Um laboratório na Suíça transformou um equipamento de biologia em algo totalmente inesperado: um console de videogame feito para jogar com gotas de água. O dispositivo chamado OpenDrop, originalmente criado para experimentos de microfluídica digital, agora também serve para partidas de Snake (jogo da cobrinha), Pac-Man e Frogger. A ideia veio do comunicador científico Steve Mould, que junto do inventor do OpenDrop, deu um novo propósito ao equipamento, uma máquina de mil euros que literalmente transforma água em pixels.
A microfluídica digital funciona manipulando pequenas gotas de água usando campos elétricos. O OpenDrop opera com uma grade de eletrodos 8×14, cada um revestido por uma camada isolante que impede a água de se espalhar.
Ajustando as voltagens, as gotas são movimentadas de eletrodo em eletrodo, criando uma espécie de tela líquida que vira um tabuleiro de jogo. Mould percebeu o potencial lúdico desse sistema e, com a ajuda do criador e do Copilot para programar, transformou o aparelho num passatempo em que as gotas viram personagens tentando coletar itens ou desviar de obstáculos.

No Snake do OpenDrop, uma única gota representa a cobra deslizando pela grade em busca de “comida”, outras gotinhas estrategicamente posicionadas. Mas diferente do clássico dos celulares, aqui o desafio é outro: para economizar água, a cobra não cresce em comprimento, mas em volume, e quanto maior a gota, mais difícil é de controlá-la.
Além disso, as propriedades físicas da água entram em cena: ela pode se dividir, espirrar ou se juntar a outras gotas, criando uma dose extra de imprevisibilidade a cada movimento.

Pac-Man foi ainda mais complicado de adaptar. A cada “fantasma” que engole, a gota cresce, ficando pesada e com maior risco de se partir.
Para contornar isso, os criadores diminuíram a escala do jogo para caber na grade limitada, mas mesmo assim o comportamento errático das gotas deu um tempero a mais de caos. Frogger também ganhou sua versão reduzida, com gotas tentando cruzar a grade evitando perigos.
Mais do que um truque curioso, essas adaptações mostram como uma ferramenta científica de alta tecnologia pode ser reaproveitada como plataforma de jogos retrô.

Construir o OpenDrop não foi simples: ele custa o equivalente a um notebook top de linha e cada eletrodo exige um nível de precisão extremo, tanto no revestimento quanto na eletrônica.
Programar os jogos exigiu habilidade extra para lidar com a fluidez imprevisível da água, as gotas nem sempre se movem como o programador deseja. Mas o resultado é um casamento perfeito entre ciência e diversão, onde cada jogada parece um pequeno experimento.
Como o projeto é open-source, qualquer um pode se aventurar, modificar o sistema ou até criar novos jogos usando água como personagem principal.
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