Call of Duty já é um grande clássico dos games e tem muitos títulos lançados ao longo dos anos. Surgiu pela primeira vez em 2003, em uma época que até então os games e guerra eram dominados pela série Medal of Honor, de Steven Spielberg. E agora, depois de passear por combates modernos e até futuristas (com o último Infinite Warfare), a série resolveu retornar às raízes ao retratar a temática da Segunda Guerra Mundial com Call of Duty WWII.

Como um jogador desde o primeiro título da série, não dá para esconder que é uma excelente novidade que eles tenham resolvido retornar às suas raízes, e principalmente a um dos eventos históricos de maior importância da humanidade.

Mas será que esta empreitada resultou em um jogo tão bom assim? É o que você confere na nossa análise.

Call of Duty WWII retorna às raízes com combates de pés no chão

Como um jogo da Segunda Guerra Mundial, a campanha começa no Dia D, na praia da Normandia, onde qualquer entusiasta da história das guerras no mínimo sente empolgação de acompanhar aquele evento perigoso e desastroso que resultou em milhares de mortes.

Apesar de trazer uma campanha para um jogador fraca (em termos de roteiro) e com personagens chatos e entediantes, a progressão do game e as cenas de ação, assim como o visual estão excelentes. Tudo flui de forma rápida e proporciona muita diversão entre tiroteios, explosões e missões que geralmente consistem em atacar ou defender pontos estratégicos.

O principal destaque deste título está na volta do estilo clássico dos games de guerra da série. Significa que não existem mais jetpacks, corridas na parede, manobras radicais, futurismo e toda aquela parafernalha que os últimos jogos da apresentaram.

Aqui você encarna um soldado da Segunda Guerra e mantém os pés no chão. Com a necessidade de usar as coberturas para se proteger e ainda um sistema de jogo retrô: não há mais a “cura mágica” de vida com o tempo. Call of Duty WWII faz com que você precise de kits médicos para se recuperar. Significa que você precisa tomar cuidado para não ficar sem kits e munição.

Isso vem com uma novidade interessante: habilidades do esquadrão. Durante a campanha é possível ativar certas habilidades dos membros do esquadrão para conseguir kits médicos, granadas, morteiros, detecção de inimigos e munições. Cada um deles pode ser ativado com atos heróicos ou simplesmente ao eliminar inimigos durante as missões.

Falando nas missões, há variados tipos de aventuras, desde tiroteios até trechos de espionagem, pilotagem de aviões, carros, perseguições e eletrizantes cenas de ação. Tudo com efeitos sonoros bem produzidos e uma boa dublagem, seja na ambientação e gritos dos aliados ou inimigos, ou na dublagem (em inglês, a versão brasileira ficou horrível) dos personagens.  O que torna este game, em questão de jogabilidade e diversão, uma excelente experiência.

As minas no meio do caminho

Como um game para passar o tempo e se divertir, cumpre o seu papel de forma satisfatória, mas não traz qualquer surpresa ou aquela sensação de empolgação de estar desfrutando de algo realmente bem feito.

Isso se deve principalmente pela negligência da produção em vários aspectos. A começar pelo roteiro e pelos personagens apresentados. A campanha, narrativamente, é entediante, assim como os personagens — que não oferecem qualquer profundidade e são soldados genéricos. Para você ter uma ideia, controlamos um fazendeiro que anda com a foto da sua namorada no bolso, e que tem lembranças de um desastre ocorrido com seu irmão quando ele era criança.

Tudo isso embalado em muitas cenas clichês e o companheirismo patriota típico dos Estados Unidos. Onde os membros do esquadrão dão a vida pelo amigo, cheio de melodramas e momentos que eram para despertarem emoção. Mas infelizmente a gente nem consegue se emocionar com nada, levando em conta a superficialidade geral de absolutamente todos os personagens.

Quem curte e está acostumado a produções realmente decentes de guerra, seja em jogos como Brothers in Arms e até Battlefield (em especial a série Bad Company) ou em filmes como O Resgate do Soldado Ryan, Platoon, Apocalypse Now, Band of Brothers, não conseguirá criar qualquer apreço pelo argumento de Call of Duty WWII.

