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Loki – T2xE1 | Crítica: O deus da confusão

Apesar de Loki não ser a primeira série da Marvel Studios, ela foi a única – ao menos até o momento em que escrevo este texto – produzida por eles que recebeu uma segunda temporada. Isso cria um misto de estar explorando uma área que nem Kevin Feige e sua equipe ou nós pisamos anteriormente. E isso pode ou não funcionar bem, já que este seriado é muito importante para nos trazer o Multiverso de forma didática e que impacte.

Pois bem, o episósio 1 já começa exatamente de onde a produção anterior parou e nos apresenta ainda mais problemáticas em torno do deus da trapaça. Agora, o anti-herói não consegue se estabelecer em uma linha do tempo específica e Mobius terá de ajudá-lo a parar de viajar entre as diferentes épocas de forma compulsória. Para isso, ambos contam com o apoio de Ouroboros – alguém que parece estar fora do “campo de ação” d’Aquele que Permanece e da Miss Minutes.

O capítulo em si tem uma dinâmica um pouco confusa, mas buscarei ajudá-los da melhor forma possível para que todos continuem acompanhando mais esta produção. Gerando mais perguntas do que respostas, no entanto, não é algo que devia ser tão comum e a Marvel Studios abusa um pouco disso neste momento.

O trabalho de Loki

O dilema entre Ouroboros, Mobius e Loki é estabelecer o deus da trapaça em apenas uma linha do tempo – ao invés de estar se teleportando para várias e de forma aleatória. Para isso, uma grande missão começa e ela envolve muitos riscos e nem mesmo um asgardiano sairia ileso dessa situação – caso o pior ocorresse. É a partir disso que começam a surgir diversas questões e nenhuma resposta, ao menos não em plena vista dos demais.

Podemos começar no próprio caos na TVA, com a apresentação de novos personagens correndo em paralelo ao aprofundamento daqueles que vimos na temporada anterior. Casey, B-15 e o próprio Mobius tentam compreender o que acontece ao redor deles enquanto algumas autoridades da organização começam a se mover após a saída de Renslayer. O Caçador X-05 e a General Dox não os novatos que receberam muito destaque e acredito que eles agirão como antagonistas em algum momento, considerando seu ponto de vista e ações durante a trama.

No entanto, trazê-los em meio ao caos é uma faca de dois gumes. Como espectador, eu fiquei curioso com as suas atitudes e estilo – ao mesmo tempo que fiquei um pouco confuso em seus diálogos e motivações. Ao que parece, são apenas personagens que não aceitam que Aquele que Permanece estava por trás de tudo e que todos eles são variantes de outros seres humanos. Me parece tocar um pouco na questão das crenças e fé cega, mas também me soou que ambos tem algum objetivo por trás.

Ouroboros surge como um novo aliado

As viagens entre o passado, presente e até o futuro foram bem interessantes em Loki, revelando alguns detalhes que devem passar batido aos mais desatentes. O que mais impacta é ver como eram as coisas no passado, quando Aquele que Permanece / Kang dominava o local com suas próprias mãos. Um áudio dele com Renslayer também expõe bastante do que esperar da personagem quando voltar a aparecer. Porém, é no futuro que as coisas ficam caóticas – para dizer o mínimo.

Com a TVA totalmente vazia, o anti-herói caminha em direção a um telefone que toca e Sylvie aparece ao abrir a porta de um elevador com as suas próprias mãos. O que ela estava fazendo por lá, quem era na ligação e o que houve na organização para ela estar totalmente vazia e sem energia são respostas que acredito que verei durante a temporada 2. Para ser honesto, gostei de como apelaram para a curiosidade, mas senti que tentaram injetar coisas demais para o público absorver.

A participação de Sylvie é, no mínimo, curiosa

A sagrada linha do tempo

Apesar do retorno de Loki e Mobius ser um dos pontos mais esperados, não teve jeito e o Ouroboros de Ke Huy Quan rouba completamente as cenas que participa. O astro, que também estrelou Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, é ultra carismático e contracena com Tom Hiddleston uma das melhores cenas e direção que eu vi neste primeiro capítulo. Um diálogo cortado entre passado e presente que se entrelaçam foi bem construído e mostra o que o público pode esperar do caos que estão formando.

Porém, a minha principal questão e aquilo que sequer rasparam em alguma explicação é sobre a “linha do tempo”. Vimos no fim da Temporada 1 ela se ramificando. Isso abriu espaço para Multiverso da Loucura e Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. Várias já passaram da marcação vermelha, o que indica um grande risco. Até aí, zero novidade. Porém, aos que se atentarem bem, em determinado ponto surgirá um “funil” ou um “tubo” que interligará todas elas em uma só novamente. Não é como antes, com uma solitária. Porém, são várias, entrelaçadas, seguindo como uma.

O mais novo #TeamLoki

Não tenho como saber ou dizer que Loki causará isso, ou se é um “spoiler” já do que veremos em Guerras Secretas – que pode trazer o mesmo que vimos nas HQs, misturando algumas realidades em uma só e seguindo em frente com as histórias centralizadas. Porém, nem mesmo os personagens que estavam vendo aquilo pessoalmente questionaram isto ao entrar em seu campo de vista, então fiquei sem entender se eles também compreenderam o que viram ou se passou batido pelo roteiro.

Tirando alguns elementos de cena – como o citado acima – e a entrada de Dox e do X-05 na trama, eu acredito que o restante do episódio resumiu bem o estrondo que a série causou no passado e mostra que continua firme e forte para contar uma nova história. Direção, atuação, o senso de risco daquilo que foi provocado no arco anterior e até mesmo a curta participação de Sophia Di Martino empolgam e faz parecer que foi “ontem” que vi o último capítulo dela.

Isso sem contar com uma presença mais ameaçadora de Kang na trama, algo que não senti sequer em Homem-Formiga & Vespa: Quantumania. Estão preparando o terreno, construindo a sua imagem, para posteriormente impactarem o público com uma chegada que pode representar justamente a ponte entre o seriado e o atual MCU. Neste primeiro momento, estes elementos dão mais hype do que geram uma sensação negativa – porém, acredito que seja um ponto onde a Marvel Studios deveria nos trazer algumas respostas ao invés de criar mais mistério em torno daquilo que estão construindo.

Loki está sendo exibido na Disney+ todas as quintas-feiras, a partir das 22h (horário de Brasília). Veja mais em Críticas de Séries!

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