e loadouts. Similar ao que tínhamos em Black Ops I, as armas não são destravadas em relação ao seu level, mas sim com squad points. Os pontos são liberados ao completar objetivos, como matar 100 pessoas com uma arma específica, ou subir de nível.
Obviamente isso facilita demais ter a sua arma preferida já no começo do jogo. Em contrapartida, subir de nível demora muito mais do que os outros Call of Duty.
As perks ainda estão atreladas ao nível, então algumas essenciais, como o SitRep, graças ao novo método de UAV ficam à mercê de jogar horas e mais horas para algo que deveria estar liberado do início.
Nem tudo são flores no multiplayer, principalmente quando falamos da conexão. Sabe aquela história de servidores dedicados no lançamento e tudo mais? Pois bem, nada.
Exctinction é o modo mais divertido de todo o multiplayer
Ainda ficamos presos à conexão P2P até mesmo no PC, com migração de hosts e uma compensação de lag horrenda. Houveram partidas onde na minha visão tinha acabado de ver inimigo, e ele já havia me visto faziam cinco ou dez segundos. Está ruim deste jeito.
Pelo menos isso não afeta o modo Exctinction, facilmente o modo mais divertido de todo o multiplayer de Call of Duty Ghosts. Focado na cooperatividade, você e mais três amigos tem de destruir ovos alienígenas em um mapa onde a Terra supostamente foi atacada por invasores interplanetários. Em resumo, o modo Zombies da Infinity Ward.
Separado do multiplayer convencional, o Exctinction oferece também um sistema de progressão para classes e durante a partida. Além de níveis obtidos após cada round, que libera armas, poderes específicos, você ganha pontos por cada ovo destruído.
Funciona da seguinte forma: existe uma classe cuja habilidade principal é ter mais dano as armas. Durante a partida, com os pontos obtidos, essa habilidade pode ganhar ainda mais potência. Ao término da mesma, todos os pontos são removidos e sua habilidade volta para o dano-base.
A dinâmica do único mapa existente é muito boa. Armas são encontradas pelo cenário em pontos aleatórios, os objetivos mudam de lugar, certas partes são mais fáceis uma vez, mais difíceis em outra e por aí vai.
Como apontado, infelizmente só há um mapa disponível. Após algumas horas, vai acabar na mesmice. Claro que a Activision não vai abandonar esse modo, com certeza veremos mais mapas no pacote de DLC, mas, será que vale a pena gastar mais R$ 100 no Call of Duty Ghosts?
Call of Duty Ghosts – Conclusão
Nos últimos dez anos, sempre peguei Call of Duty no lançamento, sempre joguei mais de 100 horas em cada versão da franquia. Ver o estado que Call of Duty Ghosts foi lançado é de cortar o coração.
O multiplayer ainda continua muito bom, apesar dos mapas confusos, problemas de conexão e um sistema de destravamento meio bizarro. O modo Extinction é muito bom, mas não o suficiente para justificar todo o resto.
O fã mais entusiasta do mundo, ainda encontrará diversão, mas caso jogue Call of Duty apenas de vez em quando, sofrer por problemas de rede e conexão não só vai atrapalhar a sua diversão, como irá comer o tempo que poderia ser gasto com outras coisas mais interessantes.
Temos grandes títulos de peso por aí, como TitanFall, Killzone: Shadow Fall e o já lançado Battlefield 4. Ghosts foi mais um retrocesso na franquia do que um avanço de forma geral.
Call of Duty Ghosts
Desenvolvedora: Infinity Ward
Editora: Activision Blizzard
Gênero: FPS
Plataformas: Wii U, PS4, Xbox 360, PS3, PC
Lançamento: 5 de novembro de 2013
Autor: Lucas Moura
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