Enquanto os óculos da Meta com visual Ray-Ban tentam unir moda e tecnologia, a startup Omi AI, de São Francisco, está apostando em outro caminho: liberdade criativa, espírito de criador e muita autonomia. O Omi Glass Dev Kit é um kit de desenvolvimento de óculos inteligentes totalmente de código aberto, voltado para entusiastas, programadores e desenvolvedores que preferem montar, personalizar e expandir suas próprias criações. E, segundo os criadores, ele ainda entrega uma autonomia de bateria seis vezes maior que a dos concorrentes da Meta, por US$ 299.
O projeto não vem pronto para uso: você precisa montar praticamente tudo. O kit inclui uma placa XIAO ESP32S3 com microfone, Wi-Fi e Bluetooth, além de seis baterias de 150 mAh. Para completar, o usuário precisa imprimir sua própria armação em 3D (com arquivos STL fornecidos), instalar o firmware via Arduino IDE, soldar componentes e lidar com alguns perrengues de configuração.

Mesmo exigindo bastante das mãos e da paciência, o resultado é funcional: os óculos gravam áudio e vídeo, transmitem tudo para um app (disponível para iOS e Android), onde o conteúdo pode ser transcrito, salvo localmente ou na nuvem, com criptografia e opção de exclusão rápida para os mais preocupados com privacidade.
A integração com ferramentas como Zapier e Google Drive amplia as possibilidades, e há até uma loja colaborativa de aplicativos com mais de 250 opções. Um módulo adicional de interface cérebro-computador, previsto para o segundo trimestre de 2025, promete ler ondas cerebrais por meio de um chip fNIRS, estimando foco e intenção do usuário.
Na prática, o desempenho depende do quanto o usuário está disposto a se envolver. A configuração exige baixar o repositório do GitHub do OmiGlass, lidar com dependências, compilar código no Arduino IDE… só depois disso os óculos começam a mostrar serviço.

E, quando funcionam, são ótimos para gravar e resumir conversas, ideal para estudantes em aula ou profissionais em reuniões. A bateria, de fato, impressiona e supera com folga a dos modelos da Meta, embora a duração exata varie conforme o uso.
O verdadeiro diferencial, no entanto, está na comunidade. O Discord oficial Based Hardware reúne dicas, desafios de programação e até recompensas pagas para quem desenvolver recursos. Já o GitHub do projeto é um verdadeiro baú colaborativo de ferramentas e ideias. Diferente do ecossistema fechado da Meta, o universo da Omi é aberto e mutável, qualquer um pode desenvolver novos apps, redesenhar o hardware ou adaptar o dispositivo ao seu gosto.
Nem tudo são flores. A interface ainda depende de um painel web nada elegante e o módulo de leitura cerebral, por enquanto, é só promessa.
Quem garantir a pré-venda (com entregas previstas para o segundo trimestre de 2025) recebe um módulo só de áudio e capas intercambiáveis. Os cinco mil primeiros compradores ainda ganham prioridade no acesso ao tão esperado módulo cerebral, o que dá um ar VIP à comunidade hacker-tech do projeto.
No fim das contas, o Omi Glass Dev Kit custa o mesmo que os Ray-Ban da Meta, mas exige algo que os óculos estilosos da gigante do Vale do Silício jamais pedem: disposição para montar, programar e, acima de tudo, explorar.
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