Uma parceria entre a agência de marketing VML, a Lab-Grown Leather Ltd. e a The Organoid Company está gerando polêmica – e curiosidade – com o anúncio de um material inédito: um “couro de T-Rex” cultivado em laboratório. Apesar do nome impressionante, a técnica não usa DNA do dinossauro (como alguns rumores sugeriram), mas sim fragmentos fossilizados de colágeno extraídos de fósseis.
O processo começa com a The Organoid Company reconstruindo a sequência completa do colágeno do T-Rex, comparando os vestígios antigos com animais modernos, como galinhas. Em seguida, os pesquisadores sintetizam um DNA artificial que carrega esse código genético modificado. Esse material é então inserido em células, que são cultivadas em uma plataforma de bioengenharia da Lab-Grown Leather – um sistema que dispensa estruturas de suporte, permitindo que as células se organizem sozinhas, formando uma camada semelhante ao couro natural.

O resultado? Um tecido biodegradável, livre de abate animal e, segundo as empresas, com propriedades próximas ao couro tradicional. A ideia é que, até o final de 2025, o material possa ser usado em produtos de luxo, como bolsas, e futuramente até em estofamentos de carros.
Mas será que isso é realmente possível? A ciência tem suas dúvidas. Até hoje, nunca foi encontrada uma amostra preservada da pele de um T-Rex – o colágeno usado vem de ossos fossilizados, e as poucas impressões de pele descobertas são muito fragmentadas. Sem saber exatamente como era a pele do dinossauro, afirmar que é possível recriar seu “couro” soa mais como marketing ousado do que como fato científico.
Ainda assim, o projeto está chamando atenção. Professor Che Connon, da Lab-Grown Leather e da Universidade de Newcastle, defende a inovação:
“Nossa plataforma de bioengenharia mais uma vez prova sua versatilidade. Ao colaborar com a VML e a The Organoid Company, estamos explorando o potencial de criar couro a partir de espécies pré-históricas, começando pelo imponente T-Rex. Essa iniciativa mostra como a tecnologia celular pode desenvolver materiais inovadores e éticos.”
Enquanto alguns veem a iniciativa como um avanço na moda sustentável, outros questionam se não se trata apenas de um truque publicitário – afinal, sem evidências concretas da pele do T-Rex, como garantir que o produto final é realmente fiel ao dinossauro? Seja como for, a ideia de carregar uma bolsa feita de “couro jurássico” certamente vai agitar o mercado. Resta saber se o material vai sobreviver ao teste do tempo… ou se será extinto tão rápido quanto seus supostos donos originais.
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