Restos de comida como cascas de banana, borra de café e aparas de legumes costumam acabar no lixo ou, na melhor das hipóteses, na composteira. Mas um novo projeto desenvolvido por duas graduadas do MIT quer dar um destino bem mais criativo para essas sobras. A FOODres AI é uma impressora 3D que transforma resíduos orgânicos em itens funcionais dentro da própria cozinha, como porta-copos, bandejas ou objetos decorativos.
As criadoras da ideia são Yiqing Wang e Biru Cao, ambas com formação em arquitetura e design no MIT, que lançaram o projeto através do programa de inovação social IDEAS, da universidade. Elas se impressionaram ao descobrir que cerca de 40 a 50% do alimento comprado pelas famílias americanas acaba sendo desperdiçado. “Vimos nisso uma chance de mudar a forma como as pessoas lidam com as sobras de comida”, diz Wang. “Queremos que esses restos deixem de ser lixo e passem a ter valor.” A solução une inteligência artificial, impressão 3D e um aplicativo simples que permite usar o sistema sem conhecimento técnico.

O funcionamento é direto: basta inserir os restos de comida na impressora. Um aplicativo no celular, conectado ao aparelho, escaneia os resíduos usando a câmera e, com a ajuda de IA, identifica o material e suas propriedades. O sistema então sugere “receitas de impressão” baseadas no que foi coletado. “A IA faz o trabalho pesado”, explica Cao. “Ela analisa os restos e calcula como processá-los para que possam ser impressos.” O usuário escolhe um item de uma biblioteca de designs ou pode criar o seu próprio, definindo o tamanho e o formato.
Dentro da FOODres.AI, um sistema especial de extrusão em três eixos transforma os resíduos em uma pasta bioplástica feita inteiramente com lixo orgânico. Esse material é depositado camada por camada, formando o objeto escolhido. O processo é todo automatizado, do preparo à impressão, sem necessidade de ajustes ou técnicas avançadas. O resultado pode ser, por exemplo, um porta-copos feito da borra de café de ontem ou uma bandeja feita de folhas de espinafre murchas.

A proposta, segundo Wang e Cao, é criar pequenas economias circulares dentro de casa, reutilizando o que seria jogado fora e reduzindo a necessidade de matéria-prima nova. Num país como os Estados Unidos, onde até metade do lixo orgânico doméstico vem de desperdício de comida, o impacto é promissor. “Não estamos só criando objetos, estamos incentivando as pessoas a enxergar o lixo como um recurso”, afirma Wang. Compacta e fácil de usar, a FOODres.AI representa um passo simples e prático para um consumo mais sustentável no dia a dia.
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