Em uma equipe formada sobretudo por homens, Katie Bouman se destacou liderando o desenvolvimento de um algoritmo que tornou a primeira imagem de um buraco negro possível.  

Buracos negros são tecnicamente invisíveis, uma vez que eles criam um campo gravitacional tão forte que nada consegue escapar dali, nem mesmo partículas de luz. Devido a tais dificuldades, a imagem é um marco histórico para a ciência.

A jovem de 29 anos é formada em Ciências da Computação no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e, há 6 anos, quando entrou para a equipe do projeto Event Horizon, rede global de telescópios que registrou a imagem, ela nunca havia trabalhado com buracos negros.

O projeto coletou milhões de gigabytes de dados visuais do buraco negro a partir de uma técnica chamada interferometria. Alguns dados adicionais eram necessários para que a imagem “ganhasse vida”, e o algoritmo de Katie foi fundamental neste processo.

“Nenhum de nós poderia ter feito isso sozinho. Aconteceu por causa de muitas pessoas diferentes de origens variadas”, ela diz.

Os algoritmos de imagem, incluindo o dela, foram usados para criar três pipelines de código e compor a imagem. Muitos dispositivos de armazenamento foram necessários para guardar todos esses dados astronômicos.

A foto que circula pela internet mostra Katie ao lado dos discos rígidos que continham as informações que seu algoritmo conseguiu. Inevitavelmente foi comparada com a imagem icônica de Margaret Hamilton, também formada no MIT, ao lado dos códigos que escreveu para desenvolver o programa de voo do projeto Apollo 11: que levou Louis Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins à Lua.

Katie também publicou uma foto em seus perfis das redes sociais que registra sua reação quando viu a imagem que seu algoritmo ajudou a criar. Isso aconteceu em junho do ano passado, e desde então ela manteve o projeto em segredo.

Katie Bouman: a cientista que "fotografou" o invisível

“Todos nós assistimos as imagens aparecerem em nossos computadores”, compartilha. “O anel [do buraco negro]  apareceu tão facilmente. Foi inacreditável”. 

Além de Katie, outras mulheres também fazem parte da equipe, embora apenas homens estivessem presentes no palco durante o anúncio oficial da imagem.

O sucesso de Katie vem acompanhado de um incentivo para que cada vez mais mulheres ocupem os espaços nas chamadas STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).

“Como podemos envolver mais mulheres?”, ela questiona. “Uma chave é mostrar que, quando você entra em campos como ciência da computação e engenharia, não é apenas sentar em um laboratório, montar um circuito ou digitar em seu computador.”

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