Muito se discute sobre o impacto das redes sociais na saúde mental, especialmente dos jovens. O fotógrafo Rankin Waddell amplia esse debate em seu projeto intitulado “Selfie Harm”, que analisa como os filtros de fotos afetam a autoimagem.
Jogando com as palavras “Dano” e “Selfie”, Rankin foca em como os recursos de edição de fotos podem causar sofrimento e danos psicológicos ao concederem uma ferramenta que nos leva próximos da “perfeição”.
Ele fotografou pessoas com idades de 13 a 19 anos, e pediu que eles próprios editassem suas fotos usando aplicativos de edição de imagens mais populares entre os jovens.
O fotógrafo fez uma análise sobre os resultados e chegou à conclusão:
“As pessoas estão imitando seus ídolos, deixando seus olhos maiores, o nariz menor e a pele mais brilhante. Tudo isso para a mídia social”
Aplicativos de edição como Facetune, SelfieCity e RetouchMe estão criando um padrão de beleza na sociedade que é irreal, e por consequência tem gerado novos transtornos mentais.
A disponibilidade de recursos de realidade aumentada que alteram feições (afinar nariz, realçar maçã do rosto) pode parecer inofensiva à primeira vista. Mas um aplicativo que permite que o usuário altere sua imagem da maneira como quiser, somado ao culto à perfeição das mídias sociais, é uma bomba-relógio para a saúde mental.
“Eles são viciantes, muito impressionantes, e você pode se divertir bastante mudando e recriando sua aparência. Mas é quando as pessoas os utilizam para criar uma identidade alternativa ou “melhor” nas redes sociais que isso se torna um problema de saúde mental” ele disse ao Bored Panda.
A medicina já cunhou o termo “Dismorfia do Snapchat” para denominar o fenômeno perigoso que tem alterado profundamente a saúde mental das pessoas e criado sérios transtornos de imagem.
Dismorfia é um transtorno que deixa a pessoa obsessiva por um defeito que ela considera ter na própria aparência. Não à toa, o retoque da aparência está se estendendo dos aplicativos de celulares para consultórios de cirurgiões plásticos.
Jovens têm recorrido à intervenções cirúrgicas para ficarem parecidos com a versão “perfeita” dos aplicativos.
Rankin é cauteloso em generalizar a relação dos jovens com as mídias sociais. Seu projeto é um ponto de reflexão importante sobre como nos relacionamos com as tecnologias e as possibilidades que oferecem.
Acima de tudo, o fotógrafo deseja mostrar como conteúdos visuais significativos podem ter um impacto positivo dentro da rede.
“Selfie Harm” foi criado em parceria com a agência M&C Saatchi e MTArt como parte da campanha Visual Diet, que examina como as imagens agem sobre a saúde mental.
O projeto apresenta fotografias naturais ao lado de fotos excessivamente editadas.