Fotos de comidas coloridas organizadas cuidadosamente, estilo de vida fitness, mulheres de biquínis em lugares paradisíacos e selfies – essas são algumas das imagens recorrentes que encontramos na pequena lupa de busca do Instagram.
Chegando a beirar a exaustão, esses tipos de fotografias são as que acabam ganhando mais evidência na rede, que define a popularidade de cada imagem de acordo com a quantidade de interações (“likes” ou comentários).
Não importa as contas que você interaja ou siga, parece que não há como fugir delas.
Mas por que os usuários gostam tanto disso?
O que há por trás das imagens populares do Instagram
O programa BBC Tomorow’s World usou inteligência artificial para desenvolver um chatbot que analisa imagens e avalia sua potencial influência, revelando o que há por trás das imagens populares da rede social em questão.
A conclusão é que algumas características específicas têm o poder de provocar os sentidos de quem as vê, como por exemplo, as cores ou ambientações.
O sistema analisa a “anatomia” de cada foto de acordo com quatro aspectos: cores, elementos, emoções e locais de interesse. Somando pontos à cada uma, para definir seu nível de influência.
O chatbot funciona através do Messenger e é alimentado com fotos publicadas no Instagram. Dessa maneira, ele aprendeu a identificar os elementos que destacam uma imagem das demais, e é capaz de prever o quão popular ela será. É possível conversar com o bot e enviar sua própria fotografia para descobrir o que ele tem para dizer.
Uma fotografia em um ponto turístico famoso, ou pessoas que expressam emoções positivas, por exemplo, terão mais sucesso.
Segundo o sistema, “as fotos com cores azuis evocam sentimentos de serenidade e tranquilidade. Já foi comprovado mais de uma vez que é a nossa cor favorita”.
Ou seja, tudo é baseado na composição perfeita para cativar os olhos de quem as vê. E isso não quer dizer que tudo aquilo seja verdade.
Nem tudo é o que parece
Psicólogos traçaram perfis de personalidade de acordo com a preferência de fotografias publicadas por usuários na rede. E chegaram as seguintes conclusões:
O pesado (histriônico): muitas publicações, a maioria sem conteúdo relevante, na academia ou mostrando o que come – grande instabilidade emocional.
O egocêntrico: busca atenção constante e publica muitas selfies – perfil narcisista.
O grupal ou “nunca sozinho”: sempre aparece rodeado de muitos amigos – geralmente é inseguro, com grande receio de abandono.
O “amante”: geralmente publica fotos com seu parceiro o tempo todo, por mais íntima que seja – expressivo e dependente.
O ausente ou solitário: fotografias incomuns, introvertidas, de paisagens, nas quais ele nunca aparece – denota sensibilidade e certo medo de rejeição.
O “sigo de volta”: seu único objetivo é ter seguidores para silenciar suas inseguranças.
As redes sociais têm afetado sua saúde mental?
Aproximadamente 90% dos jovens, mais do que qualquer faixa etária, utilizam redes sociais. O que coloca esse grupo como alvo das contaminações psicológicas.
Não à toa, as taxas de ansiedade e depressão desse grupo etário aumentou em 70% nos últimos 25 anos.
Uma pesquisa realizada pela instituição de saúde pública do Reino Unido, concluiu que redes sociais são mais viciantes que álcool e cigarro. E, dentre elas, o Instagram foi definido como a pior de todas.
Os pesquisadores desenvolveram uma enquete, onde 1.479 pessoas com idades entre 14 e 24 anos avaliaram vários aplicativos populares em quesitos como ansiedade, depressão, solidão, bullying e imagem corporal.
O resultado indica que os entrevistados se sentem mais ansiosos, deprimidos, com autoestima baixa, sem sono e sentem medo de ficar por fora (foMO – fear of missing out).
Sete em cada dez voluntários disseram que o Instagram fez com que eles se sentissem pior em relação à própria imagem. As meninas são o maior alvo: nove em cada dez se sentem infelizes com seus corpos e pensam em mudar a própria aparência – inclusive com cirurgias plásticas.
Segundo o estudo, o Facebook fica em terceiro lugar como a rede mais nociva à saúde. Já o Youtube lidera como a menos nociva, seguida do Twitter.
Entretanto, nem tudo é extremo ou tão tóxico. Existem evidências de que publicar nas redes, assim como interagir com as publicações de outros usuários, podem ajudar a definir a identidade, ajudar no bem-estar emocional e desenvolver um senso de comunidade.
O chatbot da BCC ainda indica que um grupo de usuários com idades entre 14 e 24 anos disseram que o ato de postar e ver fotografias têm ajudado a desenvolver uma auto-expressão, identidade-própria, e é onde encontram um apoio emocional e senso comunitário.
Redes sociais em geral tendem a abrigar todos os elementos do ser humano, sejam eles bons ou ruins. A questão em torno dessas plataformas é complexa e tem diversas vertentes e impactos.
Um caminho inteligente para isso tudo talvez seja se conhecer e reconhecer os próprios limites, e assim chegar a uma conclusão pessoal do que te faz bem ou não.
Há sempre uma opção para se adaptar nesse mar de informações. Mas se manter atento e ter cuidado para não tropeçar nas armadilhas desses aplicativos é sempre bem-vindo.