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Custody | Crítica: drama visceral sobre violência doméstica

Custody, o filme francês dirigido por Xavier Legrand, em título original “Jusqu’à la garde”, aborda a violência doméstica com os contornos de terror que o tema merece.

Um casal representado por seus respectivos advogados em uma audiência de custódia revela como será o ritmo do longa.

Ouvimos ambas as partes, e nenhuma imagem do passado é revelado a partir daí. Nenhum flashback em forma de memória ou background que contextualiza a personalidade dos personagens é revelado.

O espectador é colocado em posição de juiz, que forma sua conclusão de acordo com os detalhes expostos gradualmente. Quando enfim consegue compreender a situação que a família enfrenta.

Tal como o cinema europeu explora a sétima arte, o longa não perde a mão em clichês ou músicas que crescem de acordo com as situações ou emoções que envolvem os personagens.

Sem trilha sonora ou qualquer efeito cinematográfico, Custody é cru para se aproximar o possível da realidade. Portanto, não se trata de um filme fácil de digerir.

A filha mais velha, Joséphine, se recusa a encontrar o pai, devido a uma situação de violência sofrida por ele. O filho caçula Julien ainda o encontra aos fins de semana determinados pela justiça, e atua como mediador da situação para proteger a mãe.

Ronda através dos testemunhos de pessoas próximas de Antonie, que ele é um homem violento. Embora outros testemunhos definam sua personalidade como equilibrada e amorosa.

Miriam faz tudo para fugir do ex-marido: vive trocando de número de celular e procura um apartamento para recomeçar a vida, mas com o endereço em segredo.

Apesar de abordar este tema tão pesado onde a mulher é vitima do abuso doméstico, o foco central é o homem abusador.

Esta figura desequilibrada é retratada fielmente. Um homem de temperamento explosivo, violento, possessivo, que luta contra a própria condição mas recusa o tratamento psicológico adequado.

Quando enfrenta as consequências de seus atos, a frustação apenas acentua seu comportamento tóxico. E derrama, inevitavelmente, sobre sua família, todo seu desequilíbrio e autodestruição.

Antonie é um personagem complexo e incompreensível. Difícil defini-lo em palavras, assim como sua ex-mulher não o consegue. Tão real quanto os homens que cometem tais abusos ao redor do mundo.

Se trata de um terror psicológico, onde todo o histórico de violência fica apenas em nossa imaginação, enquanto somos envolvidos em constante ameaça e tensão.

Apenas podemos respirar quando sobem os créditos.

Um drama visceral que revela a crueldade da violência doméstica e seus efeitos irreversíveis sobre a família, e a vulnerabilidade das crianças em um ambiente como este. Sobretudo o desamparo do sistema judiciário e o feminicídio que as mulheres abusadas são expostas.

Custody nos dá a liberdade de tirar nossas próprias conclusões sobre o tema e o homem violento. Onde é possível descobrir um novo olhar sobre a questão, ou reconhecer nas telas a própria história de vida.

Nota: 5/5

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