A jogabilidade em si também foi comprometida. Em muitos momentos nem dá para enxergar os inimigos e você simplesmente morre sem saber de onde veio o tiro. Isso quando você não confunde (acontece frequentemente) com um de seus companheiros e o jogo é interrompido por “fogo amigo”.

Outros pontos negligenciados são a trilha sonora (que mantém o mesmo nível constante o jogo todo) e o fator histórico: muitos dos elementos que estão no game não condizem com a realidade. Armas erradas, uniformes, aspectos gerais da época e de como aconteceu a guerra.

As batalhas online e o modo Zumbis Nazistas

O modo multiplayer do título também apresenta algumas novidades, como o sistema de classes que foi modificado para Divisões. Basicamente o jogador escolhe uma divisão para aprimorar habilidades específicas: Airborne concentra-se na velocidade e no sigilo, Montain com os atiradores, a Infantaria é boa em todos os aspectos, os Blindados estão equipados com o equipamento mais pesado e o Expedicionário traz os incendiários para a batalha. Cada divisão tem suas armas, anexos e vantagens.

Além disso, há um modo Headquarters (Quartel), onde o jogador controla o personagem em terceira pessoa e acessa menus e recursos antes das batalhas, como abrir caixas de prêmios ou coletar missões a serem completadas.

Em geral, os mapas são bem construídos e a experiência online se aproxima de títulos anteriores, apesar de não superar Call of Duty: Modern Warfare.

Há também multiplayer local para jogar contra bots e o modo de Zumbis Nazistas — que pode ser jogado tanto online quanto com um amigo em tela dividida. A produtora vendeu esse modo como uma “campanha para um jogador”, mas não é bem assim. Consiste em um mapa onde enfrentamos ondas de zumbis e é possível comprar armas, munições e abrir partes do mapa usando o “dinheiro” do jogo coletado ao matar os zumbis. Quanto mais forte o personagem, mais fácil completar o modo.

Uma coisa que nunca vou engolir, é pagarmos um game completo (no Brasil, R$ 200) e existirem microtransações — que influem diretamente no seu sucesso e jogabilidade online. Além disso, à parte do jogo completo, há variados pacotes para downloads que a produtora lança aos poucos para aumentar mais a lucratividade e renda.

Isso, no entanto, é uma tendência da indústria atual e não há o que façamos para lutar contra. Afinal, quando há demanda, há oferta. Só é uma pena pagarmos R$ 200 por um jogo que não é exatamente completo e é desenvolvido previamente com a estratégia de cortar conteúdo para ser vendido depois do lançamento como DLC.

Sucesso e fracasso

Call of Duty WWII é, no final das contas, um excelente produto como diversão rápida, mas peca em diversos aspectos como uma experiência mais aprofundada e cuidadosa. Fica aquela impressão de que muita coisa foi feita às pressas, ou sem a dedicação e detalhamento necessário.

É como se a Sledgehammer Games (a produtora) tivesse em mente que eles já tem uma base de fãs consolidada, e quase qualquer coisa que for lançada, o dinheiro em caixa vá fluir, independente dos descuidados na hora da produção. Em parte, isso é verdade, pois muitos jogadores não ligam muito se os games retratam com fidelidade ou não fatos históricos, e até pulam as cenas da história para só atirar, explodir e atirar. Mas para quem busca algo mais, pode se decepcionar um pouco.

Apesar de não ser um representante do retorno da glória da franquia Call of Duty (como ele foi anunciado e vendido), trata-se de um título que proporciona horas de diversão, seja na campanha de cinco a seis horas, ou nos modos online e de zumbis nazistas — que permite a jogabilidade em modo cooperativo. Levando tudo isso em conta, é um bom e variado pacote.

Call of Duty WWII

  • Desenvolvedora: Sledgehammer Games | Raven Software
  • Editora: Activision
  • Plataformas: PC/PS4/XONE
  • Gênero: Tiro em primeira pessoa (FPS)
  • Data de Lançamento: 03/11/2017
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