Depois da aclamada primeira temporada de Hunters, Jordan Peele e sua equipe decidiram retornar para um segundo ano e mostrar a sequência das aventuras de Jonah contra os nazistas. Porém, ao contrário da primeira que tinha muita pauta no humor e nas grandes reviravoltas do roteiro, esta segue mais contida – porém, não menos impactante.
O foco do novo arco é a caçada do grupo ao líder do grande vilão de diversas histórias e da Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler. Descobrindo que ele ainda segue vivo e escondido em algum canto do planeta, eles se reúnem novamente após dois anos do que tivemos no arco anterior.
Entre a profundidade finalmente oferecida a alguns personagens, ao retorno desnecessário de Al Pacino e a mudança para o drama, ela se torna ainda mais divisória para o público que acompanha. Apenas ao assistir, consegui reparar diversos pontos onde ela empolga, assim como outros que tornam as coisas questionáveis e as escolhas da produção um tanto mais “danosas” ao show.
Os problemas de Hunters
Primeiro, vamos falar da maior polêmica que Hunters carrega: o retorno de Al Pacino. Perdão para quem está vendo por aqui o spoiler, mas o personagem dele morre no fim da primeira temporada por conta de seu disfarce. Mostrando que ele era um nazista, sua trama chegou ao fim mostrando que ninguém será salvo, por mais que haja ligações emocionais com os demais personagens.
Só que trazê-lo de volta via flashback, adicionando camadas para a nova informação de que ele agia disfarçadamente, se torna o verdadeiro tiro no pé do seriado. Primeiro, por tentar aplicar o conceito de empatia com o personagem, que cometeu diversos crimes contra a humanidade e ainda tenta enganar os demais heróis com sua empreitada. Segundo, por quebrar totalmente o ritmo dos episódios fazendo o espectador viajar entre o passado e presente de forma irregular. E pior, sem muito sentido.
Alguns podem até argumentar que a nova informação apresentado nestes flashbacks pode mover os protagonistas para a provável terceira temporada, porém isso tinha diversas outras formas de surgir. A própria série também sabe disso, já que trouxe isso à história atual nas mãos de Jonah sem a necessidade de todo o restante.
Já falar de Hunters, no geral, traz o grande retorno da ação e da caçada gloriosa aos nazistas. Entre hotéis europeus, perseguições nas ruas latinas, tiroteios em túneis fechados e diversas outras cenas que se tornarão marcantes para os fãs que assistirem. Ainda assim, com o foco no drama, outros pontos ficarão em primeiro plano que também impactarão qualquer um que for pego desavisado.
Em particular, o episódio 7 começa e chega próximo ao fim parecendo que estamos vendo uma grande história paralela aos eventos do seriado. Porém, não se engane, ela está profundamente interligada ao roteiro e vale a pena sim. Como é possível a Prime Video consegue usar na mesma produção os flashbacks de forma tão espetacular e pecar tanto neste mesmo formato? É algo que vou me questionar por um bom tempo.
Há pontos positivos que salvam
Sendo muito sincero com vocês, no geral eu gostei do que vi na segunda temporada. O foco saiu um pouco de Jonah e passou para Lonny Flash, Roxy, Joe, Milly e até mesmo Harriet ganhou momentos para brilhar, tornando a experiência bem mais ampla neste quesito. Ver as dúvidas, questionamentos e discussões que eles entram é muito mais prazeroso do que enxergar os estereótipos vazios que eles se encontravam no ano anterior.
Outra grandiosa adição é Chava, qual vou poupar os spoilers desta vez. Ela fará parte integral do roteiro, liderando um segundo time de caçadores em Hunters e interagindo bastante com o grupo principal. E não posso deixar de citar Clara, interpretada por Emily Rudd, que também trouxe outra forma de enxergar todo o processo que o protagonista se afundou entre as temporadas. A atuação de todos está espetacular e vale a pena pela evolução clara que tomou.
Por fim, acredito que jogaram muito mais no seguro nesta, porém ainda senti falta do humor canastrão que tinha antes. Aqueles comerciais aleatórios, que davam uma sensação de profundidade à época, também foram extintos e, para mim, tirou parte do que me fez gostar tanto da série no passado. Cuidado, não que isso seja totalmente ruim, mas fugiu bastante do que eu tinha de expectativa.
O fim também abre uma brecha gigantesca para uma discussão que está nos holofotes de nossa sociedade, como o nazismo e seus ideais em alta, seguidos por parte da população mundial. Hunters quase colocou os pés pelas mãos neste sentido, dando voz a uma figura extremamente contraditória, mas conseguiu impedir uma tragédia que ela mesma causaria. Dizem que não se dá para fazer omelete sem quebrar os ovos, porém não podemos botar fogo na cozinha inteira apenas para produzir um lanche – não é mesmo?
De qualquer modo, se você assistiu a primeira temporada, também vai desejar ver essa segunda para acompanhar as aventuras e crescimento destes personagens. Recomendo bastante, não apenas por contarem parte da história judia e da Alemanha na Segunda Guerra, mas por mostrar que ás vezes devemos sim enfrentar de frente nossos piores “demônios” para vivermos em paz no futuro (não leia isso como pegar uma arma e sair matando os outros, por favor. A mensagem é apenas não se conformar com as atrocidades que vivemos – vamos com calma nisso aí).
Hunters está com todos os episódios da segunda temporada disponíveis na Amazon Prime Video. Veja mais em Críticas de Séries!
A presença de Al Pacino pode ser tudo menos desnecessária