Humankind segue a ambição de ser o sucesso do Civilization, desde que foi anunciado. Querendo ou não, os jogadores instantaneamente comparam o game com o do saga Sid Meier. Com razão, já que Civilization até então detém o posto de mais popular game de estratégia 4X do mercado – após tantas sequências desde seu lançamento original, em 1991.

Sou suspeito para falar sobre jogos do gênero, pois desde Civilization 2, de 1996, tenho um apreço inestimável pela série. Isso porque o game não só serviu como entretenimento, mas também ajudou a formar a pessoa que sou e inclusive me ajudou na escola.

Você pode ler mais sobre isso neste artigo.

É inegável o quanto aprendi sobre história, humanidade, eventos, fatos e civilização com o game. E quando Humankind chegou, com certeza eu me senti interessado. Afinal, finalmente há a oportunidade de experienciar algo um tanto diferente, mas com a mesma pegada.

Mas e aí, será que virou? Será que Humankind realmente é a evolução de Civ? Bem, vamos discorrer um pouco sobre isso.

Humankind | Review: Um Civilization diferentão

Uma jogabilidade diferenciada, e bem vinda

Apesar das aparências, este game é um tanto único. Ou seja, tem uma jogabilidade diferente do seu concorrente direto. Aqui, você começa a jogar com um líder meio genérico. Ou seja, você cria um personagem que não representa um império específico, e pode até inserir traços parecidos com os seus.

À medida que o jogo avança, a ideia é que você selecione o tipo de cultura que sua nação vai seguir. Se terá elementos culturais vikings, egípcios, japoneses ou até brasileiros, por exemplo.

Como o jogo funciona a base de conquistas e eras, a cada era cultural você pode evoluir o seu império para seguir determinados bônus culturais. E cada um deles oferece diferentes tipos de escolhas que podem beneficiar sua economia, área militar, cultura e ciência, por exemplo.

Isso é muito bem-vindo, pois nos dá um vislumbre de como as culturas podem colidir uma com a outra e, finalmente, agregarem entre si. Mais como acontece no mundo real.

O jogo começa com uma tribo nômade, onde você explora e caça animais pelo mapa ou colhe recursos. Seleciona onde quer instalar sua capital e depois funda alguns postos avançados. Desenvolve eles aos poucos para depois, se quiser, anexá-los às cidades. Ou transformá-los em novas cidades.

Em meio a esses desenvolvimentos, surgem algumas decisões que podem oferecer bônus, e que podem mudar como a religião ou cultura do seu povo evolui. São alguns cívicos e decisões baseadas em como lidar com religião, exércitos, ciência e comércio basicamente.

Quando o jogo caminha para a metade e mais para o fim, assim como outros games do gênero, a coisa fica um pouco menos empolgante, e foca mais no desenvolvimento “morno”. Ou seja, você só fica incumbido de realizar microgerenciamentos no seu império e progredir, selecionando o que construir, como prosperar, ou o que pesquisar.

Combates táticos, mas muito demorados

Há um grande foco nos combates. Você pode entrar em embates em diversos momentos do game e em locais neutros do mapa, por exemplo, para dominar territórios ou simplesmente entrar em guerra com outras nações.

Uma diferença deste jogo é que diferente dos outros do gênero, temos aqui um combate tático. Ou seja, algo parecido com jogos como X-COM mas algo muito mais simplificado. O problema é que essas batalhas levam muito tempo para serem concluídas. Com o tempo, você se vê entediado e nem quer mais participar dessas lutas. Simplesmente clica no botão de resolver sozinho, como em qualquer outro game 4X.

Os problemas de sempre: a IA um tanto irritante

Assim como em outros jogos do tipo, Humankind sofre com uma inteligência artificial mediana. Ou seja, não temos respostas interessantes por parte da IA.

Em diferentes partidas que experimentamos, vimos tanto personagens controlados pelo computador extremamente agressivos e expansivos, assim como outros que são mais pacíficos.

É 8 ou 80. Ou eles querem te ferrar de todas as maneiras possíveis, ou simplesmente não estão nem aí para você. O que torna a coisa um pouco irritante em alguns momentos. Especialmente quando você pega o jeito e entende como cada um funciona. E sabe exatamente o que pode ser certo e o que não pode dar certo.

Isso entre acordos comerciais, diplomacia, etc. Parece ser um lance comum nos jogos 4X, mesmo porque construir uma IA para jogos do gênero parece ser um desafio bem grande, levando em conta a quantidade de microgerenciamento e decisões que um ser humano normal pode fazer durante uma partida.

Humankind | Review: Um Civilization diferentão

Conclusão: Assim como um império, altos e baixos

Humanking é um jogo com altos e baixos. Para quem é fã de longa data do gênero, vai encontrar mecânicas novas e uma nova maneira de jogar, que pode ser muito bem-vinda. Renova o que estamos acostumados a ver.

Porém, para novos jogadores, a coisa pode parecer um pouco entediante. Em especial pela IA que atrapalha bastante o progresso e também pela confusão que ocorre entre as muitos (mais de 60) culturas que vão mudando durante o jogo ou a interface – que pode muitas vezes mais atrapalhar o jogador do que ajudar.

Muitas vezes não há informação muito clara de onde podemos explorar, dominar, conquistar. E o zoom out transforma tudo em separação de cores, sem qualquer detalhe. Você aproxima, vê muitos detalhes, dá zoom out, vê poucos detalhes. Não há um meio termo.

A jogabilidade em geral funciona como uma mistura entre Old World e Civilization. Agrada bastante no começo. E você pode ficar empolgado durante as primeiras partidas. Mas logo que entende como tudo funciona, há menos empolgação em iniciar uma nova jornada. E isso é um problema um tanto grave para um jogo do gênero 4X.

De qualquer forma, a Amplitude Studios parece focar no feedback dos jogadores e aprimorar o game cada vez mais – o que pode aprimorar alguns elementos irritantes com o tempo.

Para quem estava cansado de jogar Civilization, é uma boa alternativa. Durável durante muitas horas. E certamente bonito graficamente, na parte sonora e na ideia geral de como apresentar elementos históricos e culturas.

Veja mais reviews de games.

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