Depois de mais de duas décadas preso no passado, Duke Nukem: Zero Hour finalmente voltou à vida, e melhor do que nunca. Lançado originalmente em 1999 para Nintendo 64, o jogo foi uma das tentativas mais ousadas da série: um shooter em terceira pessoa com viagens no tempo, alienígenas, duelos no Velho Oeste e até uma passagem por Londres vitoriana. Na época, a recepção foi morna. A crítica achou “ok”, os fãs não se empolgaram e o jogo acabou esquecido nas sombras dos cartuchos. Agora, 26 anos depois, um pequeno grupo de desenvolvedores decidiu desenterrar esse pedaço da história e dar a ele uma nova chance, e o resultado surpreende.
O relançamento usa uma técnica chamada recompilação estática, que basicamente converte todo o código do jogo original em algo que PCs modernos conseguem entender sem precisar de emulação. O processo foi simples, mas poderoso: pegaram a ROM original norte-americana e a transformaram em um executável compatível com Windows, Mac e Linux. O resultado? Um Duke Nukem: Zero Hour que roda de forma nativa, direto da ROM, com carregamento rápido e gráficos ajustados à resolução do seu monitor, seja 1080p, 1440p ou 4K.
A performance é impressionante. O jogo roda liso, com taxas de quadro que chegam a 60, 120 e até 144 fps, dependendo do hardware. As texturas, inimigos e efeitos de cenário acompanham o ritmo sem engasgos. Em telas widescreen, o visual se adapta automaticamente, com a opção de ajustar a interface (HUD) para as bordas ou centralizá-la em 16:9. As cutscenes podem parecer um pouco esticadas em monitores ultrawide, mas nada que tire o charme retrô da experiência. No momento, o mouse ainda não é suportado, então o controle ou teclado são obrigatórios, mas a resposta dos comandos é tão rápida que parece que o jogo foi feito ontem.
Há espaço até para ajustes finos: sensibilidade de controle, zonas mortas, eixos invertidos, limite de FPS, além de controles de volume independentes para música e efeitos. Os saves são organizados em pastas simples, fáceis de mover e até de carregar num pendrive, caso queira levar o jogo na mochila.
A história é puro Duke Nukem: tiro, explosões e frases de efeito. O herói é jogado em uma missão que o leva por diferentes épocas para impedir alienígenas de bagunçarem a linha do tempo. O jogador começa em um futuro devastado, passa por becos sombrios da Londres vitoriana, chega a saloons empoeirados do Velho Oeste e até entra em reatores nucleares, enfrentando inimigos variados com um arsenal que vai de pistolas duplas a canhões de plasma que transformam criaturas em gosma verde. O enredo é simples, mas os cenários variados e o ritmo ágil mantêm tudo divertido.
Os desenvolvedores já prometeram um update com ray tracing e modelos de maior detalhamento, usando o mesmo motor gráfico da versão atual. Mesmo assim, o jogo já roda bem em praticamente qualquer máquina, de placas dedicadas modestas até gráficos integrados Intel a partir da geração Skylake. No Linux, pode ser necessário compilar o jogo manualmente, mas até o Steam Deck dá conta sem problemas, seja com a build nativa ou via Proton.
Duke Nukem: Zero Hour, antes um título esquecido no fundo do catálogo do N64, agora ressurge como um exemplo de como um clássico pode ganhar nova vida com o cuidado certo. Não é um remake completo, mas é o suficiente para mostrar que o rei ainda sabe dar uns bons tiros, e com estilo.
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