A China deu o primeiro passo para construir um supercomputador espacial movido por inteligência artificial. O projeto, batizado de “Constelação Computacional Três Corpos”, lançou na última semana os primeiros 12 de um total planejado de 2.800 satélites, a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no noroeste do país.
A proposta é ambiciosa: montar, no espaço, uma rede capaz de processar dados diretamente em órbita, sem depender de centros de dados em solo para transmitir informações de ida e volta entre a Terra e o espaço.
Além de acelerar o processamento, o sistema dispensa a enorme quantidade de água usada para resfriar supercomputadores terrestres.
Cada satélite leva um modelo de IA com oito bilhões de parâmetros, capaz de analisar dados brutos no próprio espaço.
Juntos, os satélites terão potência para realizar até um quintilhão de operações por segundo, o que deve colocar essa constelação no mesmo nível dos supercomputadores mais potentes do planeta.
Segundo a startup ADA Space, que participa do projeto, os satélites também carregam cargas científicas únicas, capazes de detectar explosões de raios gama e até gerar “gêmeos digitais” da superfície terrestre, modelos virtuais usados por serviços de emergência e outras áreas.
Apesar da ideia de computação orbital não ser nova, especialistas como o astrônomo de Harvard Jonathan McDowell destacam que esta é a primeira tentativa em larga escala com chances reais de funcionar.
Ele comentou ao South China Morning Post que projetos de computação em nuvem no espaço viraram tendência, com empresas como Axiom Space e a Blue Origin de Jeff Bezos preparando seus próprios satélites para esse fim.
Diferente dos centros de dados terrestres, que, segundo a Agência Internacional de Energia, podem consumir até tanta energia quanto o Japão até 2026, os sistemas orbitais podem operar com energia solar e dissipar o calor diretamente no espaço, o que reduz o consumo e a pegada de carbono.
Com o lançamento dos primeiros satélites da constelação, a China sai na frente em uma corrida tecnológica silenciosa com os Estados Unidos. Mas, por enquanto, ainda não dá para dizer quem vai realmente cruzar a linha de chegada primeiro.
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