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Cavaleiro da Lua – Episódio 1 | Crítica: Cacos de vidro

Finalmente tivemos a estreia de Cavaleiro da Lua, o primeiro passo da Marvel Studios para 2022. Com a sua chegada, finalmente voltaremos a ter um rumo para seguir no Universo Cinematográfico da Casa das Ideias, mostrando o que o futuro reserva para todos estes heróis. Após uma leva forte de séries como Wandavision, Loki e até mesmo Gavião Arqueiro, as expectativas estavam altas e a entrada de um personagem não tão conhecido assim poderia ser uma ótima pedida neste mix.

Porém, aquilo que vi no primeiro episódio do seriado me pareceu um tanto confuso no geral. A ideia principal está lá e é muito bem mostrada. Acompanhamos Steven, um vendedor dentro do museu de Londres que entende até demais de mitologia egípcia, mas está amaldiçoado a viver atrás do balcão sob as ordens de sua chefe, Donna. Porém, há algo escondido dentro de si que, quando desperta, não resulta em coisas boas. Nem para si ou aos demais.

Para resolver isso, ele se prende durante as noites para não fugir inconsciente por aí. Steven também se mantém o máximo de tempo acordado para evitar algo que não goste de ver. Tudo isso não seria um grande problema se o nome real dele fosse este. Na verdade, ele é Marc Spector. E por mais que ele esteja numa zona de conforto em sua vida atual, o que ele representa é muito maior do que suas forças seriam capazes de evitar e o misto de personalidades começa a se fazer presente.

Steven, na verdade, é Marc Spector

Juntando os pedaços do Cavaleiro da Lua

A confusão que eu acuso o primeiro capítulo de Cavaleiro da Lua nem é essa, para ser bem sincero. Todas as cenas onde vi Steven ou resquícios de Marc são produzidas de forma excelente e me agradaram bastante. Ele realmente parece aquele personagem que vamos acabar nos afeiçoando e tendo uma empatia com sua jornada. Ainda é cedo para determinar quais personalidades vivem ali e como elas reagirão a tudo que rola, mas a proposta continua interessante da mesma forma.

Meu problema com o seriado, neste caso, foi a direção. Me parece que eles tentaram apresentar coisas demais logo de cara e isso acabou não casando bem com o ritmo que seguiam. Em cerca de 40 minutos, vi a confusão mental de Steven e Marc, conheci o grande vilão da produção, vi um pouco do próprio Khonshu, acompanhei eles seguirem do humor para o terror e depois ação…coisas demais para pouco tempo. Confesso que preferia conhecer mais dos dilemas pessoais dele do que ver tanto que me soou vazio.

Neste sentido, minha preferência segue com Wandavision se formos comparar os dois materiais. Não mostrar nada pode parecer ainda mais certeiro do que querer demonstrar um pouco de tudo e isso acabar sendo jogado de formas não-agradáveis para o público. Aqui também há um mistério, que acredito fielmente que a Marvel vai destrinchar e revelar conforme nos aproximarmos do final. Sempre confiei neles neste sentido. Porém, se tivessem investido um pouco mais no terror e deixado a ação de lado, teria sido um ponto mais apreciado para o que desejam demonstrar ali.

É muita coisa em um episódio só, confundindo o ritmo para o público

Aí você me dirá que isso faz parte da cartilha do estúdio, que está preenchendo apenas aquilo que eles sabem que já dá certo e que dará um retorno financeiro justo. Porém, gostaria de saber onde foi parar a coragem que tiveram em 2021 com Wandavision e com What If… por exemplo. Nem tudo precisa ser resolvido com tiros, perseguições e grandes sequências de batalha. E enquanto Cavaleiro da Lua seguia sem isso, estava ótimo, de verdade. No momento que enfiaram ele em perigo parece que a chave de interesse desligou automaticamente e virou uma cena genérica para preencher o espaço ali.

