Correr, para muita gente, é quase como travar uma luta contra a gravidade. Cada passo exige esforço, especialmente quando se está lidando com dores, lesões ou dificuldades de mobilidade. Mas a esteira antigravidade Boost 2 chega com uma proposta que parece desafiar a física: permitir que você corra sentindo apenas uma fração do seu peso corporal.
E ela não é apenas um equipamento de academia de última geração, sua origem vem direto dos bastidores da NASA, desenvolvida para manter astronautas em forma durante longas missões no espaço, onde a ausência de gravidade é um desafio para músculos e ossos.
A ideia surgiu nas décadas de 1980 e 1990, quando Robert Whalen, pesquisador da NASA no Ames Research Center, em Silicon Valley, tentava encontrar um jeito de evitar que os corpos dos astronautas perdessem massa muscular e óssea no ambiente de microgravidade.
A solução começou com uma esteira que simulava a força da gravidade, usando pressão de ar para manter o corpo “preso” ao solo. Até que ele teve um estalo: e se, em vez de simular o peso, fosse possível reduzi-lo?
Foi assim que ele criou, em sua própria garagem, um protótipo que envolvia a parte inferior do corpo em uma câmara pressurizada, permitindo que a pessoa corresse com menos impacto, e essa mesma tecnologia logo mostrou potencial também para uso médico, especialmente na reabilitação de pacientes.
Anos depois, em 2005, o filho de Robert, Sean Whalen, juntou-se a Tom Allen para fundar a AlterG, empresa que levou os equipamentos antigravidade para clínicas de fisioterapia e centros de alto rendimento, usados por atletas profissionais.
A tecnologia permitia reduzir até 80% do peso corporal durante a corrida, mas o alto custo, na casa das dezenas de milhares de dólares, impedia que esses aparelhos chegassem ao público em geral.
Foi então que, em 2017, Sean Whalen, Allen e o ex-colega Jimmy Bean fundaram a Boost Treadmills com o objetivo de tornar essa tecnologia mais acessível.
O grande salto veio em 2022 com o lançamento da Boost 2, uma versão mais silenciosa, compacta, que consome menos energia e custa cerca de um terço das antigas, entrando no radar de academias menores, clínicas populares e até de usuários domésticos dedicados.
O funcionamento é engenhoso: a pessoa veste uma espécie de bermuda que se conecta a uma câmara inflável presa à esteira, selada até a cintura. O ar pressurizado dentro da câmara “levanta” parte do peso corporal, diminuindo o impacto nas articulações. O resultado é como correr na Lua, mas na sala de casa. Para quem sofre com lesões nos joelhos, artrite ou está em recuperação de AVC, a Boost 2 virou uma ferramenta transformadora, permitindo que o movimento volte a fazer parte da rotina, sem dor e com mais segurança. “Quando você dá a alguém a chance de tirar peso do corpo e aliviar a dor, abre uma nova possibilidade de vida”, disse Sean Whalen.
A popularidade da Boost 2 cresceu rapidamente, com vendas para usuários comuns triplicando desde o lançamento. Até o ator Jeremy Renner, que sofreu um acidente gravíssimo em 2023 e quebrou 38 ossos, elogiou o equipamento por ajudá-lo a se reerguer.
Para veteranos de guerra ou pessoas com obesidade, por exemplo, ela se tornou uma forma suave, mas eficaz, de se manter ativo. E é isso que a tecnologia vem mostrando: que, com inovação e adaptação, é possível colocar o corpo em movimento novamente, seja na reabilitação ou na preparação para o espaço.
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