E se os terapeutas começassem a usar métodos diferentes para tratar de crianças? Pois Adam David, cofundador da Wheelhouse Workshop, faz exatamente isso ao usar Dungeons & Dragons na terapia de jovens.
O conceito do trabalho dele consiste em criar aventuras de RPG que são menos focadas em exploração de cavernas e pancadas, mas sim na exploração de como os jovens lidam com o ambiente e, principalmente, com seus parceiros de jogo.
Ele acredita que a terapia convencional faz as perguntas erradas para os moleques, enquanto o questionamento comum é “Porque você não tá fazendo seu dever de casa?”, eles questionam “Quem tem o machado? É de duas mãos? Que especialização de mago você quer ter?”.
O efeito do Dungeons & Dragons na terapia
Em uma entrevista feita pelo Kotaku, Davies comenta sobre um garoto específico, Frank (nome fictício) que participa do grupo. Alto, esguio que mal falava além de sussurros.
Na escola, ele tendia a sentar com os pés na frente do rosto, para que ninguém pudesse realmente vê-lo. Ele odiava ocupar espaço.
Depois que seus pais e professores perceberam que sua linguagem corporal parecia um pouco estranha aos colegas, eles o inscreveram na oficina da Wheelhouse.
“O personagem que ele escolheu foi um bárbaro anão”, disse Davis. “Ele era realmente alto e fanfarrão, um cara que não pedia desculpas. Era uma oportunidade realmente óbvia para esse garoto brincar com qualidades que não era dele”.
De um garoto tímido que ficava introvertido na sala, ele passou a ser incentivado a se comportar como um anão bruto, seu personagem: um cara que separa as pernas ao sentar e bate os cotovelos na mesa.
Frank, portanto, poderia experimentar novas maneiras de ser e se relacionar com os outros.
Por D&D ser inerentemente cooperativo e escapista, ele incita jogadores para que reimaginem as maneiras que interagem com outras pessoas.
E cada jogador tem sua própria especialidade, como se comunicar com dragões ou ser o único especialista em abrir fechaduras, todos eles terão seu momento, para que se sentam valiosos em um grupo.
Nada como curtir alguns goblins depois de um dia ruim na escola.
Adam Johns, sócio do projeto, diz: “Para alguém que nunca sai de casa, exceto para a escola, ter um colega dizendo: ‘Preciso de sua ajuda para abrir uma fechadura, faz uma grande diferença”, Johns me disse.
Um jogo que envolve reflexão e intenção
Jack Berkenstock, do Bodhana Group, é outro que usa os jogos de RPG como tratamento de pessoas que passaram por traumas.
Ele disse que os benefícios sociais disso são claros.
“Começamos a ver crianças que tinham problemas de suas famílias trazendo isso para o jogo”, disse Berkenstock. “É chamado de” sangrar”: O quanto sua identidade pessoal afeta o personagem que você está jogando? E quanto seu personagem te impacta como jogador?”
A diferença dos jogos de RPG convencionais, como Dungeons & Dragons, e seu uso como terapia, está na “intencionalidade”.
Os profissionais tem o cuidado de projetar jogos onde as ações dos jogadores têm consequências.
Um exemplo está em não proteger um jogador super-impulsivo de correr para o covil de um dragão. Se o personagem é gravemente ferido, essa é a repercussão natural. Quando seus jogadores atacam uma aldeia Orc, ele se certifica de mostrar como isso afeta os orcs infantis ou suas mães. “Acredito que você pode explorar as consequências em um ambiente onde ninguém se machuca fisicamente”, disse Berkenstock.
Apesar de não ser um recurso terapêutico reconhecido, os RPGs e o Dungeons & Dragons tem representado um importante papel no trabalho dessas pessoas em realmente causar interesse e aprimorar o convívio social de crianças que precisam desse impulsionamento.
Algo moderno. E louvável.
Fonte: Kotaku
Como um jogador ativo de RPGS tem 6 anos posso afirmar que é um método que pode ser super efetivo, já que eu mesmo fui muito beneficiado com o jogo conseguindo interagir melhor com meus colegas e amigos .