A EICMA deste ano, em Milão, trouxe uma daquelas surpresas que fazem qualquer motociclista parar no corredor para olhar duas vezes. No meio das máquinas futuristas e protótipos ousados, a Shoei apresentou o GT-Air 3 Smart, o primeiro capacete do mundo com um visor de realidade aumentada integrado de fábrica.
Resultado de uma parceria entre a Shoei e a francesa EyeLights, o modelo combina proteção de alto nível com um display que projeta informações diretamente no campo de visão do piloto, transformando o ato de pilotar em algo muito próximo da ficção científica.
A EyeLights colocou dentro do capacete sua terceira geração de tecnologia HUD, escondendo bateria, projetor, fiação, microfone e alto-falantes sob a carcaça, sem comprometer o conforto nem a aerodinâmica.
O peso aumenta apenas alguns gramas em relação ao GT-Air 3 tradicional, que originalmente marca cerca de 1,7 kg. A estrutura externa continua sendo o composto AIM da Shoei, uma mistura reforçada de fibra de vidro e fibras orgânicas criada para superar as normas de segurança DOT e ECE 22.06.
A ventilação também segue caprichada, com entradas amplas no queixo e no topo que empurram ar por canais internos até as saídas traseiras, mantendo a cabeça fresca mesmo em viagens longas.
O visor é o CNS-1C com pinlock antiembaçante, e o óculos solar QSV-2 embutido desce para cortar o brilho sem esforço.
É quando você baixa o visor que a mágica começa. Um nano-OLED em miniatura projeta imagens em Full HD com um brilho absurdo de 3.000 nits, forte o bastante para se manter legível até sob sol de meio-dia.

A sensação é de ter o painel da moto materializado à sua frente no ar: velocidade, instruções de GPS, alertas de radar, notificações de chamadas e até um pequeno mapa acompanhando o trajeto.
Tudo aparece no canto superior do campo de visão, sem bloquear a pista e eliminando a necessidade de olhar para baixo o tempo todo. Segundo a EyeLights, o tempo de reação do piloto melhora em mais de 30%, efeito comprovado por testes internos de atenção.
O capacete conversa com um app no celular, onde é possível ajustar o layout do HUD, escolher o que exibir, controlar música e ativar assistentes de voz como Siri ou Google Assistant.
A parte de comunicação também ganha bastante força. O Bluetooth integrado funciona com intercomunicadores de qualquer marca, sem exigir protocolos específicos.
Em modo online, o alcance é ilimitado e, no offline, os grupos podem incluir vários pilotos sem queda de conexão. Os alto-falantes ficam em nichos próprios para garantir equilíbrio sonoro, enquanto o microfone com cancelamento ativo suprime vento e ruído do motor durante chamadas.
A bateria passa de dez horas de uso misto e recarrega via uma porta USB-C discretamente instalada na base, nada de módulos pendurados para fora do capacete.
A Shoei manteve o foco na segurança em cada ponto. O EPS de densidades variadas absorve impactos de maneira inteligente, mais rígido no topo e mais macio perto da mandíbula.
As almofadas das bochechas giram sem pressão excessiva, e o forro Max-Dry 3D regula a umidade durante viagens puxadas.
A projeção em RA foi calibrada para não poluir a visão periférica e, em altas velocidades, o sistema automaticamente reduz elementos não essenciais, priorizando alertas importantes como aproximação de veículos.
As pré-vendas começaram na própria EICMA e no site da EyeLights, com envio previsto para meados de 2026. O preço de US$ 1.199 coloca o GT-Air 3 Smart muito acima da versão convencional, mas para quem cruza estradas por horas e busca mais foco, segurança e imersão, este pode ser o primeiro vislumbre do futuro dos capacetes.
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