O YouTuber Toast, conhecido por transformar ideias malucas em projetos que realmente funcionam, resolveu encarar um dos instrumentos mais complexos já inventados: o piano. Mas, em vez de madeira, cordas e toda a engenharia tradicional do século XIX, ele decidiu construir tudo usando apenas filamento plástico e uma impressora 3D doméstica. Depois de meses de experimentos, nasceu um piano compacto, que cabe na mesa e toca notas reais, custando pouco mais que um punhado de elásticos.
A maior dificuldade dessa aventura está no mecanismo interno do piano. No instrumento tradicional, cada tecla aciona martelos extremamente precisos que precisam golpear cordas de aço esticadas e depois recuar imediatamente. Se isso não acontecer, o som simplesmente morre. Toast estudou esse processo por meses e chegou à solução que destravou o projeto: substituir as cordas por tubos plásticos ocos, que continuam vibrando mesmo com o martelo encostado. Essa sacada eliminou a necessidade do complicado sistema de escape usado há séculos.

Com isso resolvido, os tubos passaram a ser o coração do instrumento. Toast recorreu às fórmulas básicas da acústica para encontrar as medidas ideais. Em um tubo aberto em uma ponta e fechado na outra, o comprimento deve ser um quarto do comprimento de onda da nota desejada. A nota dó central, por exemplo, precisa de um tubo de cerca de 16 centímetros. Ele escolheu trabalhar com a oitava C5, já que notas mais agudas usam tubos mais curtos, perfeitos para caber na mesa de impressão de 25 cm. Se os tubos fossem abertos nos dois lados, seriam o dobro do tamanho, inviáveis para impressoras domésticas.
Os primeiros protótipos soavam como quem bate num copo de plástico: abafados e sem vida. Foi só depois de imprimir milhares de variações que ele encontrou a espessura ideal, cerca de 0,8 mm, fina o suficiente para vibrar bem, mas ainda resistente graças a reforços internos. Com ajuda de um app de afinação no celular, Toast ajustou tubo por tubo até chegar o mais próximo possível do timbre de um piano real.
O mecanismo das teclas também teve várias revisões. Cada tecla usa um pivô simples que movimenta o martelo em um ângulo de 5 graus, golpeando o tubo e voltando ao lugar com a ajuda de um elástico. No início, o movimento era maior, cerca de 10 graus, o que deixava a execução pesada e pouco fluida. Reduzir esse ângulo manteve o volume do som e deixou o instrumento mais responsivo. Toast também adicionou espaçadores para evitar que os martelos raspassem uns nos outros durante sequências rápidas.

Os suportes dos martelos foram redesenhados inúmeras vezes, agora usando “dentes” deslizantes que exigem paciência para acertar o encaixe perfeito. Ainda assim, depois de pronto, montar a oitava completa, sete teclas brancas e cinco pretas, leva apenas alguns minutos. Um toque de fita dupla-face entre as peças elimina o barulho oco das versões anteriores.
O instrumento final ocupa apenas uma oitava e apresenta os tubos organizados em queda diagonal, menores à direita e maiores à esquerda, criando uma espécie de cascata de ressonância. Os martelos ficam suspensos como pequenos pêndulos prontos para agir. Imprimir tudo em PLA comum leva cerca de 40 horas em uma impressora 3D intermediária, e os arquivos incluem instruções detalhadas para quem quiser personalizar a construção, ajustando parâmetros como altura de camada e preenchimento.
O resultado é um piano totalmente funcional, feito de plástico, impresso em casa, e que mostra até onde a criatividade pode chegar quando encontra a tecnologia certa.
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