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Hospital movido por inteligência artificial promete atendimento mais rápido e acessível

Uma equipe de pesquisa da Universidade Tsinghua está prestes a lançar um hospital virtual movido por inteligência artificial, capaz de revolucionar o treinamento médico e expandir o acesso à saúde — especialmente em áreas remotas e zonas de conflito.

A plataforma, desenvolvida pelo Institute for AI Industry Research da Tsinghua, simula um ambiente hospitalar completo, com 21 departamentos clínicos, e está na fase final de testes.

A expectativa é que seja lançada ainda este ano. Testes iniciais conduzidos pela Tairex, startup ligada ao instituto, sugerem que os “médicos virtuais” do sistema podem diagnosticar pacientes com mais agilidade que profissionais humanos — um avanço que pode aliviar a pressão sobre o sistema de saúde chinês, hoje sobrecarregado.

O segredo da ferramenta está em um time-compression engine, que acelera todas as etapas do atendimento — desde os primeiros sintomas até o diagnóstico, tratamento e recuperação — em uma velocidade muito acima do tempo real.

A ideia não é substituir médicos, mas ajudá-los, principalmente reduzindo a papelada e burocracia.

“Queremos que nossos assistentes de IA libertem os médicos de tarefas administrativas”, explicou Liu Yang, diretor-executivo do instituto. “O objetivo é que qualquer paciente, especialmente em regiões isoladas, tenha acesso rápido a um atendimento de qualidade direto pelo celular.”

Os departamentos do hospital virtual foram escolhidos com base em padrões internacionais de competência médica, e os desenvolvedores já planejam incluir até módulos de medicina tradicional chinesa.

O projeto já chamou a atenção global: Najum Iqbal, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, destacou que sistemas de triagem com IA podem salvar vidas em zonas de guerra, onde hospitais são alvos frequentes ou inacessíveis.

“É uma ideia inovadora, e será interessante ver como melhora a experiência dos pacientes na China”, disse Iqbal. “Se der certo, poderíamos adaptá-la para conflitos armados, onde tanto médicos quanto doentes enfrentam riscos constantes.”

Para Fa Cuiwen, socióloga médica da Tsinghua, filas intermináveis e burocracia desanimam muitos pacientes chineses a buscar ajuda a tempo. Com triagens automatizadas, casos rotineiros poderiam ser resolvidos à distância, liberando recursos para emergências. “A IA vai agilizar diagnósticos precisos em regiões com poucos recursos, economizando tempo e dinheiro”, afirmou.

A necessidade é real para pessoas como Kausel Dilmurat, morador da região autônoma de Xinjiang, que convive com uma doença crônica.

“Às vezes, é difícil conseguir consultas, e opiniões conflitantes entre hospitais só pioram a situação”, contou. “Se uma plataforma com IA der orientações consistentes, será um alívio para tomar decisões.”

Zhang Li, da Asia Pacific Medical Technology Association, alerta, porém, que o sucesso da IA médica depende de resolver problemas reais — e não apenas de inovação pela inovação.

“A China tem potencial para ser um hub global nessa área, mas precisa equilibrar ambição tecnológica com resultados tangíveis”, disse. O vasto sistema público de saúde do país, que gera montanhas de dados clínicos, poderia impulsionar avanços mundiais.

Apesar do otimismo, Zhang reforça que a IA médica ainda está engatinhando e exige cautela: “Avaliações rigorosas são essenciais”. Enquanto isso, a equipe de Tsinghua já recebeu propostas de cooperação do Oriente Médio, Sudeste Asiático e países ocidentais para desenvolver módulos específicos.

Liu Yang garante que todas as parcerias seguirão as leis chinesas de soberania de dados, com informações anonimizadas e armazenadas localmente.

Neste ano, as ferramentas de diagnóstico chegarão primeiro a hospitais urbanos; clínicas rurais terão acesso via telemedicina. Com a expansão do 5G na China, Liu imagina um futuro onde “consultar um médico será tão fácil quanto ver a previsão do tempo”.

Mas ele faz questão de reforçar: “A IA não veio para substituir ninguém. Queremos mostrar como a tecnologia pode multiplicar recursos escassos — não só no Ocidente, mas em países em desenvolvimento — para democratizar a saúde globalmente.”

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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