Agora que temos toda a experiência de Cavaleiro da Lua sob perspectiva, podemos refletir exatamente em seu significado. Apesar de não se entrelaçar diretamente com nenhum evento dentro do Universo Cinematográfico Marvel, ela permite que uma novas figuras surjam em seu interior. Fomos apresentados a Marc Spector, Steven Grant, aos deuses egípcios e toda a sua influência dentro do nosso planeta. E isso, pelo visto, ficará presente cada vez mais nos demais capítulos desta nova saga.
Mudando um pouco os ares do que vimos nos últimos episódios, temos no último episódio uma demonstração clara de toda a fórmula do estúdio que todos estão cansados de ver. Assim como foi em Wandavision, ao invés de finalizarem seguindo a mesma linha do que demonstraram, optaram por ação e combates de escalas épicas para encerrar uma trama delicada e que exigia um certo cuidado.
Não que o conteúdo tenha sido ruim, porque realmente não foi. Ver como tudo se entrelaçou para formar um desfecho é satisfatório e não perdeu em nada para nenhum dos outros materiais da Casa das Ideias. Se você se recorda da batalha final entre Wanda & Agatha e Gavião Arqueiro & Rei do Crime, estará mais do que preenchido de excelentes cenas de ação e até mesmo algumas surpresas durante o capítulo final. Ouso dizer que é ainda melhor que os seriados anteriores neste sentido, inclusive.
O tropeço do Cavaleiro da Lua
Porém, ainda que eu sinta ser melhor que as suas predecessoras, a série do Cavaleiro da Lua teria se aproveitado bem mais de um debate como foi em Loki. Ao abrir as portas do multiverso e ver que apenas um ser controlava tudo, tudo que podiam fazer era sentar e discutir os termos daquela posição. Não que eu não quisesse ver Marc Spector empurrando aquele bastão dentro da goela de Harrow, isso era extremamente necessário, mas a delicadeza e sutileza dos episódios anteriores desapareceram de forma abrupta e causa desconforto pela mudança de ritmo.
Aqui vemos que o vilão finalmente conseguiu botar as mãos em Ammit, ameaçando tomar as almas impuras do Cairo e, depois, de todo o mundo. Com o destino nas mãos de um Marc Spector falecido e Layla, que não possui poderes nem a ajuda dos deuses, eles têm de correr contra o tempo para reverter toda essa situação. No meio do caminho, claro, várias batalhas e corpos pelo caminho são mostrados até o final.
Como eu afirmei acima, em questão de efeitos visuais e cenas de batalha, este foi de longe um episódio espetacular. Vou poupar vocês de algumas surpresas que rolam pelo caminho, já que proponho entregar meus textos sem spoilers. Porém, é impossível não assistir ao conteúdo sem se maravilhar pelo rumo que tomaram para demonstrar como seria um verdadeiro combate entre deuses. Nem mesmo os Vingadores saberiam encarar aquilo que aparece por aqui, o que me deixou empolgado pela diferença de escalas que são confrontadas.
A grande questão é que aquilo visto em Cavaleiro da Lua, qual deixou ela aclamada até aqui, basicamente desaparece para entregar apenas ação. Alguns momentos até retomam certo nível atingido pelos demais, como um diálogo sincero entre as partes envolvidas pelo caos de Khonshu e até mesmo o retorno do hospício em uma iluminação interna do personagem. Porém, nenhuma destas partes é estendida como foi anteriormente. Aparições rápidas, conversas curtas e pronto, “tudo resolvido”.
Essa fórmula Marvel é o que realmente cansa dentro deste universo. Independente do que aconteça, todos terminam bem e as coisas ficam resolvidas. Confesso que terminei o episódio com um gosto meio amargo, por mais que tenha entregue tudo e mais um pouco. A mudança de ritmo que foi da água ao óleo em um piscar de olhos, o desfecho que não agrada tanto e a falta de explicação sobre alguns fatores me deixou desanimado com uma série que tinha tudo para dar certo. Aí nesta tristeza repentina que tive, me veio a cena pós-créditos e me fez acreditar novamente que algo excelente tinha sido colocado em minha frente.
Assistam a cena pós-créditos
Vou ser sincero, diferente dos outros conteúdos do estúdio, neste a cena pós-créditos é complementar à história apresentada e te fará ser impactado por uma verdade que ninguém quis encarar. Ela não te mostra onde o personagem vai parar no futuro nem contém nenhuma aparição extra do vasto elenco de heróis diferenciados. Ela apenas te mostra que há muito mais ali do que um episódio foi capaz de contar.
Podemos, assim, ter um vislumbre de quais serão os próximos passos do Cavaleiro da Lua? Sim, até que conseguimos fazer isso. Mesmo assim, é extremamente difícil ter de falar que você tem de assistir até a última cena para compreender um pedaço que até ali era incerto de existir. Considerando que esta é uma série limitada e talvez não conte com uma segunda temporada, não saber se veremos algo tão espetacular no futuro pode te causar o efeito contrário.
Não me surpreenderia nada ver alguém afirmando que teremos um filme do personagem ou até uma participação em conjunto como Homem-Formiga e a Vespa. Me parece o caminho natural, considerando o que é visto no final. Desta vez o estúdio acertou em não dizer para ninguém onde isso vai parar. Em Wandavision sabíamos que a Feiticeira Escarlate seria uma parte essencial de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. Loki colocou em nossa frente uma segunda temporada anunciada no series finale. A amizade de Kate Bishop e Yelena Belova foi o suficiente para mostrar que elas se verão no futuro. Já Marc Spector, Steven Grant e Khonshu? Fica na sua imaginação.
Pode até parecer maldade, mas foi exatamente neste fator que a Marvel Studios conquistou o seu fiel público através das mais de vinte produções. Vimos Nick Fury no fim de Homem de Ferro, ele fala bem claro sobre a iniciativa Vingadores, mas nem tínhamos ideia de como isso funcionaria em tela. Aqui temos algo semelhante, mas de uma forma completamente diferente. Já adianto que não é para esperar nenhuma aparição de última hora, mas sim algo que pode definir este personagem para o futuro deste universo. E como isso vai funcionar será demonstrado só quando Kevin Feige quiser.
Em minhas últimas palavras aqui sobre o seriado, ele vale sim a pena. E muito. Apesar de não concordar que o final faça jus a tudo construído até aqui, me soou bastante como Wandavision foi montado. Ele não vai tirar o mérito do que foi visto, apenas amarrar as pontas com a clássica ação e combate entre o heroísmo e a vilania. Porém, ambas perdem espaço para uma discussão sincera sobre as condições impostas até ali, como Loki fez. Pelo menos uma certeza fica: há um grande mal por aí e caberá a alguém dar conta do recado. Veremos no futuro como isso será realizado.
Todos os episódios de Cavaleiro da Lua estão disponíveis através da Disney+, a partir das 5h. Veja mais Críticas de Séries!