Vou te colocar num Vórtice da Perspectiva Total por alguns parágrafos e apresentar as coisas como Carl Sagan (e Neil deGrasse posteriormente) me apresentaram:
Você mora numa cidade, dentro de um país, dentro de um continente, dentro da Terra. Terra, a real primeira linha desse endereço. Para as bilhões de estrelas no universo, o seu CEP não importa nem um pouco.
Terra, também o terceiro planeta a partir do Sol dentro do nosso sistema solar. Sistema esse que, contrariando muitas memórias que tenho das aulas de Ciências, não é a nossa galáxia inteira. O sistema solar é uma pequena aglomeração de rochas em órbita dentro do braço de Órion, este sim parte da espiral de estrelas, planetas e sistemas que é a Via Láctea.
A Via Láctea em si é uma galáxia localizada dentro do que chamamos de Grupo Local, basicamente uma pequena aglomeração de galáxias dentro da qual, para fugir um pouco ao padrão de miudeza, nossa galáxia é a maior (acompanhada pela comadre Andromeda). Este grupinho camarada de galáxias fica nos limites de uma aglomeração bastante megalomaníaca, o cluster de Virgem, composto de umas mil galáxias mais ou menos.
Para uma pequena noção de proporções, um cluster como esse tem alguns milhões de anos-luz de extensão. Não vale mais a pena comparar com o tamanho desse pedacinho de pedra sobre o qual andamos.
Na maior disputa de “o meu é maior que o seu” já registrada na nossa vizinhança, o cluster de Virgem fica dentro de uma aglomeração ainda maior de clusters, o não coincidentemente chamado supercluster de Virgem. Os superclusters chegam a centenas de milhões de anos-luz de extensão.
Tudo isso – e não é lá tão pouco – forma o que nós chamamos de Universo Observável. Além dele existe um infinito de pontos de interrogação que não sabemos se:
- existem;
- o que são;
- se um dia os veremos.
Terra < Sistema Solar < Órion < Via Láctea < Grupo Local < Cluster de Virgem < Supercluster de Virgem < Universo Observável < todo o resto que provavelmente nunca veremos.
Existem teorias de que o universo está se expandindo, e provavelmente o que não é observável hoje não se tornaria observável nunca, por estar se afastando cada vez mais em direção ao vácuo além do limiar observável.
Não importa quanta informação nós possamos adquirir sobre o que tem lá fora. Grande parte dela nunca será descoberta.
Por conta das leis da física que regem a emissão de luz e a velocidade com que os raios se propagam, as imagens que conseguimos distinguir dos cantos mais longínquos do universo datam de centenas de milhões ou mesmo bilhões de anos atrás.
Podemos estar vendo estrelas que existiram antes da Terra sequer se formar, e hoje já sumiram. E até que fôssemos avançados o suficiente para chegar até as estrelas que vemos hoje, elas bem poderiam ter mudado de lugar e não seriam mais alcançáveis.
Autor: Maíra Testa
Mto bom texto, faça mais desses!
Gostei!