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Coca-Cola lança novo comercial feito por IA, com 70 mil clipes e 100 pessoas envolvidas, e o resultado ainda é desastroso

A Coca-Cola decidiu apostar novamente na inteligência artificial para celebrar o Natal, mas o resultado deixou muito a desejar. O novo comercial da marca, intitulado “Holidays Are Coming”, é uma tentativa de reviver a icônica campanha de 1995, desta vez em parceria com a empresa de tecnologia Silverside AI. Apesar de todo o esforço, e de uma produção que envolveu cerca de 100 pessoas e mais de 70 mil clipes gerados por IA, o vídeo acabou chamando atenção mais pela estranheza do que pela magia natalina que pretendia transmitir.

O novo anúncio é uma continuação direta da experiência desastrosa do ano passado, quando a Coca-Cola apresentou seu primeiro comercial natalino totalmente feito por IA. Naquela ocasião, o público não perdoou as falhas bizarras: rostos humanos deformados, expressões robóticas e caminhões da marca com rodas girando em direções diferentes renderam uma onda de piadas nas redes sociais.

Dessa vez, a empresa tentou evitar os mesmos erros. As rodas finalmente giram de forma normal, mas o preço foi alto: quase não há rostos humanos no vídeo. No lugar deles, o comercial está repleto de animais gerados por IA, entre eles ursos-polares, renas e, inexplicavelmente, bichos-preguiça, que nada têm a ver com o espírito natalino. O resultado é um universo visual que lembra mais uma pintura digital mal renderizada do que uma peça publicitária tradicional.

O único rosto humano em destaque aparece na versão “Fantástica” do anúncio: o Papai Noel, com um sorriso tão hiper-realista que beira o perturbador. Em determinado momento, seus dedos se distorcem de forma surreal enquanto ele acena para a câmera, uma lembrança incômoda de por que a IA ainda não está pronta para substituir artistas humanos. A mensagem final, ironicamente, exibe o slogan “Real Magic”.

Segundo a própria Coca-Cola, a campanha foi criada com foco em “hiper-realismo”, um conceito curioso para um comercial que deveria transmitir aconchego e nostalgia. Um vídeo dos bastidores, narrado por vozes que também parecem ser geradas por IA, mostra que o processo de criação envolveu cinco especialistas em inteligência artificial e durou cerca de um mês. No total, mais de 70 mil clipes foram produzidos para compor a versão final do anúncio, um esforço gigantesco que, no fim das contas, gerou um resultado visualmente confuso e artificial.

Mesmo com toda essa estrutura, o novo comercial da Coca-Cola mostra que a IA ainda está longe de substituir o toque humano na publicidade. Se o objetivo era criar algo mágico e envolvente, o resultado acabou sendo o oposto: uma peça que soa fria, desconexa e que reforça os limites da tecnologia quando colocada à prova em produções de grande escala.

Enquanto isso, outras gigantes da tecnologia, como Google e OpenAI, também estão experimentando com vídeos gerados por IA, mas com mais cautela. O primeiro anúncio do Google feito com o modelo Veo 3, por exemplo, usou apenas alguns segundos de imagens geradas por IA, cuidadosamente integradas ao restante do vídeo. Talvez a Coca-Cola devesse seguir esse caminho antes de entregar novamente o Natal nas mãos de algoritmos.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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