O Foie gras, famoso por seu sabor rico e textura aveludada, sempre carregou uma polêmica: seu método tradicional exige a alimentação forçada de patos ou gansos até que seus fígados inchem de gordura.
Agora, cientistas podem ter encontrado uma solução que mantém o sabor icônico — sem o sofrimento animal.
A ciência por trás do foie gras ‘ético’
Uma equipe liderada por Thomas Vilgis, do Max Planck Institute for Polymer Research (Alemanha), em parceria com a University of Southern Denmark, desenvolveu um método que dispensa completamente a alimentação forçada. A técnica consiste em:
- Coletar fígado e gordura de aves criadas sob condições normais.
- Tratar a gordura com lipases (enzimas digestivas naturais das aves), que quebram as moléculas de gordura, replicando a textura cremosa do foie gras tradicional.
O processo, descrito em estudo publicado na Physics of Fluids, foi testado com microscopia a laser e análises de deformação, confirmando que o produto final tem sabor, aroma e textura quase idênticos ao original — sem aditivos artificiais.

Vantagens e controvérsias
A redução de crueldade é a principal vantagem, pois elimina o sofrimento da alimentação forçada. Além disso, é um processo natural: usa apenas enzimas já presentes no organismo das aves. Mas ainda não é vegano, requer abate, o que mantém debates éticos.
A equipe já patenteou a técnica e busca parcerias para levar o produto ao mercado.
Outras alternativas em desenvolvimento
Há também outras alternativas em pesquisas, como o Foie gras “selvagem”. O produtor espanhol Eduardo Sousa cria gansos que se alimentam naturalmente durante a migração, engordando sem intervenção humana.
E o Foie gras cultivado em laboratório, em que empresas como a Gourmey trabalham em versões feitas a partir de células de pato, sem abate.
O futuro dos pratos de luxo
Enquanto o foie gras tradicional enfrenta restrições em vários países (como a proibição em cidades como Nova York e São Francisco), essas inovações mostram que a gastronomia pode equilibrar tradição e ética — sem sacrificar o sabor.
“É um passo importante para reduzir o sofrimento animal, mesmo que ainda não seja a solução perfeita”, diz Vilgis.
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