Cinema

Filha de Robin Williams faz apelo contra vídeos de IA: ‘Parem de enviar imitações digitais do meu pai’

Zelda Williams, filha do de Robin Williams, fez um emocionado apelo nas redes sociais pedindo que as pessoas parem de enviar a ela vídeos criados por inteligência artificial que imitam a voz e a imagem de seu falecido pai. A cineasta, que estreou na direção com “Lisa Frankenstein” em 2024, utilizou seu Instagram para classificar a tendência como “doentia” e “enlouquecedora”, descrevendo-a como uma invasão de privacidade e do processo de luto disfarçada de homenagem.

Em mensagem compartilhada através dos Stories na última segunda-feira, Zelda direcionou sua crítica à crescente onda de clipes sintéticos que replicam o humor único, a voz característica e a aparência do ator através de tecnologia de IA. Estes vídeos, que circulam amplamente em plataformas como TikTok, YouTube e Reddit, imitam com precisão perturbadora o estilo de Williams a ponto de frequentemente viralizarem, apesar de serem completamente fabricados.

“Vocês não estão fazendo arte”, declarou ela de forma contundente. “Estão criando salsichas superprocessadas a partir das vidas de seres humanos.” A comparação reforça sua visão de que esse conteúdo transforma a arte de seu pai em produto de engajamento digital, não em preservação de memória.

Esta não é a primeira vez que Zelda se posiciona sobre o tema. Durante a greve do SAG-AFTRA em 2023, ela já havia se unido a outros artistas para condenar a clonagem de vozes por IA, alertando que “reanimar” atores sem consentimento explora tanto os vivos quanto os mortos. Seu novo apelo expande essa posição de uma questão trabalhista para uma dimensão profundamente pessoal: o que acontece quando o pai de alguém se torna material de código aberto para algoritmos.

Robin Williams, que faleceu em 2014, era dono de uma das vozes mais distintivas de Hollywood. De “Aladdin” a “Uma Babá Quase Perfeita” e “Gênio Indomável”, suas performances eram definidas pela espontaneidade e amplitude emocional, qualidades que nenhum conjunto de dados consegue replicar verdadeiramente. Zelda ressalta essa distinção crucial: as versões em IA não preservam o espírito de seu pai, elas o achatam, criando algo robótico que reduz uma carreira vitalícia a uma série de bonecos digitais e frases costuradas artificialmente.

Seu posicionamento surge em meio a um renovado surto de “ressurreições” digitais de celebridades. Enquanto alguns fãs veem essas criações como homenagens afetuosas, muitos compartilham do desconforto de Zelda, classificando-as como violação do consentimento artístico e da dignidade humana que deveria ser respeitada mesmo após a morte.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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