Durante a Bienal do Livro de São Paulo, o Nerdizmo teve a oportunidade de conhecer Renan Carvalho e conversar sobre Dez Mil Sóis, publicado pelo selo Outro Planeta (Editora Planeta), sua nova obra transborda criatividade ao construir uma jornada incrível unindo brilhantemente fatos históricos à paixão aos animês e mangás.

Conhecido pela série Supernova, o autor brasileiro mescla realidade e fantasia ao apresentar uma família despedaçada, cujas crianças enfrentarão desafios muito mais assustadores do que o fogo e a destruição da guerra. Em meio aos escombros da cidade devastada após a bomba atômica em Hiroshima, quatro irmãos precisarão unir forças para sobreviverem às criaturas e os perigos na esperança de reencontrarem aqueles que tanto amam.

Renan Carvalho

Confira abaixo o bate-papo e participe da sessão de autógrafos de Dez Mil Sóis no estande da editora Planeta, dia 14/09 às 14h.

Como surgiu a ideia de trabalhar com uma narrativa neste período histórico e por quê sobre Hiroshima?

O autor declarou que sempre desejou escrever sobre o Japão por conta da sua formação em meio aos animês e mangás que fizeram parte da sua formação. Com o avanço dos seus estudos sobre história e ultrapassando o olhar eurocêntrico que normalmente existe sobre a Segunda Guerra Mundial, suas descobertas sobre questões relacionadas à Ásia impulsionaram seu trabalho com realismo mágico. A partir disso Renan trabalhou suas referências vindas dos filmes do Studio Ghibli e O Labirinto do Fauno trabalhando como a magia faz parte do nosso dia a dia, assim como vemos em muitas obras da cultura pop japonesas.

Dez Mil Sóis

Sua paixão por animês e mangás contribuíram de qual forma para Dez Mil Sóis?

Renan confirmou que a criação dos quatro irmãos (Kazuo, Kenji, Michiko e Shiro) carregam os estilos de obras que ele consumia quando mais novo. Kazuo, o mais velho, é baseado nos animês shonen, tendo um samurai como seu alterego e o dever de honrar sua família. Kenji, o preterido da família, acaba achando em seu avô a coragem que precisa e, ao utilizar um amuleto em formato de besouro, acaba se transformando num herói inspirado em Tokusatsu. Michiko, uma criança doente e sensível, utiliza um espelho mágico para enxergar os mortos e atravessar os planos, inspirada pelas Garotas Mágicas. O mais novo, Shiro, criou um robô com caixas de papelão e acabou ganhando um Mecha como melhor amigo imaginário.

Dez Mil Sóis

Quais foram os desafios de trabalhar com uma cultura e país diferente do Brasil?

O autor reiterou sua preocupação e cuidado com os fatos históricos, permitindo-se utilizar a licença poética para trabalhar sua construção narrativa. Uma extensa pesquisa foi realizada com foco em fatos, a sociedade e população, aprendendo sobre questões relacionadas à Segunda Guerra Mundial. Outro ponto de atenção do autor, que exigiu outro trabalho de pesquisa, envolve o folclore japonês e o uso dos yokais como base para a construção das criaturas que fazem parte desse mundo e que os leitores vão conhecendo com o passar dos capítulos. Com adaptações para o universo criado em Dez Mil Sóis, por exemplo, os Kappas se tornaram os Kapiratas, que navegam os rios e utilizam seus chapéus para proteger a água do chawan (tigela) que carrega em sua cabeça. Dessa maneira o autor conseguiu mesclar sua fantasia com elementos culturais japoneses, inclusive validando seu trabalho através de uma pesquisa de campo em Hiroshima, que também contribuiu para ajustes e inserções em sua história como, por exemplo, a lenda dos Mil Tsurus.

Dez Mil Sóis

Como foi trabalhar com ilustrações em Dez Mil Sóis?

Assim como uma light novel e carregando o estilo mangá, Renan contou com o trabalho do ilustrador Felipe Mikha, por já gostar do trabalho que o artista desenvolve, desenvolvendo um trabalho a quatro mãos e muito gratificante. O estilo do Felipe possibilitou um charme ainda maior ao livro e seu traço encaixou perfeitamente na história de Dez Mil Sóis, fazendo todo sentido com a proposta página a página. Sem contar que o feedback recebido por eles está sendo positivo, inclusive com apoio da Editora Planeta no processo de criação da obra. Quando perguntado sobre Dez Mil Sóis se tornar um animê ou mangá, Renan acredita que seu trabalho tem o potencial para ganhar uma versão animada e que seria muito bom ver a obra ganhando adaptação em outros formatos, estando aberto à convites para que esse sonho aconteça.

Dez Mil Sóis

O que podemos esperar do seu trabalho para o futuro? Gostaria de trabalhar com outras culturas ou períodos históricos?

O autor declarou que, sim, tem vontade de trabalhar com outras culturas, porém seu próximo trabalho será uma nova obra dentro do universo de Supernova. Sem depender da leitura das demais obras já lançadas, composta por três livros recentemente relançados em edições físicas pela Editora Flyve, tendo a cultura nórdica como grande referência por conta de uma vigem à Islândia.

Para os fãs do trabalho do autor e quem está conhecendo através de Dez Mil Sóis, agora resta esperar pelo lançamento de seu próximo livro.

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