Pode parecer enredo de ficção científica, mas já pensou o que seria do nosso planeta se a Lua fosse trocada por um buraco negro com exatamente a mesma massa? O resultado seria um misto de normalidade com um toque de estranheza.
Um buraco negro não é um aspirador cósmico devorando tudo ao redor. Ele é um ponto de densidade extrema, onde a gravidade é tão intensa que nem a luz escapa. Se toda a massa da Lua — cerca de 7,35 x 10²² quilos — fosse comprimida em um buraco negro, ele seria menor que um grão de areia, com um raio de Schwarzschild de apenas 0,1 milímetro. Difícil de imaginar, mas, mesmo assim, sua força gravitacional continuaria a mesma vista daqui da Terra. Nossa órbita não mudaria e as marés também não sumiriam de repente.
É nas marés que as coisas ficariam um pouco esquisitas. Hoje, o vai e vem dos oceanos acontece graças à atração gravitacional da Lua. Um buraco negro com a mesma massa, a 384 mil quilômetros de distância, continuaria puxando as águas do mesmo jeito. As marés altas e baixas seguiriam acontecendo, embora o tamanho minúsculo do buraco negro talvez alterasse um pouco o padrão.
Os especialistas dizem que os efeitos das forças de maré seriam intensos perto do próprio buraco negro, mas, para nós aqui na Terra, quase não faria diferença. A grande transformação seria no céu noturno. Sem o brilho da Lua, as noites pareceriam muito mais escuras e talvez até mais melancólicas do que perigosas.
A influência da Lua também ajuda a manter o eixo da Terra estável, garantindo estações previsíveis ao longo do ano. Um buraco negro com a mesma massa manteria essa estabilidade, evitando o caos climático. Porém, há um detalhe: a Lua se afasta da Terra cerca de 3,8 centímetros por ano, o que vai aos poucos desacelerando nossa rotação. Um buraco negro não teria esse mesmo comportamento, o que, ao longo de milhões de anos, poderia alterar a duração dos nossos dias, mas nada perceptível num curto prazo.
Em resumo, se a Lua virasse um buraco negro, o mundo não acabaria. As marés continuariam, as estações se manteriam, mas o céu à noite certamente pareceria incompleto. Plantas e animais se adaptariam, cientistas se divertiriam estudando o fenômeno e nós, de tempos em tempos, olharíamos para o espaço sentindo falta daquela presença iluminada que já foi tão familiar.
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