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Do criador de Scott Pilgrim, Repeteco é uma espécie de ‘Efeito Borboleta’ hipster

Repeteco é a mais nova empreitada de Bryan Lee O’Malley, o criador de Scott Pilgrim Contra o Mundo – livro de seis volumes que foi adaptado para o cinema e estrela Michael Cera. O título chega ao Brasil pela Companhia das Letras, sob a marca Quadrinhos na Cia.

Desta vez, O’Malley resolveu protagonizar uma mulher, Katie Clay, a sócia de um restaurante hipster chamado Repeteco, que fica em cima de um colina em um lugar isolado da cidade. Um lugar aconchegante e bonito, onde ela é a cozinheira chefe e trabalha com um grupo e amigos, seus sócios, para tocar o empreendimento.

Todo o estilo do autor está impresso nessas páginas, com personagens caricatos e desenhos “fofos e elegantes”. Ao contrário da sua obra anterior, Repeteco é totalmente colorido e cheio de vida. Tem uma narrativa conexa e interligada. Cheia de páginas duplas e linearidade que flui absolutamente bem.

A trama gira em torno de Katie enquanto pretende abrir um novo restaurante, só seu, depois de se sentir “deixada para trás” na vida, quando todo mundo à sua volta seguiu em frente e ela não sabe direito como fazer isso.

As coisas começam a acontecer quando rola alguns eventos na vida dela: seu ex-namorado aparece no restaurante, uma de suas empregadas, Hazel, sofre um acidente na cozinha, e ela se enrosca amorosamente com o cozinheiro contratado recentemente. E mais: ela começa a ver uma garota estranha, como uma espécie de criatura, que fica em cima da cômoda do quarto e parece proteger um jarro com um caderno de anotações e cogumelos mágicos.

De acordo com as instruções do caderno, basta anotar cada erro cometido, comer um cogumelo e ter uma noite de sono para que as coisas “se resolvam”. E é aí que a história começa a ficar interessante.

No estilo de obras como “Efeito Borboleta”, Katie passa por diversas retificações, onde ela tenta consertar todos os “erros” que cometeu no passado, com esperança de consertar o futuro. O que ela não sabe, porém, é que cada mudança pode desencadear dezenas de outras.

A narrativa brinca com isso e cria situações inusitadas, enquanto cada personagem se desenvolve dentro da trama.

Acredito que muitos leitores, como eu, não vão gostar da protagonista. Basicamente é uma garota mesquinha, superficial, que quer as coisas do jeito dela e é egocêntrica. No entanto, parece proposital estes traços na personagem, para justamente lidar com a temática de uma forma bastante irresponsável e inconsequente e gerar tais ramificações na história. Se Hazel, por exemplo, fosse a principal, as coisas seriam mais leves, criativas, discretas e significantes. Menos provocantes do que Katie. E imagino que esta deve ser a intenção do autor.

O’Malley coloca alguns easter-eggs no meio do livro, como referências a games, bandas e tem até uma parte que Scott Pilgrim e Ramona visitam o Repeteco. Porém, a temática geek e nerd foi quase esquecida aqui. Passou a ser algo mais maduro, relacionado às escolhas pessoais e consequências delas na vida da personagem. Uma aventura temporal que pode nos fazer refletir em relação às nossas próprias ações e reações.

A vida é um resultado de escolhas. E não há repeteco que crie sensatez e bom senso. Isso vem de dentro de cada um de nós. A Katie está aí para mostrar isso, de forma leve, colorida e bem humorada.

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Mais sobre o livro (e até um link para ler um trecho) você encontra aqui.

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dudess
dudess
7 anos atrás

Repeteco foi a primeira experiência com os quadrinhos do O’Malley que eu tive, apesar de saber da existência da série Scott Pilgrim. E foi bacana a escolha da personalidade da Kate, que eu também não me identifiquei, e, sobretudo a maneira como ele dá a resposta a uma pergunta que todos nós nos fazemos eventualmente “o que poderia ter acontecido se tivéssemos feito diferente”. Junto com esse, peguei o “Lost at Sea” do mesmo autor, ainda sem versão brasileira, mas que me tocou profundamente.

Flávio Croffi
7 anos atrás
Responder para  dudess

Legal! Ouvi falar muito bem do Lost at Sea, mas não li ainda. Pretendo ler, pois gostei das duas obras do O’Malley que li. Mesmo assim, Repeteco achei um pouco, ironicamente, mais “sem sal” do que Scott Pilgrim.

dudess
dudess
7 anos atrás
Responder para  Flávio Croffi

Ah entendo! Eu também! 🙂 Um amigo me recomendou o Repeteco e resolvi dar uma chance, mas se tivesse ficado somente com a impressão que tive talvez não compraria outro livro dele (não por ser ruim, mas por não ser meu estilo de quadrinhos). O Lost at Sea eu peguei mais pela recomendação do Craig Thompson que é um artista que eu admiro muito! Mas mais pra frente pretendo pegar a série Scott Pilgrim pra ler sim! Talvez esse segundo lembre mais a vibe Pilgrim.

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