Ao contrário delas, há momentos realmente impactantes que me fizeram arrepiar enquanto assistia. Em um deles, quando Steven está no elevador e o equipamento não se move, as luzes piscam, o corredor fica absurdamente escuro e as coisas no mundo real continuam normalmente fora da percepção de Steven é espetacular. Há outro, onde ele está no banheiro cheio de espelhos e cada um dos reflexos se move de forma distinta também achei incrível. Nestes pontos o seriado brilhou para mim. Entrou justamente na proposta do herói e atingiu o clima que as suas HQs carregam. De resto, pareceu que foi inserido apenas para agradar executivo da Disney.

Algumas cenas vão te arrepiar de verdade

Todo mistério tem uma resolução

Óbvio que pode estar sendo cedo demais para eu dizer uma coisa destas, mas não é algo que eu acredito que vá mudar nos próximos. O mistério será resolvido, veremos mais do próprio herói e da mitologia egípcia no decorrer dela e também dos personagens que rodeiam ele. Teremos explicações e isso nem coloco em dúvida. O maior temor que carrego é continuarem tentando fazer de tudo e não chegar a lugar algum em termos de produção. Acertaram no terror, foquem nele. Porque a ação convencional não parece encaixar ali e posso ser sincero? Até tirou um pouco do brilho do vilão, qual vi que podia gerar cenas interessantes.

E por mais incrível que pareça, por mais que Steven se meta em todos os tipos de problemas com suas personalidades distintas e um grupo criminoso atrás de si, tive mais empatia com a sua chefe Donna. Assista o primeiro episódio de Cavaleiro da Lua e verá, poxa, a mulher só quer trabalhar em paz. E aí vemos ele chegar atrasado todo dia, fugir de suas atribuições comuns, não fazer as coisas direito…poxa, assim força a barra meu amigo. A cada vez que ela pede algo e ele faz justamente o contrário, penso que merecia era ser demitido logo daquele museu. Até mesmo Tony Stark não conseguia escapar das consequências de seus atos, temos de combinar.

E falando no Universo Cinematográfico Marvel no geral, a série entrega justamente aquilo que prometeu: absolutamente nada. Por mais incrível que pareça, isso é muito bom. Não há chuvas de referências, não há citação aos Vingadores ou invasões alienígenas. Não temos a aparição de uma grande estrela nas entrelinhas nem nada do gênero. Eles estão mergulhando em um mundo completamente novo e vamos ser sinceros, o estúdio precisava fazer isso de vez em quando. Mesmo com Londres sendo palco para Homem-Aranha: Longe de Casa e parte de Os Eternos, nem chegam a falar a respeito de seus confrontos e espero que continue assim.

Até o vilão perde o brilho com cenas desnecessárias de ação

A representação da Enéade e de todas as explicações dos mitos egípcios se encaixaram perfeitamente, mostrando que a cultura do país pode sim ser adaptada de forma justa e trazendo conhecimento. Toda vez que algo era citado, me vinha na mente que podemos ter o mesmo tratamento que Thor recebeu e mostrarem outros deuses dos demais panteões. Se isso for abrir portas para Hércules também, que seja ainda mais explorado. Neste quesito eu vi muito respeito ao que existia no passado e estão de parabéns pelo conteúdo.

Bom, de qualquer forma teremos de aguardar pelos próximos capítulos para afirmar ou não que ela seja boa. Este primeiro se mostrou um verdadeiro saco de ideias espalhadas que foi balançado e despejado na Disney+. Se os próximos mostrarem uma organização melhor dos elementos e dar uma sequência digna que o personagem merece receber, creio que pode se tornar uma grande série da Marvel. Enquanto isso, sigo apenas na expectativa e na hype que a última cena gerou. Engatando forte naquilo que realmente queremos ver, foi um bom gancho. Só precisamos que o resto aproveite isso e puxe na direção certa.

Cavaleiro da Lua é exibido todas as quartas-feiras através da Disney+, a partir das 5h. Veja mais Críticas de Séries!

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