No início de setembro deste ano, o artista de rua francês JR elaborou uma instalação artística entre a fronteira que separa os Estados Unidos e México.
Todo ano, aproximadamente 10 milhões de pessoas atravessam legalmente a fronteira que se estende a 3.144 km, criada em 1994 pelo presidente Bill Clinton.
Com o objetivo de impedir a entrada de imigrantes ilegais e reduzir o transporte de drogas fabricadas na America Latina, não obteve tanto sucesso, pois um estudo financiado pelo Departamento de Defesa dos EUA apontou que o uso de forças armadas para controlar o fluxo de drogas que entra e sai da fronteira teve pouco ou quase nenhum efeito no tráfico. Ainda se estima que desde o ano 2000 a fronteira já deixou mais de 6 mil mortos.
Donald Trump deseja construir um novo muro de concreto entre a fronteira porque “uma nação sem fronteiras não é uma nação”, e enquanto isso já deportou milhares de imigrantes.
Dados apontam que isso apenas contribui para a segregação, xenofobia e a crise de refugiados, a qual é resultado do imperialismo e capitalismo irracional dos sistemas de estado-nação.
É justamente para chamar a atenção das pessoas sobre o outro lado do muro que JR produziu sua instalação entre os dois países.
Localizada entre a cidade mexicana de Tacate, cerca de uma hora de San Diego, a obra mostra uma criança chamada Kikito olhando sobre as grades, a qual ele conheceu enquanto explorava a região para encontrar o local adequado para a instalação.
“Quando Trump começou a falar sobre um muro ao longo da fronteira mexicana, um dia acordei e vi uma criança olhando sobre a cerca. Eu pensei, o que esta criança está pensando? O que qualquer criança pensaria? Sabemos que uma criança de 1 ano não tem visão política, nem qualquer ponto de vista político. Ela não vê muros quando os vemos.” diz JR.
Durante cinco meses, JR bateu de porta em porta perguntando para os moradores sobre o quão acessível era a cerca, e foi assim que conheceu a família de Kikito.
O artista publicou a primeira foto da instalação e, de repente, se transformou em um local de peregrinação, onde as pessoas de ambos os lados se reuniram, confraternizaram, se misturaram, fizeram fotos e quebraram fronteiras.
Para finalizar a instalação, JR e o curador Pedro Alonzo realizaram um piquenique. Em 8 de outubro, uma grande mesa de madeira com dois olhos pintados se estendeu entre as cercas dos Estados Unidos e México.
À medida que as pessoas se reuniam para a confraternização, uma banda tocava música. Pessoas em solo americano e em solo mexicano dançaram a mesma música.
O fim da instalação foi adequado ao objetivo de JR de transformar um lugar esquecido em ponto de discussão.
A presença de Kikito sobre a cerca adicionou um toque de humanidade no debate da imigração, pedindo que as pessoas se envolvessem de uma maneira que não teriam feito em outra circunstância.
Instalação artística quebra fronteira entre Estados Unidos e México
Acesse o site oficial do JR.