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Fãs de Dragon Ball amam Bardock, mas isso acaba enfraquecendo o que há de melhor em Goku

Dragon Ball é um marco da cultura pop, com personagens tão icônicos que ultrapassaram o universo dos animes e mangás.

Goku e Vegeta praticamente viraram embaixadores do gênero, enquanto até coadjuvantes como Kuririn e Yamcha são amplamente reconhecidos.

Mas entre todos, os Saiyajins sempre roubaram a cena. E um deles, curiosamente, ganhou um enorme apelo popular mesmo com pouquíssimo tempo em tela: Bardock, o pai de Goku.

A primeira aparição de Bardock foi no especial animado de 1990 Dragon Ball Z: Bardock – O Pai de Goku, onde ele protagoniza uma resistência desesperada antes da destruição do Planeta Vegeta pelas mãos de Freeza.

A coragem de enfrentar seu destino até o fim conquistou o público de imediato, e mesmo com uma história curta, ele virou um dos personagens mais queridos da franquia.

A influência foi tanta que Akira Toriyama decidiu tornar Bardock um personagem canônico, incorporando-o oficialmente ao universo de Dragon Ball.

Mas a volta de Bardock acabou mexendo com a essência de Goku. Em 2014, Toriyama lançou Dragon Ball Minus, dentro do mangá Jaco, o Patrulheiro Galáctico, recontando a origem de Goku.

Ao contrário da versão clássica em que Goku era um bebê enviado à Terra para destruí-la, mas que acabou virando seu maior protetor, a nova narrativa mostrava Bardock como um pai preocupado, mandando o filho para longe para salvá-lo, em uma clara inspiração na origem do Superman. Na época, muita gente torceu o nariz.

A grande graça de Goku era justamente o contraste entre seu instinto Saiyajin e a pessoa que se tornou. Ele foi criado na Terra, longe da violência e da cultura de guerra de seu povo, e isso o moldou como herói.

Seu valor vinha do fato de ele não ter seguido o caminho que foi traçado para ele. A mudança em Minus suavizou isso, e ainda assim a franquia continuou nessa linha, reforçando essa versão em Dragon Ball Super: Broly, de 2018, e no arco de Granolah, no mangá, onde Bardock teve ainda mais destaque e influência direta nos eventos atuais.

O problema ficou mais evidente quando Bardock usou as Esferas do Dragão de Cereal para desejar que seus filhos “tivessem sucesso”.

A frase, ambígua o suficiente para alimentar debates, causou incômodo porque, na versão original em japonês, a tradução mais fiel seria algo como “que meus filhos cresçam bem”.

Parece simples, mas levantou a possibilidade de que todo o sucesso de Goku, inclusive nas batalhas contra Piccolo Daimaoh e outros vilões clássicos, teria sido garantido por um desejo de Bardock, enfraquecendo o peso dramático de tudo o que veio antes da chegada de Raditz.

Embora Bardock continue sendo um personagem carismático e marcante, sua presença recorrente começa a esvaziar a figura de Goku.

Quanto mais a história do protagonista é moldada por seu passado Saiyajin, mais ele se distancia do garoto que virou herói por mérito próprio, sem ajuda de destino ou profecias.

Nesse sentido, talvez seja mesmo hora de deixar Bardock descansar. Sua popularidade continua firme, mas insistir em colocá-lo no centro da narrativa pode acabar custando aquilo que fez de Goku o herói que todo mundo aprendeu a amar.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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