James Gunn não mediu palavras ao apontar o que, na visão dele, está matando Hollywood. Em uma entrevista recente à Rolling Stone, o atual chefão da DC Studios deixou claro que o problema não é que as pessoas tenham perdido o interesse por filmes.
Nem que as TVs de casa estejam tão boas que o público não queira mais ir ao cinema. Segundo ele, o maior culpado é bem mais básico: tem muita gente produzindo filme sem ter um roteiro finalizado.
“Eu realmente acredito que a indústria do cinema está morrendo, e não é porque as pessoas não querem mais ver filmes. Não é culpa das telas gigantes em casa. O motivo número um é que estão fazendo filmes sem um roteiro fechado”, disparou Gunn.
Por mais absurdo que isso pareça, essa prática se tornou quase padrão nos últimos anos, especialmente nos blockbusters.
Estúdios dão sinal verde e começam produções enormes sem nem ter a história 100% pronta. Mas Gunn, que além de dirigir o novo Superman também comanda todo o novo universo da DC ao lado de Peter Safran, deixou claro que não joga esse jogo.
Ele contou, sem rodeios, que recentemente a DC simplesmente cancelou um projeto porque o roteiro não chegava no nível que precisava.
“Todo mundo queria fazer o filme. Tava aprovado, pronto pra começar. Só que o roteiro não tava bom. E eu não vou fazer um filme se o roteiro não for bom”, explicou.
A decisão não foi porque ele não acreditava no projeto, mas porque ele não estava pronto, algo raro dentro de um sistema que geralmente prioriza cronogramas e prazos mais do que boas histórias.
Por enquanto, Gunn diz que a DC tem dado sorte, ou talvez tenha sido inteligente nas escolhas, porque os roteiros que chegaram até agora estão, nas palavras dele, simplesmente “f***”.
“O roteiro de Supergirl chegou perfeito desde o começo. Lanterns, mesma coisa. E Clayface, também. Então, de alguma forma, demos sorte, ou fomos sábios, ou talvez os dois”, comentou.
Ele também revelou algo incomum em Hollywood hoje: não há uma pressão da Warner Bros. Discovery para lançar um número fixo de filmes ou séries da DC só pra bater meta financeira. Esse espaço criativo, segundo ele, faz toda a diferença, e ele sabe o quão raro isso é dentro de um estúdio gigante.
Com tantos blockbusters recentes fracassando e o público cada vez mais exigente, a postura de Gunn soa quase como um grito de bom senso que há anos muita gente esperava ouvir de dentro da indústria.
Enquanto outros estúdios continuam correndo atrás de criar universos cinematográficos sem nem começar pela base, Gunn defende uma ideia bem simples, que parece ter sido esquecida por Hollywood: talvez seja melhor começar com um roteiro decente.
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