No episódio desta semana de Cavaleiro da Lua, qual marca o penúltimo da temporada, finalmente tivemos o grande flashback explicando o que houve na vida de Marc Spector e Steven Grant. E ainda que eu tenha assistido Vingadores: Guerra Infinita, Wandavision e até Loki, não esperava algo tão denso ou triste dentro do Universo Cinematográfico Marvel. Devo informar que, caso você tenha algum trauma ou esteja sensível, será melhor deixar ele para ver em algum momento mais propício.
Aqui não temos sangue ou algo que seja tão sinistro a ponto de te causar um pesadelo. Neste sentido, ele foi bem mais leve que os demais, inclusive contando com pouquíssima ação. O que pegará aqui é justamente uma explicação plausível de como se pode quebrar um ser humano. E não digo de seu corpo, mas sim a sua mente. A direção e roteiro são extremamente cirúrgicos ao apontar que o protagonista já se encontrava em uma situação complexa e não foi a capa e seus poderes que começaram isso.
Se tem uma definição melhor para o que sinto após assistir o que o MCU teve a me apresentar agora, a palavra correta é tristeza. Não falo isso apenas pelo plot twist do fim, qual pouparei vocês e deixarei assistirem para refletirem sobre. Porém, por conseguir ver a forma como este personagem se desenvolveu e cresceu, todos os problemas que teve e a forma que encontrou para se sobressair a isto. Eu mesmo me peguei no cenário inevitável de recapitular alguns eventos enquanto assistia, algo que creio que acontecerá com todos.
Cavando memórias com o Cavaleiro da Lua
Fiquem calmos, caros leitores, não passei por nenhuma situação tão traumática ou impactante quanto o Cavaleiro da Lua. Na verdade, devo parabenizar a produção, que me impactou a ponto de pensar em coisas que conscientemente eu nem me lembrava bem. Por isso aconselho você, se não estiver tão bem assim, deixar isso para depois. A força dele nesta semana é emocional, pegando o espectador pelos sentimentos para compreender a situação de Marc e Steven.
Os dois passam por uma verdadeira recapitulação de toda a sua vida até o ponto de atingirem o equilíbrio. Isso não é nada fácil e os obriga a reviver uma série de situações que não desejavam presenciar novamente. Porém, era inevitável e a forma como isso é forçado aos dois é extremamente visível pelo olhar de Oscar Isaac. Aclamar a atuação dele é pouco, com mais um episódio surpreendendo o profissionalismo dele e sua capacidade de transmitir emoções de forma tão singela e real.
Taweret mostra que ambos estão prestes a entrar no mundo dos mortos e há duas formas de se fazer isso. Uma é colocando a casa em ordem e equilibrando o coração junto à pena da verdade. Assim, eles serão levados para os Campos de Junco. Caso a pena seja mais leve, eles seriam jogados do barco e sua alma ficaria congelada para todo o sempre nas areias do deserto. Obviamente que eles decidem equilibrar as coisas, porém quem disse que este trabalho seria simples?
Remontando todo o passado do protagonista, vemos uma saga de origem e temos ao menos uma grande parte de sua psique explicada. Vou ser sincero com vocês, acredito que ainda haja muito o que ser compreendido e não creio que conseguirão nos contar tudo com apenas um episódio faltando. Se formos parar para analisar, temos Konshu preso, Arthur Harrow e seus capangas com Layla em suas mãos, os deuses egípcios tentando manter sua neutralidade e um homem cujas personalidades estão em total desordem. Ainda que tenhamos 1h para o último capítulo, será que conseguem dar um desfecho positivo e que amarre todas as pontas?
Ainda que Cavaleiro da Lua consiga fazer isso, minha dúvida é se eles correrão com o roteiro e a ação para satisfazer o público. Sendo bem direto, eu creio nas produções do MCU quais, até hoje, não me desapontaram tanto. Óbvio, vamos pular Thor: O Mundo Sombrio e Homem de Ferro 2 e 3 nisso. Porém acredito que tanto Marc Spector quanto Steven Grant poderiam se favorecer de pelo menos um episódio a mais para estabelecer melhor a sua estadia neste universo como os demais.
A estrada para o fim
Outro grande fator no que vimos nesta semana é a sensibilidade da produção de mostrar que tudo chegará ao fim. O pior que nem estou falando apenas sobre o seriado, mas sim da própria vida no geral. Sabe aquele ditado que vemos tudo o que passamos naquele mísero instante que nos separa da morte? Aqui eles trazem uma história sobre isso, com Tawaret guiando eles pelo caminho de seu barco no meio do deserto.
Ela explica que cada um de nós temos uma visão interna sobre isso, sendo a de Steven e Marc um manicômio. Outras pessoas enxergam um castelo, algumas o seu próprio lar e isso varia para cada ser humano. Geralmente é um lugar qual julgamos pertencer e dará o conforto da familiaridade. Infelizmente os dois heróis tem a completa noção que estão mentalmente abalados e acreditam que deveriam estar dentro do hospício. Apesar disto, temos um vislumbre muito bom de como funciona a dinâmica deles e dá um bom panorama de como podem superar seus próprios traumas antes de sua vida acabar.
O fim disto é mais impactante do que no último episódio de Cavaleiro da Lua, mas a equipe da Marvel Studios decidiu nos pegar pela tristeza do que por uma surpresa. Tentando simplificar as coisas para o que está por vir, temos um final dramático e que fará muitos de vocês colocarem a mão na cabeça e se perguntar como as coisas funcionarão daqui em diante. Para mim, será muito complicado manter o charme da trama depois do que aconteceu, mas estou disposto a dar uma chance para o último capítulo mostrar que estou errado.
Mesmo que a trama voltou a ser focada estritamente em Oscar Isaac e seus vários personagens, o lado de fora não foi esquecido e acaba sendo citado várias vezes. Layla não dá o ar de sua graça, por exemplo, mas volta e meia é lembrada em diálogos e seu envolvimento com o herói. Khonshu acaba na mesma situação, voltando a surgir em flashbacks que mostram o início de seu relacionamento com o protagonista. Até algumas verdades são ditas sobre esses elementos, o que me deixou surpreso de terem abordado.
Pulando o questionamento que fiz na semana anterior, de onde tudo isso pertenceria dentro das grandes histórias da Marvel, agora a minha pergunta se torna outra. O quinto episódio me fez pensar onde Marc Spector vai parar e o que tudo isso pode significar para a sua vida daqui em diante. Se é que ele conseguirá encontrar um caminho de volta de onde foi parar, logicamente. De qualquer modo, antes de começar e dar o play, respire fundo. Estejam prontos para se abrirem. Não para alguém, pior ainda, para si mesmos. E quando terminarem, quem sabe que tipo de verdades nos aparecerão?
Cavaleiro da Lua é exibido todas as quartas-feiras através da Disney+, a partir das 5h. Veja mais Críticas de Séries!