Apesar de Halo ser baseado em uma franquia de jogos de tiro, só vimos a ação e confrontos de fato no primeiro episódio. Do segundo em diante, houve um desenvolvimento enorme dos personagens e suas tramas, fazendo nos importar com cada um deles o suficiente para chegar até o capítulo cinco. Nesta semana a Paramount+ não poupou esforços em nos recompensar com um verdadeiro combate entre as forças da UNSC e os Covenant e a palavra correta a ser usada é “impressionante”.
Enquanto investigam o artefato descoberto por Master Chief e a Doutora Halsey, ele é misteriosamente ativado e envia um sinal para toda a galáxia. Adivinha quem estava buscando por ele? Exatamente, caros leitores, nossos queridos alienígenas e a partir disso começa um grande confronto para ver quem terá ele em mãos no fim desta guerra. Ouso dizer que é aqui que as coisas avançam em uma velocidade absurda e aproveitam tudo que foi construído fora da ação.
Tanto o nosso herói quanto Kai passam a tomar decisões diferentes no meio do campo de combate, assim como as pessoas ao redor dos dois começam a perceber como isso pode afetar a todos. Esta é, de longe, a parte mais interessante do episódio desta semana, sendo um excelente paralelo com o que vimos no primeiro capítulo. Em paralelo, lá tínhamos sincronia, seriedade e uma eficiência invejável. Hoje, o que vi foi desespero, improviso e a tentativa de compreensão dos próprios sentimentos em meio ao conflito entre duas espécies.
As razões que impactam Halo
Eu procuro ao máximo evitar spoilers para falar sobre Halo ou qualquer outra série e filme aqui no site, então considerem que não lerão nada relacionado ao resultado do conflito e se alguém termina o episódio vivo ou morto. Porém, citarei algumas cenas que chamam bastante a atenção e mostram o quanto tivemos um enorme progresso em relação aos personagens que estão sendo apresentados.
Um deles é a Spartan Kai. Há um momento que chama bastante a atenção para o quanto ela está distanciada dos demais, com uma simples pergunta ao seu parceiro de equipe: porque nós e os Covenant estamos nos enfrentando? Os fãs mais ávidos dirão que é pela paz na galáxia, uma briga entre o bem e o mal e tudo mais. Porém, já vimos que a UNSC não é a agência de caridade que muitos creem. Questionar as motivações que botam ela e os demais em sacrifício, assim como o lado extraterrestre, foi um ótimo ponto e me fez pensar nas inúmeras guerras e conflitos que também vemos no mundo.
O outro é um diálogo curto entre o próprio Master Chief e Cortana, que pode estar disfarçado pelo humor, mas levanta grandes mudanças para a relação dos dois. Enquanto a inteligência artificial apresenta diversos dados, John exclama que deseja o seu silêncio, já que não consegue ouvir os próprios pensamentos. De forma esperta, ela responde que estava os ouvindo também e que não fariam a menor diferença ali. Eu ri e, caso já tenha assistido, tenho certeza que você riu também.
Só que, se pararmos para analisar, isso revela o quanto ambos estão começando a se aceitar já. Pode perceber, o herói fica completamente sem resposta ao ouvir aquilo. Porém, ela se silencia também, acatando ao pedido. Nos episódios anteriores eles já estariam se perdendo no meio de uma discussão, mas talvez perceberam que não teriam como fugir desta convivência e passaram a tentar entrar em um certo e discreto acordo. Halo nem precisou escancarar isso em nossa cara, o que achei uma opção muito mais elegante para mostrar a evolução deste relacionamento.
A incessante busca por respostas pelo que rolou em seu passado também leva o Master Chief a cenas bem interessantes. Vemos um pequeno vislumbre de sua infância e do momento que ele foi percebido por Halsey e seu marido, o atual comandante da unidade Spartan. Corajoso desde criança, óbvio que ele chama a atenção e percebemos como acabou parando no meio da UNSC. Porém, ainda há certa confusão em sua mente e não acredito que isso se resolverá de forma simples. Tudo continua me levando a crer que haverá um conflito direto contra a Halsey e isso pode expor complicações em todos os núcleos.
Um problema em Halsey e Madrigal
A doutora Halsey é uma excelente personagem, trabalhando para a organização militar e sendo extremamente focada em suas pesquisas. Porém, não é a primeira vez que levantam questionamentos pertinentes às suas ações. Aqui temos a líder da UNSC ditando as ordens, até receber um ultimato da profissional e mais uma vez reclamar de que parece que ela tem um planejamento paralelo a tudo que estamos vendo. As memórias do protagonista também nos mostram que ele basicamente foi raptado por suas mãos de seu planeta natal. Sua própria filha suspeita de seus projetos. Se essa mulher não é ou se tornará a grande vilã, não faço ideia do que eles pretendem fazer com ela.
Claro que entram os Covenant e Makee nessa conversa, considerando que obviamente eles estão de lados opostos em busca dos artefatos que levam ao Halo. Eles são os grandes responsáveis pelos conflitos bélicos e as incríveis cenas que vemos no episódio 5, mostrando que há sim espaço para crescimento dos personagens e momentos de pura ação. Porém, apesar de claramente eles serem o “grande mal” a ser combatido, acredito fielmente que o seriado mudará a história que temos nos games e colocará a doutora do lado oposto ao nosso herói. Pode anotar, até o último capítulo a veremos tramar algo contra tudo que estamos enxergando agora.
Quanto ao retorno da guerra, o mesmo tipo de ação que vimos no episódio 1 retorna para a série. A visão em primeira pessoa com o HUB que temos no jogo, as clássicas armas de ambos os lados, o uso das naves para o combate e até mesmo os grandiosos conflitos contra esquadrões inteiros. Foi um momento mais icônico que o outro e é o tipo de material que ficará na sua mente por um tempo. Destaco no meio disso uma cena em específico, onde Cortana dá instruções de combate para ele e ouve um grito “eu sei como se joga este jogo”, levando a um dos momentos mais hilários pela metáfora.
Porém, seguindo o rumo contrário, temos o plot de Kwan-Ha em Madrigal. É extremamente perceptível o quanto a revolução no planeta e sua importância para a trama geral é basicamente nula. Nos dois primeiros episódios tivemos um grande vislumbre do quanto o conflito político seria abordado e vejo a produção se esforçando para manter este núcleo. Para mim, deviam continuar abordando as relações entre os Spartans na UNSC e os membros da equipe enquanto encaram os Covenant e suas motivações que já estava de bom tamanho. Porém tudo me leva a crer que essa revolta no planeta distante seria melhor desenvolvido em uma segunda temporada.
Se este é o plano, acredito que o roteiro esteja cometendo um erro de tentar tanto desenvolver estes personagens apenas para aproveitá-los futuramente. A mitologia do game já apresenta ameaças grandes como os próprio Covenant, os Flood, temos a doutora Halsey puxando os fios de suas próprias intenções dentro da UNSC, o grupo militar que não é nada bonzinho…aí enfiam Madrigal com Vinsher no meio para qual razão? Espero estar errado sobre isso, mas temo pelo enredo se aproveitará isso ou se estão apenas jogando verde para colher maduro no futuro.
Halo está sendo exibido através da Paramount+, todas as quintas-feiras a partir das 5h. Veja mais em Críticas de Séries!
*Este texto é uma colaboração entre o NERDIZMO e o GAMERVIEW